Ubiratan Santos: Não basta vencer Bolsonaro; é preciso derrotar as forças políticas e econômicas que o sustentam
Tempo de leitura: 2 minAinda o tema do vice mais adequado para compor a chapa do Lula
Por Ubiratan de Paula Santos
Preliminarmente, acho uma perda de tempo esse debate nominal.
“Segundamente”, se o objetivo se limitar a derrotar Bolsonaro, podemos apoiar qualquer dos candidatos que está no mercado — Doria, Moro, Ciro, a Velhinha de Taubaté — cujas pesquisas atuais apontam como vencedores em um segundo turno.
Mas por razões várias, Lula desponta, atualmente, como o candidato mais competitivo nos 1º e 2º turnos.
Tem liderança de massas, forte inserção no mundo do trabalho, bom apoio no meio cultural, científico, entre os mais necessitados (os pobres e muitos), uma razoável e respeitada interlocução internacional e é capaz de aglutinar as principais forças políticas de esquerda e mesmo dr centro (neste caso, especialmente no importante colégio eleitoral formado pelo NE, mas não só).
Somam-se a isso seus declarados compromissos com a integração da América Latina, a paz mundial, os direitos dos trabalhadores e a suas entidades de representação, a democracia, a preservação e recuperação ambiental, o investimento público para geração de emprego e renda. Ou seja, é o melhor candidato que a esquerda tem.
O tema da composição da chapa deverá ser conduzido por Lula, PT e partidos aliados, a partir de avaliação do peso dos envolvidos para contribuir para a eleição e governança. Governança para execução do programa que vem propondo ao país.
Será o Picolé? O Kalil, prefeito de BH? A Magazine Luíza? O Requião? O Chico Buarque? Ou o Zeca Pagodinho?
A meu juízo não basta participarmos das eleições apenas com a finalidade de derrotar Bolsonaro.
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Trata-se de derrotá-lo, sim, mas também as forças políticas e econômicas internas e externas que urdiram e vem aplicando no Brasil a política econômica, social, trabalhista, cultural, educacional, na saúde, desde 2016.
Embora parte dessas forças possa achar Bolsonaro disfuncional e tosco, elas são unânimes no apoio às principais políticas em curso desde 2016 (considero o equívoco da Dilma com Joaquim Levi, embora muito grave, um erro de avaliação do melhor percurso para recuperar força e não abraçar do neoliberalismo), como o teto de gastos, a “deforma” trabalhista, a redução do poder de compra do salário mínimo, a redução de poder dos sindicatos, o ataque às aposentadorias, a política monetária, a política para a Petrobrás e demais estatais, o esvaziamento do BNDES, com alguns gourmets, no máximo, tapando o nariz para o armamentismo, as agressões ambientais, às mulheres, aos indígenas, aos negros e às diversidades sexual, religiosa e cultural.
Devemos nos ocupar em como construir um processo eleitoral que incendeie, apaixone, mobilize, encante, que dê esperanças ao povo, aos jovens um presente para terem futuro, aos velhos a possibilidade de envelhecer com dignidade, à cultura e à ciência o incentivo para a alegria de viver e de melhor viver.
Para construir esse processo, não me parece que devamos nos ocupar com abobrinhas ou chuchus.
Se esses legumes forem servidos na sobremesa, segundo turno, sorveremos, mas se ficarmos de braços cruzados na torcida, contentes em tê-los na mesa já como prato principal, vamos dispersar energias, paralisar vontades, aguerrimentos e árduas lutas, que não ajudarão acumularmos força, seja para vencer as eleições, mas principalmente para governar para mudar.
Mudar exige força, acompanhada de habilidade, só essa última não resolve a parada para as difíceis tarefas que o momento impõe.
E não se trata de nenhuma revolução social. Aqui, ninguém ainda endoidou (só eu, rsrs).
O que se busca é construir um país com direitos e uma vida digna para todos, começando para quem não os têm. Retiremos os pijamas e vamos em frente.
Comentários
Zé Maria
Querendo ou não, o Vice-Presidente tem influência
em Grupos Políticos que pressionam o Congresso,
para o bem ou para o mal, dependendo de qual.
Zé Maria
E o que a Militância de Esquerda NÃO QUER para o Lula
é um vice-presidenciável que defenda “o teto de gastos,
a ‘deforma’ trabalhista, a redução do poder de compra
do salário mínimo, a redução de poder dos sindicatos,
o ataque às aposentadorias, a política monetária,
a política para a Petrobrás e demais estatais,
o esvaziamento do BNDES e as agressões ambientais,
aos indígenas, aos negros, às mulheres e às diversidades
sexual, religiosa e cultural”.
Lembre-se que Vice, uma vez eleito, não se demite mais.
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