Imbrochável? ‘Discurso hipersexualizado de Bolsonaro é típico da masculinidade frágil’, diz psicanalista
Tempo de leitura: 4 minImbrochável? ‘Discurso hipersexualizado de Bolsonaro é típico da masculinidade frágil’, diz psicanalista
Por Ricardo Senra, em BBC News Brasil
“Imbrochável, imbrochável, imbrochável, imbrochável, imbrochável.”
Em discurso na Esplanada dos Ministérios durante a celebração do 7 de Setembro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) repetiu cinco vezes o termo “imbrochável”, palavra que não está no dicionário, mas indicaria suposta potência sexual inabalável.
Não é a primeira vez.
“Tenho certeza, eu sou ‘imbrochável’, não vou sair de combate”, disse, em maio de 2018, o então pré-candidato em discurso na Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern).
Em setembro de 2019, já presidente, Bolsonaro surpreendeu simpatizantes na entrada do Palácio da Alvorada com o termo: “Eu sou imbrochável”, disse, simplesmente.
Corta para fevereiro de 2020. “Não estou preocupado com reeleição”, falou Bolsonaro. “Não vou brochar para atender vocês (jornalistas) pensando em reeleição. Eu sou imbrochável.”
Agosto de 2020: “Com todo respeito, na política, eu sou imbrochável”.
Em maio de 2021, ele foi além: “Fique tranquilo. Já falei que sou imorrível, imbrochável e também sou incomível”.
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Em 31 de agosto de 2021, na saída do palácio, Bolsonaro mostrou uma medalha prateada para as câmeras. Junto à sua foto, lia-se a frase: “Clube Bolsonaro – Imorrível, imbrochável e incomível”.
“Minha mulher não pode ver isso, não. Essa medalha não é qualquer um que tem, não, pô”, afirmou.
Mas por que o presidente da República que mais apostou na retórica religiosa e conservadora desde a redemocratização brasileira insiste tanto em se promover sexualmente?
‘Hipocrisia à brasileira’
O psicanalista Christian Dunker, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e vencedor do prêmio Jabuti de 2021, tem suas interpretações.
“Uma característica inovadora do discurso do presidente é que ele usa alternadamente uma retórica do respeito à família, à moral e aos bons costumes, e uma retórica libidinal, do palavreado chulo, da linguagem privada em espaço público.”
Dunker diz que Bolsonaro inova ao trazer à política “uma característica curiosa da cultura brasileira: essa dupla moral, essa hipocrisia assumida publicamente”.
Um ditado conhecido pela maioria dos brasileiros ilustra a duplicidade citada pelo professor: “Aos amigos, tudo. Aos inimigos, nada”.
Para o psicanalista, Bolsonaro apostaria em um estilo de autoridade que tem apelo para essa “hipocrisia brasileira, sobrepondo o que é público e o que é privado”.
‘Controle da sexualidade’
O professor da USP também reflete sobre uma característica que ele aponta como comum entre “regimes ultraconservadores”: a tentativa de controlar a sexualidade das pessoas.
“A sexualidade, para as pessoas, é algo tido como dificilmente controlável. Algo que você não comanda, principalmente no campo da imaginação, do desejo sonhado, da fantasia.”
“A ‘brochada'” continua o professor, “é um desses elementos não controláveis da nossa sexualidade. Algo que o homem não domina”.
Dunker cita o psicanalista austríaco Wilhelm Reich (1897-1957).
“Para ele, os fascismos dos anos 1930 tinham a ver com a repressão sexual das pessoas. Ele pensava no operário que tinha uma vida sexual muito pouco rica, restrita por pressões e impedimentos, e dizia: ‘Essa é a presa fácil do fascista’. Ele vai receber várias mensagens políticas dizendo que essa pobreza erótica é a condição normal. E que você deve transferir a sua libido, a sua potência desejante, para aquele que vai dar proteção.”
No caso: o Estado, o líder da nação, a religião, o Exército.
Dunker cita outra postura recorrente de Bolsonaro: as falas pejorativas e ataques contra homossexuais, transexuais, e mulheres.
Em julho deste ano, em evento evangélico no Maranhão, Bolsonaro defendeu que “o Joãozinho seja o Joãozinho a vida toda”, que “a Mariazinha seja a Mariazinha a vida toda”.
Também disse que família é composta por “homem, mulher e prole”.
“A ideia de atacar, controlar e destruir sexualidades não hegemônicas, divergentes, é também uma maneira de reassegurar para as pessoas o controle daquilo que elas não conseguem controlar. É uma maneira de dizer assim: ‘Vamos oferecer uma pacificação subjetiva para vocês. Controlar as vozes de outras orientações, outros gêneros e outras possibilidades sexuais. Votem em mim para a gente resolver o problema desde fora, não de dentro'”, explica o professor.
‘Masculinidade frágil’
Dunker também aponta pontos “bem pouco originais” na narrativa de Bolsonaro.
“Há essa percepção social de que os homens brancos poderosos estão perdendo o seu lugar, que seu lugar esta ameaçado”, diz.
“Essa disponibilidade pemanente do ‘imbrochável’, esse falicismo exagerado, é um discurso de quem se sente ameaçado pelas mudanças na cultura e nos laços sociais. A reação de Bolsonaro é típica da masculinidade frágil: ele se sente atacado e responde com excesso, exagero.”
“Isso traz um efeito que vem de brinde que é cômico”, diz o professor. “Algumas pessoas de fato acreditam, mas a maior parte tem uma relação de riso com essa frase (‘sou imbrochável’). E esse riso é muito importante porque é um tipo de prazer, de satisfação.”
“O que Bolsonaro está oferecendo é um espetáculo de fazer a pessoa sentir o prazer do ‘poder ser macho de novo’. O discurso dele vende que ele vai entregar aquilo que os torna grandiosamente masculinos de novo. E que a ordem vai voltar.”
Leia também:
Eliara Santana: Machista e misógino, o presidente segue atacando as mulheres jornalistas
Comentários
Adão Silva
Não é masculinidade frágil na minha opinião, é na verdade o total desrespeito com as mulheres.
São elas que mais põem comida na mesa.
Só um vegetal não vê isso.
Edivaldo
Caro Ricardo Senra.
Me parece que o Prêmio Jabuti recebido pelo Professor Doutor Christian Ingo Lenz Dunker foi o de 2012, e não o de 2021, pelo livro: ” Estrutura e Constituição da Clinica Psicanalítica”
Fonte 01:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Christian_Dunker
Fonte 02:
https://www.premiojabuti.com.br/premiados-por-edicao/premiacao/?ano=2012
Zé Maria
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Não fosse a Imprensa-Empresa Tradicional reverberar os Discursos
do Bolsolão no DF e em SP, uns Veículos de Rádio e TV até ao Vivo,
ninguém fora da Redoma Bolsonarista ouviria essa Porcaria Sonora.
A Mídia Venal dá Voz a um Criminoso que é Candidato à Reeleição.
https://twitter.com/CentralEleicoes/status/1567656547857178626
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Zé Maria
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Jair Bolsolão (PL) aproveitou o clima de apreensão
e, sem grande alarde, liberou quase R$ 6 BILHÕES
em Emendas [SIC] do “ORÇAMENTO SECRETO”
ainda para este ano.
O Dinheiro foi Liberado por Meio de Desvio das
Verbas Destinadas ao Setor Cultural e à Área de
Ciência e Tecnologia.
Para 2023, até mesmo a Farmácia Popular
foi “Tesourada” também para Patrocinar a
Corrupção via “Orçamento Secreto”.
No dia 6, Bolsolão editou 2 Medidas Provisórias (MPs)
que adiaram para 2023 e 2024 a Liberação de Verbas
para a Cultura e Ciência e Tecnologia.
No total, R$ 5.6 Bilhões para o “Orçamento Secreto”
foram liberados por meio das duas MPs.
Até mesmo a Lei Paulo Gustavo, recém aprovada no
Congresso, que previa o pagamento de R$ 3,8 Bilhões,
previsto para ser finalizado até outubro deste ano, foi
adiado para 2023.
O estrangulamento da cultura e da ciência e tecnologia
busca abrir espaço para o governo afagar Deputados e
Deputadas da Direita [a Maioria Bolsonaristas de Partidos
do Centrão] e ajudar em suas Candidaturas à Reeleição,
já que, até a Eleição de 2 de Outubro, essas “Emendas
Secretas” poderão ser Usadas pelos Candidatos da Base
do Presidente Jair Bolsolão no Congresso.
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https://sintrajufe.org.br/ultimas-noticias-detalhe/bolsonaro-editou-mps-para-adiar-recursos-de-areas-importantes-e-liberar-quase-r-6-bilhoes-para-o-orcamento-secreto
Zé Maria
“É grave Bolsonaro cortar em 59% o Orçamento do Programa #FarmáciaPopular.
Criado no governo @LulaOficial, ele atende mais de 21 Milhões
de Pessoas com acesso Gratuito a Medicamentos que ajudam
a controlar muitas Doenças.
Não podemos mais aceitar esse desrespeito!”
#Suplicy13133 [para Deputado Estadual = SP]
Ex-Senador Eduardo Suplicy
Vereador Paulistano
Candidato à Deputado pelo
Estado de São Paulo (13133)
https://twitter.com/esuplicy/status/1567962267186253829
Zé Maria
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Bolsolão envia Projeto de Lei Orçamentária ao Congresso Nacional
com Previsão de Redução do Auxílio para R$ 405,00 em 2023.
No entanto, para o “Orçamento Secreto” Bolsolão reservou
R$ 19,4 Bilhões para o ano que vem.
https://pbs.twimg.com/media/Fbj7CvKXEAASpSq?format=jpg
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