Jeferson Miola: Moro-lavajatismo e bolsonarismo pavimentaram via do fascismo no Brasil

Tempo de leitura: 3 min

Moro-lavajatismo e bolsonarismo pavimentaram via do fascismo no Brasil

Por Jeferson Miola, em seu blog

A absurda tentativa de censura do ministro bolsonarista do TSE Raul Araújo a artistas que se apresentaram no Lolapalooza traz à tona a grave realidade de entranhamento e captura do judiciário e do conjunto das instituições do Estado brasileiro pela extrema-direita.

A extrema-direita se robusteceu nos últimos anos no país com uma atuação em pinça:

[i] numa haste dessa pinça, a existência de agentes públicos atuando por dentro, corroendo e corrompendo as instituições de Estado para atuar partidariamente e interferir na política. Fenômeno notadamente marcante no Ministério Público, judiciário, polícias militares, Polícia Federal, Forças Armadas; e,

[ii] na outra haste da pinça, o protagonismo de organizações emuladas e, inclusive, financiadas desde o estrangeiro. Movimentos como MBL, Vem Pra Rua, Livres e outros, promotores de mobilizações sociais alavancadas com financiamento empresarial, respaldaram todos atentados perpetrados contra o Estado de Direito, conferindo apoio massivo e midiático das classes médias à degradação da democracia.

Think tanks como Instituto Millenium, Instituto Liberal, Instituto Mises Brasil, que atuam como centros ideológicos do grande capital para a elaboração e difusão do ideário conservador, reacionário e ultraliberal, serviram como elos de ligação das duas hastes dessa pinça.

Com impérios midiáticos cada vez mais influentes, as facções extremistas do fundamentalismo neopentecostal cumpriram e seguem cumprindo um papel central na produção de uma subjetividade odiosa e fascista em amplas camadas populares.

É notória a simbiose entre os agentes públicos que depravaram as funções de Estado e o extremismo religioso.

O “fervor religioso” é permanentemente evocado por procuradores-pastores, juízes, policiais e generais “tementes a deus” – muitos deles que, com uma retórica hipócrita, se irmanam na “roubalheira em nome de deus”. A “devoção religiosa” está inclusive presente no bordão eleitoral ilegalmente convertido em consigna oficial: “deus acima de todos”.

Apoie o jornalismo independente

A mídia hegemônica, por meio do jornalismo de guerra para tentar, sem êxito, o aniquilamento de Lula e do PT, funcionou como vetor para a legitimação e, também, para a naturalização dos processos de corrupção institucional e de deturpação do exercício das funções públicas por juízes, procuradores, delegados federais, generais.

As duas facções contemporâneas da extrema-direita brasileira que se firmam neste processo em pinça – a Moro-lavajatista e a bolsonarista [partido dos generais] – agiram em planos paralelos nos respectivos campos de intervenção no período; mas, no entanto, atuaram de modo articulado e coordenado na estratégia comum de desestabilização política que visava a derrubada dos governos petistas para a tomada do poder.

Interessante recordar, neste sentido, as condecorações rotineiras das Forças Armadas, principalmente do Exército, concedidas a Sérgio Moro, aos desembargadores do TRF4 e de outros tribunais, assim como a outros integrantes do judiciário entre os anos 2010 e 2022.

A eleição de Bolsonaro em 2018, que exponenciou o ascenso fascista no Brasil e estabeleceu a hegemonia bolsonarista no espectro que vai da centro-direita à extrema-direita, seria impensável sem a atuação nefasta da gangue da Lava Jato na corrupção do sistema de justiça do país.

As relações convergentes e de camaradagem entre as duas facções só ficaram relativamente abaladas com a saída de Sérgio Moro do ministério bolsonarista. Nem mesmo este episódio, contudo, representou uma ruptura política irreversível no campo da extrema-direita.

A captura e a partidarização disfarçada das instituições de Estado com a conivência da mídia, em especial da Rede Globo, foi essencial para a escalada fascista.

O Moro-lavajatismo e o bolsonarismo pavimentaram a via do fascismo no Brasil.

A escalada autoritária, a censura, o gangsterismo político e a “milicianização” das instituições são sintomas disso.

Leia também:

Jeferson Miola: A questão da governabilidade para Lula e Bolsonaro

Jeferson Miola: Roubalheira em nome de deus

Apoie o jornalismo independente


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

Moro, o Suspeito, não aguentou a Corrupção dos Parceiros
e foi buscar outra Parceria no UniãoBr (DEM+PSL) [SIC]
https://pbs.twimg.com/media/FPM10sFXoAI2_vJ?format=png
https://twitter.com/i/broadcasts/1eaJbNmdWPkJX

Zé Maria

Moro criava argumentos não jurídicos para prender investigados
ignorando tribunais, diz estudo

Ex-juiz se valeu da definição imprecisa de ‘ameaça à ordem’
para obter apoio da opinião pública, revela pesquisador da UnB

Urbs Magna

O pré-candidato do Podemos à Presidência do Brasil, o ex-juiz federal Sergio Moro, que foi declarado suspeito e parcial pelo STF (Supremo Tribunal Federal), usava argumentos não jurídicos para prender investigados ignorando tribunais, diz estudo apontando que o magistrado que acabou se tornando ministro da Justiça de Bolsonaro se valeu da definição imprecisa de ‘ameaça à ordem pública’ para obter apoio da opinião pública, conforme mostra uma dissertação de mestrado de um pesquisador da UnB, revelada em reportagem de Ricardo Balthazar, na quarta-feira (30/3).

Moro usou prisões preventivas, decretadas na Lava Jato, também para incentivar confissões, diz o advogado Álvaro Guilherme de Oliveira Chaves, em seu trabalho apresentado na Universidade de Brasília, em 2021.

“O Código de Processo Penal diz que prisões preventivas podem ser decretadas durante a investigação de um crime para garantir a ordem pública, evitar que suspeitos atrapalhem o trabalho dos investigadores ou escapem da Justiça, se houver provas da existência do crime e indícios de autoria“, explica o jornalista. Mas, “ao buscar entender como Moro interpretou esses parâmetros em suas decisões, Chaves encontrou evidências de que o ex-juiz frequentemente usou argumentos sem previsão legal para prender pessoas investigadas pela Lava Jato e ignorou a jurisprudência estabelecida por tribunais superiores“.

“Como não há na lei definição precisa para caracterizar o que seria uma ameaça à ordem pública, os juízes têm ampla margem de interpretação ao lidar com os casos concretos“, diz Balthazar, em seu texto com base na dissertação.

Ao defender “a necessidade de recuperar a confiança da sociedade no funcionamento das instituições e na capacidade da Justiça de aplicar a lei penal“, Moro “incorporou a muitas decisões elementos sem nenhuma relação com eventuais riscos oferecidos pela liberdade das pessoas investigadas, ou mesmo sem relevância jurídica, segundo o pesquisador“.

“Em 2016, ao mandar prender o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) e o ex-deputado federal Paulo Ferreira (PT-RJ), Moro argumentou que impedi-los de disputar eleições e voltar a exercer um mandato seria necessário para proteger a ordem pública, hipótese que não é prevista pela legislação penal“, diz o jornalista.

“Com o tempo, o juiz começou a enxertar em suas decisões argumentos estranhos à jurisprudência aceita pelos tribunais, como parte de uma estratégia para rebater críticas à atuação da Lava Jato e obter apoio da opinião pública para a continuidade das investigações”, afirma Chaves, segundo o texto de Balthazar.

“O próprio Moro revogou 26 das 65 ordens de prisão analisadas, de acordo com o estudo” que resultou na dissertação do acadêmico. “Em 12 desses casos, o juiz reavaliou suas decisões porque os investigados negociavam acordos de delação premiada ou se mostravam dispostos a confessar e colaborar de outras formas [SIC] com a Lava Jato“, chegando até mesmo cancelar uma “ordem de prisão antes que fosse cumprida, e quando as negociações com o colaborador ainda estavam no início“.

“Essas decisões produziram a expectativa de que a delação era muitas vezes o único meio de deixar a prisão“, diz Chaves.

Passada a euforia nacional com a Lava Jato, “a atuação da corte se mostrou indispensável para reafirmar limites com maior precisão e afastar casos em que a fundamentação das ordens de prisão era claramente ilegal“, afirma Chaves.

https://urbsmagna.com/moro-criava-argumentos-nao-juridicos-para-prender-investigados-ignorando-tribunais-diz-estudo/

Zé Maria

Falando objetivamente na Eleição Presidencial de 2022,
no Detalhamento da Pesquisa Eleitoral realizada pelo
Instituto FSB, especificamente no extrato que se refere
a “Potencial de Voto e Rejeição”, há um “Cruzamento de
Dados” que esclarece a Probabilidade de Voto no 1º Turno.

4. Cenários Eleitorais 1º Turno
[…]
4. POTENCIAL DE VOTO E REJEIÇÃO

Cruzamento: quem rejeita Lula e Bolsonaro (fl. 19/39 do pdf)*

Votariam em Lula, não votariam em Bolsonaro = 48%
Votariam em Bolsonaro, não votariam em Lula = 30%
Não votam nem em Bolsonaro nem em Lula = 15% [Voto Nem-Nem]
Não rejeitam nem Lula, nem Bolsonaro = 9%
Não Sabe ou Não Respondeu = 2%

Íntegra:

*(https://www.fsb.com.br/wp-content/uploads/2022/03/Pesquisa-BTG-FSB-21Mar2022.pdf)

Zé Maria

Excerto

“A extrema-direita se robusteceu nos últimos anos no país
com uma atuação em pinça:

[i] numa haste dessa pinça, a existência de agentes públicos atuando por dentro,
corroendo e corrompendo as instituições de Estado para atuar partidariamente
e interferir na política. Fenômeno notadamente marcante no Ministério Público,
judiciário, polícias militares, Polícia Federal, Forças Armadas; e,

[ii] na outra haste da pinça, o protagonismo de organizações emuladas e,
inclusive, financiadas desde o estrangeiro. Movimentos como MBL, Vem Pra Rua,
Livres e outros [*], promotores de mobilizações sociais alavancadas com
financiamento empresarial, respaldaram todos atentados perpetrados contra
o Estado de Direito, conferindo apoio massivo e midiático das classes médias
à degradação da democracia.”

*[Esqueceu do Movement “Nas Ruas, das Bolsonaristas
Carla Zambelli, Afilhada de Moro, e Thaméa Danelon
que foi C@lunista da “Revista Terça Livre”, do Bandido
Allan dos Santos, hoje nos EUA, Foragido do Brasil.]:

“Caros, votação será adiada para terça-feira.
Agora temos que adotar uma estratégia forte,
de diferentes frentes.
Uma delas será colocar 500 pessoas no Congresso.
Já alinhei isso com o MUDE e eles têm capacidade
para fazer isso”, escreveu Dallagnol no grupo ‘Parceiros
10 Medidas MPF’ na manhã de 17 de novembro de 2016.

À tarde, Thaméa Danelon respondeu:
“Já acionei o VPR [Vem Pra Rua], nas Ruas,
Brasil Melhor, Brasil Livre” …
https://www.brasildefato.com.br/2019/08/12/dallagnol-articulou-e-alimentou-movimentos-contra-stf-e-congresso

https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/procuradora-da-lava-jato-escrevera-para-site-investigado-por-fake-news/

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/video-carla-zambelli-quem-diria-agora-reclama-do-vazamento-de-moro-isso-e-maligno-por-joaquim-de-carvalho/

OBS:

A procuradora Thaméa Danelon, ex-coordenadora da Lava Jato,
deletou seu perfil no Twitter depois de revelado um esquema
entre integrantes da força-tarefa com a agente Leslie Rodrigues
Backschies, do FBI dos EUA.

Uma reportagem publicada em 1º de julho de 2020,
produzida pelo The Intercept Brasil em parceria com
a Agência Pública, revelou a ligação de Leslie Backschies
com agentes da Polícia Federal e procuradores que
integravam a equipe das investigações da Lava Jato:

“Em um chat com Deltan em 18 de maio de 2016 – constante do arquivo entregue ao site The Intercept Brasil – a procuradora Thaméa Danelon
ex-coordenadora da Força-Tarefa em São Paulo, brincou antes de uma
viagem para os EUA:
‘Vou tentar tirar uma foto c a Jennifer Lopes e o cartaz das 10 Medidas”,
brinca ela.
‘Os agentes do FBI já apoiaram. Mas não pode publicar a foto ok?
Eles não deixaram’, explica Thaméa, enviando a foto.
A imagem foi posteriormente apagada” ….

https://apublica.org/autor/theinterceptbrasil/
https://apublica.org/2020/07/o-fbi-e-a-lava-jato/

https://revistaforum.com.br/politica/2020/7/1/procuradora-thamea-danelon-exclui-perfil-do-twitter-apos-revelao-de-elo-entre-fbi-lava-jato-78114.html

https://revistaforum.com.br/politica/vaza-jato/2020/7/1/vaza-jato-vimos-presidentes-derrubados-no-brasil-diz-agente-do-fbi-que-tinha-total-conhecimento-da-lava-jato-78106.html

Leia também:

https://www.pragmatismopolitico.com.br/wp-content/uploads/2019/09/procuradora-vaza-jato.jpg

Vaza Jato: Procuradora tramou “impeachment” de Gilmar com apoio de Dallagnol

Em novo escândalo da Vaza Jato, procuradora age ‘sob as bênçãos’ de Deltan
para tentar derrubar ministro do STF

Em maio de 2017, Thaméa Danelon, procuradora da República que coordenou
a Lava Jato em São Paulo, escreveu para o chefe da força-tarefa em Curitiba,
Deltan Dallagnol, mostrando trabalho feito para o advogado do setor privado
Modesto Carvalhosa. No caso, o pedido de impedimento de Gilmar…

https://www.conjur.com.br/2019-set-16/procuradora-ajudou-escrever-pedido-impeachment-gilmar

https://www.pragmatismopolitico.com.br/2019/09/vaza-jato-procuradora-thamea-gilmar-mendes.html

https://bemblogado.com.br/site/criminosamente-procuradora-apoiada-por-dallagnol-se-associou-a-advogado-para-tramar-pedido-de-impeachment-contra-ministro-do-stf/

https://limpinhoecheiroso.com/2017/07/25/luis-nassif-os-problemas-de-thamea-danelon-a-dallagnol-paulista/
.
.
Só por Curiosidade:

A Thaméa seguirá os passos do Chefe DD e
se candidatará a alum cargo nas Eleições ?

É apenas uma Pergunta Retórica, mas a
Escritora Márcia Tiburi responderia assim:

“E a deputada que foi levar travesseiro e passar a noite
acompanhando o deputado da tornozeleira foragindo,
sem vergonha nenhuma?
Precisamos de mais feministas na política
não de mulheres apoiando canalhas.”

https://twitter.com/MarciaTiburi/status/1509124823800233989

Feminista/ escritora/ artista visual/ professora de
filosofia/ Université Paris 8. Programme Pause.
APF Fellow.

Deixe seu comentário

Leia também