Brasileiros têm endividamento e inadimplência recordes: “A maioria não tem culpa”, afirma Regina Camargos; vídeo
Tempo de leitura: 2 minPor Conceição Lemes
Quem nunca perdeu noites do sono por causa de contas a pagar, multas e juros?
Apostamos que quase todo mundo.
O problema é quando a dificuldade se torna recorrente e afeta muita gente, muita gente mesmo.
É o que está acontecendo no Brasil.
Entre as famílias brasileiras, o endividamento e a inadimplência (dívidas atrasadas) estão batendo recordes em cima de recordes, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)
Julho de 2022: 78% das famílias brasileiras estavam endividadas. Maior índice registrado nos últimos 12 anos.
Agosto de 2022: a proporção das famílias endividadas subiu um ponto, chegando a 79%. Novo recorde.
Julho de 2022: 29% das famílias brasileiras relataram ter algum tipo de conta ou dívida atrasada, indicando inadimplência. Foi o maior percentual de inadimplência registrado desde 2010, quando a pesquisa começou a ser realizada pela CNC.
Agosto de 2022: inadimplência teve alta 0,6 ponto, ficando em 29,6%.
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De quem é a culpa?
Atente ao que informa a economista Regina Camargos:
— A grande mídia às vezes trata a questão como se fosse um descontrole individual, ou seja, as pessoas estão endividadas porque querem. Ou porque não têm educação financeira, portanto são pessoas descontroladas, consumistas.
— Esse é um argumento moralista, que culpa as pessoas por uma situação que não foi criada por elas.
— É óbvio que existem casos de descontrole mesmo, de pessoas que têm problemas psicológicos, como os gastadores compulsivos.
— Mas o que a maioria da população trabalhadora do país está vivendo é uma situação econômica muito, muito difícil.
— É uma situação que combina estagnação econômica, pandemia, recessão, taxas de juros elevadas, inflação.
— O endividamento, longe de ser uma questão apenas ligada a comportamentos individuais ou das famílias, diz respeito à situação econômica muito crítica que penaliza a massa trabalhadora do país.
Regina Camargos é professora da Escola Dieese de Ciências do Trabalho.
Essas informações foram expostas por Regina Camargos em entrevista à também economista Renata Belzunces, do programa Giro Sindical, que vai ao ar pela TVT.
Giro Sindical é uma parceria entre o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e o SindCT (Sindicato dos Servidores Públicos Federais da área de Ciência e Tecnologia do setor aeroespacial).
Na entrevista à Renata, Regina desmistifica os argumentos falaciosos que proliferam entre a maioria dos analistas econômicos da grande mídia, influencers e youtubers.
Ela reforça a necessidade de termos muito cuidado com o uso do crédito rotativo do cartão de crédito, cujas taxas de juros chegam a 400% ao ano.
Assista à entrevista no topo.
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