Monkeypox: Rápido aumento de casos leva OMS a declarar a doença como emergência global de saúde; o que sabe até agora
Tempo de leitura: 5 minDa Redação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou no sábado, 23/07, a varíola dos macacos — que especialistas recomendam chamar no Brasil apenas de monkeypox — como emergência de saúde global.
“A avaliação da OMS é que o risco de varíola é moderado globalmente e em todas as regiões, exceto na Europa, onde avaliamos o risco como alto”, disse o seu diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na coletiva de imprensa que anunciou a resolução.
O motivo, informou, foi o rápido aumento de casos de monkeypox no mundo.
Há um mês havia 3.040 casos relatados à OMS em 47 países.
Agora, há mais de 16 mil casos relatados em 75 países e territórios, além de cinco mortes.
O Brasil ocupa o 10º lugar no mundo. Já são 696 casos confirmados, segundo o Ministério da Saúde.
Na quinta-feira passada, 21/07, o comitê de Emergência da OMS reuniu-se para avaliar se, com base nos dados mais recentes, a monkeypox já poderia ser considerada de emergência de saúde global.
Não houve consenso entre os integrantes. Mesmo assim, Tedros decidiu classificá-la como tal.
Emergência de saúde global, explica a OMS, é um “evento extraordinário”, que constitui risco de saúde pública por meio de disseminação internacional, e potencialmente requer uma resposta internacional coordenada.
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FATORES LEVADOS EM CONTA
De acordo com o Regulamento Sanitário Internacional, a OMS tem que considerar cinco fatores para decidir se um surto constitui ou não uma emergência de saúde pública de interesse internacional.
Tedros especificou os cinco, bem como o quadro atual de cada um deles:
1. Informações fornecidas pelos países — As atuais mostram que o vírus causador da monkeypox se espalhou rapidamente para muitos países que antes não o haviam detectado.
2. Presença de três critérios para declarar uma emergência de saúde pública de interesse internacional — Segundo a OMS, eles foram atendidos.
3. Parecer do Comitê de Emergência da OMS — Na reunião realizada na última quinta-feira, 21-07, não houve concordância entre todos os seus integrantes.
4. Evidências científicas e outras informações relevantes sobre a doença — Atualmente ainda são insuficientes e deixam muitas incógnitas, segundo o próprio Tedros.
5. Risco de disseminação geral e potencial de interferência no tráfego global— Embora o risco de interferência no fluxo das pessoas ainda seja considerado baixo, há um perigo claro de maior disseminação global.
“Em suma, temos um surto que se espalhou rapidamente pelo mundo, através de novos modos de transmissão, sobre os quais entendemos muito pouco e que atendem aos critérios do Regulamento Sanitário Internacional”, justificou.
RECOMENDAÇÕES
Para o diretor-geral da OMS, o Regulamento Sanitário Internacional continua sendo uma ferramenta vital para responder à disseminação internacional de doenças.
Por isso, nesse sábado, Tedros divulgou também as primeiras diretrizes para o enfrentamento da monkeypox.
Dividiu os países em quatro grupos, de acordo com a situação epidemiológica:
Grupo 1 — Países sem histórico da doença na população ou que estejam sem relatar um caso há mais de 21 dias.
A esses, a OMS pede que ativem mecanismos de coordenação multissetoriais para fortalecer a resposta e interromper a transmissão de humano para humano. Solicita ainda treinamento das equipes médicas e colocação em prática de mecanismos para impedir a estigmatização de doentes.
Grupo 2 –– Países com casos importados recentemente de monkeypox e que estejam tendo transmissão humana.
A eles, a OMS recomenda o mesmo indicado aos países do primeiro grupo.
Também indica: implementar uma resposta coordenada para interromper a transmissão e proteger grupos vulneráveis; engajar e proteger as comunidades afetadas; intensificar as medidas de vigilância e saúde pública; fortalecer a gestão clínica e a prevenção e controle de infecções em hospitais e clínicas.
Grupo 3 — Países com transmissão zoonótica conhecida ou suspeita de monkeypox, incluindo no passado. Também aqueles em que a presença do vírus foi documentada em qualquer espécie animal ou que haja suspeita disso.
A esses, a OMS pede a atuação colaborativa entre os serviços de saúde pública, veterinária e de vida selvagem para gerenciar o risco de transmissão de animais para humanos.
Além disso, que os países realizem investigações e estudos detalhados de casos para caracterizar os padrões de transmissão e compartilhe as descobertas com a OMS.
Grupo 4 –Países com capacidade de desenvolver métodos diagnósticos, vacinas e medicamentos contra a monkeypox.
A orientação é aumentar a produção e a disponibilidade de medicamentos e vacinas, além de trabalhar com a OMS para garantir abastecimento a custo razoável para os países mais necessitados.
“Este é um surto que pode ser interrompido com as estratégias certas nos grupos certos”, afirmouTedros.
“Com as ferramentas que temos agora, podemos interromper a transmissão e controlar esse surto”, acrescentou.
FATOS IMPORTANTES SOBRE A MONKEYPOX
— A monkeypox é uma doença infecciosa causada pelo vírus Monkeypox (MPXV), um membro do gênero Orthopoxvirus, que também compreende os patógenos responsáveis pelas varíolas humana e bovina.
— O vírus recebeu esse nome, porque foi descrito pela primeira vez em 1958 durante um surto em macacos na África. Mas, depois, os cientistas descobriram que os primatas não atuam como animais reservatórios do MPXV que parece circular com mais frequência em roedores. Infecta também outros mamíferos, como explica o vídeo acima do Instituto Oswaldo Cruz (IOC).
— O primeiro caso da doença em humanos foi registrado em 1970 na República Democrática do Congo.
Desde então, a infecção em humanos vem sendo relatada principalmente em países das regiões Central e Ocidental da África, onde é endêmica.
O primeiro surto em território não endêmico ocorreu em 2003, nos Estados Unidos. Ratos e arganazes importados de Gana, compartilharam o mesmo espaço que cães de estimação, que foram infectados e transmitiram o vírus para os humanos, levando a mais de 70 casos, sem óbitos.
— A partir de maio de 2022, houve uma rápida dispersão de casos em países em que a infecção não costumava ocorrer, inclusive o Brasil.
Por isso, a OMS lançou inicialmente um alerta epidemiológico para mobilizar os serviços de saúde em todo o mundo. E no sábado passado, 23/07, declarou a monkeypox emergência de saúde global.
— Os principais sintomas da monkeypox são lesões na pele, febre, dor no corpo, dor de cabeça, gânglios inchados e cansaço. Podem ocorrer também lesões genitais e na região do ânus.
As erupções cutâneas surgem 1 a 3 dias após a pessoa ter febre. Em geral, as lesões começam no rosto e se espalham para outras partes do corpo. Elas passam por cinco estágios antes de cair, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
— Em geral, é uma doença autolimitada, cujos sintomas duram de 2 a 4 semanas. Casos mais graves podem ocorrer em grupos vulneráveis, como crianças e pessoas com imunidade reduzida.
— A transmissão ocorre principalmente pelo contato direto com pessoas infectadas: pele a pele, fluidos corporais, feridas infecciosas, contato prolongado com secreções respiratórias.
A transmissão também por contato com materiais contaminados pelo vírus. Por exemplo, ao se encostar em roupas, lençóis e toalhas usadas por alguém com lesões de pele causadas pela monkeypox.
— Até agora, a monkeypox não foi descrita como uma doença sexualmente transmissível, mas o vírus pode ser passado durante a relação sexual pela proximidade entre as pessoas envolvidas.
Por isso, a transmissão sexual pelo vírus está sendo investigada pelos cientistas.
Mateo Prochazka, epidemiologista da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido, disse à BBC News que “as infecções não são relacionadas a sexualidade”. “Estamos preocupados com a varíola em geral, como uma ameaça pública. Estamos preocupados com a saúde de todos.”
— A principal recomemdação da OMS para a prevenção da monkeypox é evitar o contato direto com pessoas sintomáticas ou que tenham confirmação da doença, incluindo, beijo, abraço e relação sexual.
— O Instituto Oswaldo Cruz (IOC) também indica o uso de máscara e a higienização das mãos de forma correta e com frequência, como pode ser visto, acima, no vídeo Monkeypox em 2 minutos.
— Pessoas que apresentam um quadro suspeito devem procurar imediatamente o serviço de saúde.
Leia também:
Jorge Bermudez e Ronald dos Santos, sobre a monkeypox: Vamos ter um novo apartheid de vacinas?
Cientistas recomendam que se use no Brasil apenas o termo monkeypox
Comentários
Zé Maria
“O Ministério da Saúde não precisava esperar a OMS declarar estado de emergência
para treinar o corpo de saúde do país, negociar vacinas com produtores e,
principalmente, informar a população.
Mais uma vez, a gente não tem informação para o público.
Parece que estão mais preocupados com questões político-eleitorais
do que com a saúde do Povo.”
“O número de casos está aumentando rapidamente. E a gente não tem
ferramenta de diagnóstico disponível de maneira ampla no país.
Há uma limitação da suspeição clínica porque o nosso corpo de profissionais
de saúde não foi treinado para isso.”
“Uma das razões pelas quais a OMS decretou o estado de emergência de saúde
pública é para coordenar uma resposta internacional em torno da produção de vacinas.
O Brasil tem que negociar vacinas com os produtores lá de fora,
mas também tem a capacidade de fomentar essa produção aqui.
Basta querer.”
Luana Araújo
Infectologista
Zé Maria
3 Infrmações Básicas sobre a Monkeypox:
1) A Monkeypox é um tipo de Varíola transmitida
principalmente por Roedores, não por macacos;
2) A Monkeypox NÃO É uma Doença Sexualmente
Transmissível (DST), como é a AIDS.
Portanto, o uso da Camisinha não evita o contágio.
3) O Contágio da Monkeypox entre Humanos se dá
fundamentalmente por Contato Direto com a Pele
e a Saliva da Pessoa Infectada ou por meio de Objetos
Contaminados pelo Vírus, inclusive o uso comum de
vestuários, toalhas, roupas de cama, por exemplo.
Zé Maria
Informação Adicional
Brasileir@s que tem idade Próxima aos 60 Anos ou mais,
que receberam a Vacina para a Varíola Humana (Smallpox),
podem estar imunizadas para a Monkeypox.
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