MAB denuncia: Tragédia na Bahia se deve também a rompimentos de barragens privadas, destruição ambiental e descaso do governo
Tempo de leitura: 3 minENQUANTO O PRESIDENTE BOLSONARO CURTE FÉRIAS EM SANTA CATARINA, BAHIA ENFRENTA ESTADO DE CALAMIDADE
Chuvas intensas na Bahia agrava situação das barragens no estado e evidenciam descaso do governo federal com as vítimas das enchentes
Por Gabrielle Sodré, de Coribé (BA), Coordenação Nacional dos Atingidos por Barragens (MAB)
A população do estado da Bahia está sofrendo com o alto volume de chuvas e o rompimento de várias barragens.
Os moradores ribeirinhos de áreas rurais e urbanas estão entre as maiores vítimas, sofrendo todos os tipos de consequências na região.
O intenso volume de chuvas que atinge em especial as regiões sul e extremo sul do estado da Bahia, deixam um rastro de destruição e calamidade nos municípios atingidos.
Segundo as medições das estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o acumulado de chuvas de dezembro é o maior há, pelo menos 15 anos, em algumas regiões do estado, sendo que em determinados municípios o volume de chuvas foi 50% acima da média histórica do mês.
A chuva em excesso, a falta de um plano para socorro adequado em situação de desastres, barragens inseguras e mal fiscalizadas em propriedades particulares, aliada a falta de infraestrutura para lidar com grande volume de chuvas, caracterizam o cenário atual do estado.
Segundo dados da Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), até a noite de 28, contabilizavam-se 136 municípios baianos atingidos, 21 mortes, um número de desabrigados de 34.163 e 42.929 desalojados.
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Em declaração, o coronel Adson Marchesin, comandante-geral do Corpo de Bombeiros da Bahia, informa que ao menos dez barragens estão em nível crítico de água, e destaca que as estruturas que já se romperam são construções em propriedades privadas.
O fato é que o quadro se repete ano após ano e o povo é a grande vítima, são as populações ribeirinhas que mais sofrem com o rompimento de barragens e cheias acima do normal.
É resultado e consequência da atual política nacional de construção de barragens e do modelo de agricultura aplicado pelos grandes empresários, que desrespeitam as leis ambientais, não investem em segurança de barragens, desmatam as florestas e áreas de preservação, gerando rompimentos de barragens, destruição ambiental, catástrofes climáticas e graves consequências às populações ribeirinhas.
Tudo respaldado pelo completo descaso do governo federal com estes temas.
Enquanto a população baiana sofre com as enchentes e inundações, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou durante passeio na praia com apoiadores, que “espera não ter que retornar antes” das férias em Santa Catarina.
O abandono nacional e a perseguição ao povo da Bahia expressam a conduta característica deste governo, que emprega uma política de privilegiamento dos mais ricos e total abandono da classe trabalhadora.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) denuncia a situação e convoca todos e todas às ações de solidariedade.
Seguiremos lutando como fizemos e fazemos em Mariana e Brumadinho (MG), municípios que sofrem até hoje com o passivo histórico deixado pelo rompimento de barragens e pela irresponsabilidade de empresas privadas como a Vale, que colocam o lucro acima da vida.
Para o MAB, a situação do povo da Bahia deve ser tratada com prioridade nacional por todos os governos (federal, estaduais e municipais), colocando a vida acima do lucro.
E nós, enquanto atingidos por barragens, seguiremos o trabalho de organização e da justa luta para resolver os problemas que sofre o nosso povo na região.
Conclamamos que é necessário o compromisso de todos e todas, a mais ampla e completa solidariedade para ajudar as vítimas deste desastre, que é um dos maiores da história do estado da Bahia.
Águas para vida, não para morte!
Comentários
Sandra
“Ainda não recebemos um repasse substantivo de recursos do Governo Federal. Eu tenho tido contato com representantes do governo, há interesse, mas a burocracia é muito grande e acaba não sendo acessível o recurso. Há cidades devastadas e não dá para esperar os repasses chegarem.”
https://twitter.com/costa_rui/status/1478860439312379905?s=21
Zé Maria
“Barragens Privadas”, para Uso Particular de Alguns,
é Apropriação Indébita de Bem Público Natural
Essencial à Sobrevivência.Humana e para Consumo
Coletivo,
Zé Maria
As Barragens foram construídas por Ruralistas do Agronegócio, para uso em irrigação e dar água à boiada.
Agora, com o excesso de chuvas na Bahia, resolveram abrir as comportas, sem considerar as centenas de milhares
de pessoas atingidas pelas inundações.
Márcio Lima
Esperam o que de um presidente que detesta os nordestinos.
Se a Bahia fosse no sul ou no sudeste ele já teria interrompido as férias dele e já teria mandado socorrer as vítimas com tudo que precisam e com dinheiro em quantidade satisfatória.
Ele não se interessa pelo nordeste. Não ajudará em nada.
Cabe aos sudestinos verem isso na hora de votar e dar um cartão vermelho para o Bozo nas urnas ano que vem.
O descaso é imenso com o povo da Bahia e com os nordestinos.
Nelson
Concordo com a tua indignação, Márcio. Mas, discordo quando dizes que, se a catástrofe fosse no Sul ou no Sudeste o Bozo teria agido diferente. A verdade é que este governo, assim como o de MiShell Temer, e também o de Fernando Henrique Cardoso, não tem o mais mínimo compromisso com a grande maioria do povo brasileiro.
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O governo Bolsonaro tem compromisso apenas com os interesses do grande capital, nacional e estrangeiro, notadamente este último. Esse era também o único compromisso de Temer e de FHC.
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