Nesse domingo, 9 de outubro, postamos e-mail de um aluno de doutorado da USP, denunciando a dificuldade para se obter dados da Embrapa.
Nesta segunda-feira, por intermédio da assessoria de imprensa, Daniel Vidal Peres, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento – Embrapa Solos, esclarecendo a questão levantada:
“Prezado Sr. Luis Carlos Azenha, em virtude da citação de 09 de outubro de 2011 ‘A dificuldade de acessar dados da Embrapa’, gostaríamos de prestar alguns esclarecimentos.
O referido mapa de solos do estado de São Paulo foi realizado pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) com o apoio da Embrapa Solos. Nesse sentido, a distribuição desse material ficou a cargo da Instituição paulista. Nós não temos acesso ao formato manipulável final. O nosso Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), quando recebe esse tipo de consulta referente ao estado de São Paulo, já direciona para a página do Instituto Agronômico de Campinas.
Com respeito às normas de uso, elas foram fruto de avaliação por uma comissão interna apoiada pela ABIN com base na legislação pertinente (Decretos 4553/2002 e 6666/2008 obtidos em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4553.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6666.htm). Exatamente porque muitas dessas informações foram geradas com apoio do erário público, não podemos ser levianos e liberá-las de forma a não proteger o conhecimento, evitando que sejam alteradas em favor de outros interesses. Tomo como exemplo os zoneamentos que indicam as melhores áreas de plantio de culturas e, por isso, utilizadas para fins de obtenção de crédito agrícola. O que ocorreria se fossem alteradas sem os devidos critérios?
Gostaria, ainda, de indicar as várias opções de contato existentes e que não foram, aparentemente, utilizadas pelo estudante. Nossa página na internet (www.cnps.embrapa.br) aponta telefone de contato e o endereço eletrônico do serviço de atendimento ao cliente ([email protected]). De qualquer forma, a atitude correta e requerida seria um contato oficial do respectivo orientador com a Embrapa Solos.
Por fim, gostaria de lembrar que a Embrapa é vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Atenciosamente,
Daniel Vidal Peres
Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento – Embrapa Solos”
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Comentários
Dalton
Descrição fiel da EMBRAPA solos: "depois da onça morta, todo mundo quer passar a mão no rabo dela" (e a EMBRAPA solos é a primeira da fila!). Grande "papelão" que a EMBRAPA se envolveu por, supostamente, manter a mania de se apropriar do trabalho de outros. Uma lição de que fazer escada das costas dos outros é uma prática que traz altos riscos. A EMBRAPA solos é uma empresa de pesquisa que não faz pesquisa. Eles, porém, apossam de informações geradas por universidades e outros órgãos de pesquisa sérios do país, conforme a reportagem bem ilustra da relação entre IAC e EMBRAPA.
Marcos Godoi
Este esclarecimento na verdade não esclarece muita coisa. Sou mestrando em economia e precisei de dados para uma pesquisa sobre sustentabilidade ecológica na agricultura, e posso te dizer: procurar esses dados na embrapa é um inferno. Porque não fazem como o IPEA ou como o IBGE e criam uma base de dados para tornar estes dados facilmente acessíveis?
dalton
Porque o IPEA e IBGE produzem os dados que eles publicam, enquanto a EMBRAPA "copia" e dá crédito a si mesma por dados gerados por universidades e outros institutos de pesquisa, como o IAC, no caso citado.
johnnybi
não foi exatamente isso que eles disseram na resposta?
Marat
Alguém sabe me explicar por que a Embrapa defende tanto os alimentos transgênicos?
Meira da Rocha
Este setor da Embrapa mostra o velho comportamento de se achar dono do conhecimento. Incompatível com estes tempos de informação livre. Comportamento medieval.
estudante
Eu já entrei em contato com a Embrapa em dezembro 2010 e até hoje não houve resposta esclarecedora.
O email era encaminhado para um, para outro, até voltar pra mim e pedir para eu entrar em contato com as pessoas responsáveis pelo geoportal, as mesmas das quais ainda espero resposta.
Também é difícil acreditar, que a EMBRAPA SOLOS, não possua um mapa de solos do estado de São Paulo em formato vetorial, especialmente um mapa em que ela participou da elaboração. Além do mais, como o referido mapa foi feito há mais de dois anos, já deveria estar disponível ao público, conforme o próprio regulamento da EMBRAPA.
Também é inadmissível que um simples mapa de solos possa ser tratado com tanto sigilo.
Se o Sr. Daniel Vidal Peres coloca como motivo para o sigilo, a questão do zoneamento agrícola e a do crédito agrícola.
Ora, seria muito ingênuo pensar que uma pessoa responsável pelo crédito agrícola, em qualquer instituição, possa aceitar uma mapa que não seja oficial para fornecer esse crédito.
Tudo isso chega a ser patético.
Dalton
Não se espante pelo tempo que já passou e nem alimente suas esperanças em receber informações, especialmente, detalhes sobre nada do que a EMBRAPA publica, sobretudo na área de solos. A EMBRAPA é uma empresa de pesquisa que não faz pesquisa. Eles, porém, apossam de informações geradas por universidades e outros institutos de pesquisa sérios, conforme a reportagem ilustra (relação entre IAC e EMBRAPA). Esse estudante de Doutorado irá jamais obter informações da EMBRAPA, a menos que a EMBRAPA peça ao IAC os dados originais que eles produziram/obtiveram. Abraços!
ruy lombardi mendes
É muito importante a reserva de dados de algumas pesquisas, não só por serem estas patrocinadas com verbas públicas ou terem sido realizadas pelas Universidades, sejam Públicas ou privadas. Até por uma questão de segurança nacional, é muito importante que se saiba também com que finalidade serão utilizados os dados obtidos em determinadas pesquisas. Imaginem o que significaria, por exemplo, o valor de informações à respeito das Reservas do Pré Sal ! Aliás, me vem à lembrança neste momento um certo estudo que o Brasil, na época de FHC, fechou num acordo com cientistas de Israel para pesquisas no Aquífero Guarani. Gostaria de saber no que deu isso, onde os dados foram disponibilizados, e saber se a participação dos Israelenses foi para agregar conhecimento ou teve outro objetivo.
glapido
Pré-sal é pré-sal, aquíferos são aquíferos, solos são solos, e mapas de solos são mapas de solos que, imagino, retratem um número finito de informações, dependendo do fim a que se prestam
E a Embrapa é o braço tecnológico do Ministério da Agricultura que, por enquanto, só tem servido ao modelo do agronegócio exportador baseado em grandes latifúndios de monoculturas, e que tem feito parcerias meio estranhas (Monsanto).
Mas, certo, é tecnologia nacional, disso ninguém duvida, ponto para a pesquisa nacional, ponto para o Brasil.
Mas tecnologia por tecnologia só não basta.
Tem que ver o quanto dessa tecnologia contribuirá para a população.
Superávit primário derivado das exportações de produtos agrícolas significa distribuição de renda? Quanto? Para quem? Como?
Embrapa, pesquisa pioneira, ponto para o Brasil.
Mas que Brasil? De quem?
Ruy Lombardi Mendes
As pesquisas e o emprego de tecnologias para a pequena propriedade familiar tem tido, por parte de Embrapa, uma atenção especial. Veja por exemplo o trabalho sobre tratamento de esgotos e reaproveitamento de águas para pequenas propriedades. Acho que está faltando um pouco de boa vontade com relação a divulgação das formidáveis às menos sofisticadas tecnologias nascidas dentro da Embrapa.
Rios
O que a EMBRAPA disse é tão óbvio… que… deixa pra lá…
Paulo
Parabéns para a EMBRAPA e menos chororo para os doutorandos da vida.
L.Andre
Ai!
pernalonga
O "Vi o Mundo" deu uma de Celso Russomano!!!! Só falta a pergunta, "Está bom para ambas as partes?"
Jairo_Beraldo
Não, não ficou nada bom…o senhor Daniel Vidal Peres, Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento – Embrapa Solos, usou do mesmo "modus operandis" dos tucanos para desviar os verdadeiros motivos da "censura". E como é em São Paulo, onde tudo se joga para debaixo do tapete, não poderia ter resposta melhor….
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