Jair de Souza: Alberto Youssef, Álvaro Dias e Sergio Moro, corrupção e Lava-Jato, tudo junto e misturado

Tempo de leitura: 4 min
Alberto Youssef depõe CPI Mista da Petrobras no Senado, em 2014, o senador Álvaro Dias e o candidato à 3ª Sergio Moro, ambos no Podemos. Fotos: Geraldo Magela/Agência Senado e Instagram

A Lava-Jato, a corrupção e a luta de classes

Por Jair de Souza*

As recentes revelações feitas pelo jornal Folha de S. Paulo sobre a participação do doleiro Alberto Youssef, envolvido em enormes golpes e falcatruas, no financiamento da campanha eleitoral de Álvaro Dias, prócer da Operação Lava-Jato e principal mentor político do ex-juiz suspeito Sérgio Moro, vem apenas confirmar aquilo que já era bem sabido por todos os que se dedicam a estudar nossa história política com certo nível de isenção e seriedade.

Ou seja, o papo furado do combate à corrupção foi sempre um pretexto utilizado pelos grandes corruptos para eliminar da cena política a qualquer pessoa ou força política que pudesse pôr em perigo o sacrossanto desejo que as classes dominantes nutrem de usar e abusar das estruturas do Estado em seu único e exclusivo benefício.

Sendo assim, o final desta brincadeira não podia ser diferente. Os fatos trazidos à tona vão deixando muito evidente que a chamada Operação Lava-Jato, desde seus primeiros instantes, estava organizada, composta e orientada por gente que demonstrou ter sempre vivido e crescido em função de benesses extraídas da própria corrupção.

Portanto, ao longo de nossa história, sempre que surgia algum dirigente político com alguma preocupação em redistribuir as riquezas produzidas pelo conjunto da sociedade de uma maneira mais equitativa que viesse a beneficiar um pouco mais às maiorias populares, sua presença e atuação eram vistas e tachadas como inaceitáveis por parte dos encarregados de zelar pelos interesses dos poderosos.

E, a partir daí, a máquina de formação de opinião das classes dominantes entrava em ação.

No entanto, as motivações que levam à tomada de decisões na vida política, muitas vezes, não podem ser expostas como elas são em realidade.

Em consequência disto, a hipocrisia passou a ser um dos instrumentos preferidos daqueles que não podem revelar as razões reais que estão por trás de sua campanha de lutas.

E, como forma de camuflar os verdadeiros motivos que insuflam sua revolta contra a concessão de direitos aos mais pobres, o combate à morte contra a corrupção foi alçado à categoria de argumento principal para garantir uma justificativa moral para aqueles que dele participam.

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Também é certo que, para lograr algum êxito significativo em seu empenho, os propulsores da ideia chave desta hipocrisia precisam contar com a predisposição da base de seu público alvo a aceitar sem questionamentos a narrativa que lhe está sendo transmitida.

Ou seja, dá-se, então, aquilo que em linguística costuma-se chamar de “pacto ficcional”, no qual o autor e o receptor da mensagem fazem de conta que a ficção que está sendo transmitida é de fato uma realidade.

Em outras palavras, todos fingem que acreditam nas razões que estão sendo dadas para justificar sua atuação porque todos têm interesse que assim seja.

Desde uma perspectiva popular, é preciso reduzir ao máximo o número daqueles que estejam dispostos a aceitar como verdadeira a hipocrisia da centralidade da corrupção como o fator propulsor da luta encampada pelas classes dominantes contra as maiorias trabalhadoras.

Neste sentido, é muito importante que a corrupção seja vista e tratada como uma questão da luta de classes, e não como um tema de falso moralismo, no qual a honestidade pessoal prevaleceria por sobre todo e qualquer interesse das classes sociais envolvidas na disputa.

Para os trabalhadores, o fim da corrupção é de suma relevância, mas não é a essência do problema que padecem. Para quem vive de seu trabalho, a luta contra a corrupção nunca pode estar dissociada da luta por uma repartição mais justa e mais equitativa das riquezas.

Ou seja, devemos exigir e cobrar que nem um mero centavo dos recursos do Estado seja desviado para fins não previstos legalmente. Mas, tão somente isto não basta!

Nós queremos acabar com a corrupção porque almejamos uma vida mais digna e justa para as maiorias.

Por isso, queremos o fim da corrupção para que nosso povo possa mais facilmente ter acesso à saúde pública ampla e de boa qualidade; para que todas as nossas crianças, jovens e adultos recebam uma educação pública que os qualifique adequadamente para as exigências de nossa vida social; para que ninguém tenha de viver ao leu pelas ruas por falta de moradia; para que tenhamos salários que possibilitem aos trabalhadores adquirir os bens necessários para uma vida digna e confortável.

Portanto, devemos manifestar nossa repulsa a todos aqueles que se imbuíram do espírito do lavajistismo hipócrita; a todos os que pregam a luta contra a corrupção, mas se enriqueceram com a corrupção; aos que expressam seu rancor contra a corrupção apenas quando os acusados não pertencem às classes dominantes. Evidentemente, devemos repudiar com veemência a todos os exploradores dos tipos citados. Porém, não podemos nos limitar a isto.

Nossa luta contra a corrupção precisa sempre incluir nossa determinação de cobrar uma política pública que atenda prioritariamente as necessidades das maiorias populares.

Então, neste momento em que Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Álvaro Dias e os demais expoentes do lavajatismo são desmascarados publicamente, devemos nos empenhar para que as estruturas e os recursos do Estado sejam usados para priorizar a atenção daqueles que vêm sendo brutalmente espoliados ao longo de toda nossa história, em outras palavras, as maiorias trabalhadoras de nossa nação.

Resumindo, a luta contra a corrupção faz parte da luta contra as classes dominantes.

Devemos travá-la sempre tendo em conta que nosso objetivo é fazer com que os recursos produzidos pelo conjunto da sociedade sejam disponibilizados para o atendimento das necessidades de todos.

Não combatemos a corrupção simplesmente por um falso moralismo.

*Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ

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Comentários

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Zé Maria

Alberto Yussef é o Doleiro de Estimação do juiz Moro, o Suspeito.
Ele e Alvaro Dias não precisam nem pedir desculpas pelas
Falcatruas que fizeram, pois prestaram relevantes serviços aos Patifes da Lava Jato para “combater [perseguir] o PT
de uma maneira muito efetiva e eficaz”.

(https://t.co/8NAqKsAfiF)
https://twitter.com/VIOMUNDO/status/1476304962892152833
(https://www.viomundo.com.br/politica/jeferson-miola-com-confissao-moro-se-autoincriminou-e-produziu-prova-contundente-para-ser-preso.html)
.
.
Deu na Veja [4 dez 2018]:

“Moro diz ter ‘confiança pessoal’ em Onyx, que admitiu caixa dois”

“Ele mesmo (Lorenzoni) admitiu os seus erros,
pediu desculpas”, disse o ex-juiz da Lava Jato.

Em uma palestra concedida a estudantes brasileiros
na Universidade de Harvard, em 2017, Moro disse que
a prática de caixa dois é uma “trapaça”, “um crime contra
a democracia” e pior que enriquecimento ilícito.
“Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma
distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento
ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de
campanha eleitoral.
Para mim a corrupção para financiamento de campanha
é pior que para o enriquecimento ilícito”, disse.

Após ser indicado para integrar o ministério de Bolsonaro,
Moro minimizou as suspeitas que pesam sobre seu futuro colega no governo.

“Ele (Lorenzoni) mesmo admitiu os seus erros, pediu desculpas e tomou as providências para repará-los”,
disse o ex-juiz da Lava Jato.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin 
autorizou um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para que fosse aberta uma petição autônoma específica para analisar as acusações contra
o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS),
de recebimento de Caixa Dois em campanha eleitoral.

Onyx é suspeito de ter recebido 100.000 reais, em espécie,
no ano de 2012, em meio às eleições municipais daquele ano.
.
.
Deu no Estadão [10 dez 2018]:

“Para Moro, Bolsonaro já esclareceu caso de ex-assessor [Queiroz] do filho [Flavio]”
“Fabrício Queiroz, que trabalhou para Flávio Bolsonaro, movimentou 1,2 milhão de reais em um ano;
segundo Coaf, quantia é incompatível com seu patrimônio”

“Eu fui nomeado ministro da Justiça, não cabe a mim dar explicações sobre isso”, disse Moro, ao ser perguntado sobre o tema por jornalistas.

O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública,
o ex-juiz Sergio Moro, se manifestou pela primeira vez, nesta segunda-feira, [10/12/2018], sobre o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)
que apontou movimentação atípica de 1,2 milhão de reais
em uma conta do ex-policial militar Fabrício José Carlos de
Queiroz, ex-assessor do deputado estadual e senador eleito
Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) entre janeiro de 2016 e janeiro de
2017.

“O presidente [Bolsonaro] já apresentou alguns esclarecimentos. Tem outras pessoas que precisam prestar seus esclarecimentos e os fatos, se não forem esclarecidos, têm de ser apurados.
Mas eu não tenho como ficar assumindo esse papel.
O ministro da Justiça não é uma pessoa para ficar interferindo em casos concretos”, afirmou Sergio Moro.

No domingo 9, o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que Fabrício Queiroz, ex-motorista de seu filho Flávio, é quem dará as explicações sobre os depósitos que foram feitos em sua conta. Afirmou, ainda, que não conversou com o ex-assessor do filho a respeito do caso.

Fabrício Queiroz foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro [de 2018].
Registrado como assessor parlamentar, Queiroz
é também policial militar e, além de motorista,
atuava como segurança do deputado.

O Coaf informou que foi comunicado das movimentações
de Queiroz pelo banco, porque elas são “incompatíveis
com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação
profissional e a capacidade financeira” do ex-assessor
parlamentar.
O relatório também cita que foram encontradas na conta
transações envolvendo dinheiro em espécie, embora Queiroz
exercesse uma atividade cuja “característica é a utilização
de outros instrumentos de transferência de recurso”.

Uma das transações na conta de Queiroz citadas no relatório do Coaf é um cheque de 24.000 reais destinado
à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A compensação do cheque em favor da mulher de Jair
Bolsonaro aparece na lista de valores pagos pelo PM.

“Dentre eles consta como favorecida a ex-secretária parlamentar e atual esposa de pessoa com foro por prerrogativa de função — Michelle de Paula Firmo Reinaldo
Bolsonaro, no valor de 24.000 reais”, aponta o documento
do Coaf.

Na sexta-feira 7, Bolsonaro confirmou uma justificativa
que vinha sendo difundida reservadamente ao longo do
dia por seus auxiliares próximos.
O repasse, disse o presidente eleito, se refere a uma parcela
do pagamento de um débito antigo de Fabrício Queiroz
com ele.

“Emprestei dinheiro para ele em outras oportunidades.
Nessa última agora, ele estava com um problema financeiro
e uma dívida que ele tinha comigo se acumulou.
Não foram 24.000 reais, foram 40.000 reais.
Se o Coaf quiser retroagir um pouquinho mais, vai chegar
aos 40.000 reais”, disse Bolsonaro.
.
.
Deu no Intercept (#VazaJato Parte 7):

“TEM ALGUMA COISA MESMO SÉRIA DO FHC?”, diz Moro a DD.
Lava Jato fingiu investigar FHC apenas para criar percepção pública de ‘imparcialidade’,
mas Moro repreendeu:
“Melindra alguém cujo apoio é importante”

O diálogo ocorreu em 13 de abril de 2017, um dia depois
do Jornal Nacional ter veiculado uma reportagem
a respeito de suspeitas contra o tucano:

Moro – 09:07:39 – Tem alguma coisa mesmo seria do FHC? O que vi na TV pareceu muito fraco?
Moro – 09:08:18 – Caixa 2 de 96?

Dallagnol – 10:50:42 – Em pp sim, o que tem é mto fraco

Moro – 11:35:19 – Não estaria mais do que prescrito?

Dallagnol – 13:26:42 – Foi enviado pra SP sem se analisar prescrição
Dallagnol – 13:27:27 – Suponho que de propósito. Talvez para passar recado de imparcialidade

Moro – 13:52:51 – Ah, não sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante

https://theintercept.com/series/mensagens-lava-jato

https://theintercept.com/2019/06/18/lava-jato-fingiu-investigar-fhc-apenas-para-criar-percepcao-publica-de-imparcialidade-mas-moro-repreendeu-melindra-alguem-cujo-apoio-e-importante

abelardo

E não esqueçamos que além dos citados (Moro, Deltan e Álvaro Dias) tem outros procuradores, tem PGR, tem ministros do STJ, do TCU, do STF, juízes e juízas que apouam Moro e a Lava Jato, jornalistas, empresários, políticos e outros e outras que já tiveram seus nomes denunciados e nada aconteceu. É preciso passar tudo a limpo e tds que praticam sujeiras, imundícies e crimes, que as mãos da justiça honesta, honrada e não traiçoeira os alcance, o quanto antes.

Miteiro

Urnas eletrônicas serão controladas por empresa ligada ao PSDB, Moro e Dallagnol
https://www.causaoperaria.org.br/rede/dco/politica/judiciario/urnas-eletronicas-serao-controladas-por-empresa-ligada-ao-psdb-moro-e-dallagnol/

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