Milly Lacombe: Sete lições que podemos tirar do 1º turno das eleições
Tempo de leitura: 2 minSete lições que podemos tirar do primeiro turno das eleições
As urnas falaram nesse dois de outubro.
Alguns recados precisam de análise mais depurada, mas há recados claros e diretos.
1. O PSDB acabou. Rodrigo Garcia não vai para o segundo turno no estado de São Paulo e, no Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ao que tudo indica com 90% das urnas apuradas, vai disputar um segundo turno estando muito enfraquecido porque, por pouco, não acabou em terceiro.
Onyx Lorenzoni, bolsonarista, apareceu em primeiro. Eduardo Leite é a única esperança de o PSDB se manter respirando por aparelhos. Caso ele fracasse, o PSDB não terá nenhum governo para chamar de seu. Agradecimentos pelo fim do PSDB podem ser endereçados diretamente à mansão de João Doria nos Jardins, em São Paulo.
2. Ciro Gomes, em sua acentuada curva para a direita, entregou votos úteis a Bolsonaro e ajudou a promover o segundo turno entre Lula e o atual mandatário. Se Ciro tivesse agido decentemente, como um democrata, Lula talvez levasse no primeiro turno.
3. O fascismo é uma pedra fundamental da sociedade brasileira. Mesmo diante de todo o horror promovido por Bolsonaro durante esses quatro anos, incluindo-se o que ele fez na pandemia, a volta da fome, o desemprego absurdo, a miséria generalizada, a utilização de um slogan fascista, o amor declarado pela tortura, elogios ao estupro etc, Bolsonaro teve 40 milhões de votos.
Contra essa realidade, o partido que conseguiu se mobilizar para formar uma frente ampla é aquele que disseram que tinha morrido em 2018: o PT.
As urnas em 2022 mostram a força do PT, indicam como sua capilaridade poderá nos ajudar e reforçam que cinco milhões de votos a mais do que o partido da situação é, nesse contexto, muita coisa.
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Isso dito, vale lembrar que nem todos os eleitores de Bolsonaro são fascistas, por certo, mas o núcleo duro dessa vibração bolsonarista é o fascismo.
A história explica. Fomos o país com mais sedes do partido nazista depois da Alemanha durante os anos 30 e 40. O partido integralista brasileiro, mesmo depois da Guerra, tinha milhões de adeptos.
4. O Bolsonarismo criou raízes profundas em nossa sociedade. Se Lula ganhar o segundo turno, terá contra ele um parlamento altamente conservador e reacionário, disposto a tudo para travar a governança.
5. O resultado foi desanimador para quem achava que se livraria de Bolsonaro de imediato. Mas foi infinitamente mais desanimador para quem acreditou que em 2023 o bolsonarismo começaria a morrer.
6. Outubro vai ser um mês difícil, violento, tenso, angustiante.
7. Tem luta. Sempre tem. Porque não lutamos para ganhar. Lutamos para existir e respirar.
*Milly Lacombe, 53, é jornalista, roteirista e escritora. Cronista com coluna nas revistas Trip e Tpm, é autora de cinco livros, entre eles o romance O Ano em Que Morri em Nova York. Acredita em Proust, Machado, Eça, Clarice, Baldwin, Lorde e em longos cafés-da-manhã. Como Nelson Rodrigues acha que o sábado é uma ilusão e, como Camus, que o futebol ensina quase tudo sobre a vida.
Comentários
Zé Maria
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Espera-se que o LULA e o PT Gaúcho, numa possível Composição com Leite,
ponha na Mesa de Negociação a Condição de Não Privatização da CORSAN, a
Companhia Riograndense de Saneamento, Empresa de Tratamento de Água,
totalmente Pública, que é um Legítimo Patrimônio do Povo Gaúcho.
Sabe-se que a Entrega da CORSAN, bem como do Banrisul, ao Setor Privado
foi uma Imposição de Guedes/Bolsonaro para a Renegociação da Dívida do
Estado do Rio Grande do Sul com a União Federal.
Há todas as Possibilidades de se fazer um Acordo Racional Ultrapartidário.
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