Jeferson Miola: O rastro devastador das guerras que os EUA perderam
Tempo de leitura: 2 minDe Saigon a Cabul, EUA colecionam derrotas em guerras
Por Jeferson Miola, em seu blog
Desde o fim da 2ª guerra mundial, no contexto da guerra fria os EUA apoiaram ou promoveram diretamente dezenas de conflitos, intervenções, ataques, atentados, golpes de Estado, invasões e destruições de soberanias ao redor do mundo, em especial em países latino-americanos.
Nestas empreitadas, a potência do Norte tanto colecionou êxitos como fracassos. Cuba é o mais retumbante e longo fracasso; já dura 6 décadas
Mesmo quando alcançou objetivos imediatos com seu intervencionismo ilegal – como no Haiti e na Líbia, para citar dois exemplos tragicamente emblemáticos – os EUA legaram ao mundo um saldo de longo prazo absolutamente desastroso e catastrófico.
Já nas guerras de longa duração que encabeçaram com suas tropas próprias ou mercenárias em solo estrangeiro, os EUA foram, contudo, fragorosamente derrotados, como aconteceu no Vietnã, Iraque e Afeganistão.
Nestas três guerras, as Forças Armadas mais poderosas do planeta – e, supostamente, imbatíveis – foram escorraçadas por forças de resistência com capacidades bélicas e tecnológicas incomparavelmente menores.
Para a potência imperial que possui uma máquina militar poderosíssima e sem precedentes de comparação em toda história da dominação imperialista, a derrota na guerra do Afeganistão tem o mesmo sabor de vexame e humilhação provado no Vietnã. As imagens dos helicópteros estadunidenses sobrevoando as embaixadas em Saigon [1975] e Cabul [2021] falam por si.
Como assinalou o cineasta estadunidense Michael Moore,
“A queda, mais uma vez. A América perde outra guerra. Nossa guerra mais longa. ‘Somos o nº 1 !!’. Gastamos mais de US $ 2 trilhões. Sacrificamos mais de 2.300 vidas de americanos para invadir um país onde Bin Laden nunca foi, em lugar nenhum, encontrado. Bush disse que não tinha interesse em capturá-lo. A equipe de Obama o encontrou em uma casa na mesma rua de ‘West Point’ do Paquistão. Quem diria!
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NÓS somos os invasores. O Talibã não é invasor – eles são afegãos – é o país deles! Eles são loucos religiosos. Nós sabemos o que parece – nós temos o nosso próprio!
Que bagunça trágica. Reembolsar o complexo militar-industrial (aumentar o financiamento para veteranos!), reembolsar a NSA e a Segurança Interna. Eles enviaram nossas jovens tropas para a morte.
Vergonha! 15 dos 19 sequestradores em 11 de setembro eram da Arábia Saudita! Nem do Afeganistão, nem do Iraque, nem do Irã …
Mais uma vez, fomos derrotados por um exército sem aviões bombardeiros, sem contratorpedeiros, sem mísseis, sem helicópteros, sem napalm – apenas um bando de caras em picapes. Não ganhamos uma guerra real na defesa deste país desde a Segunda Guerra Mundial. 76 anos atrás hoje …”.
A despeito da sua temível força militar, do poder bélico sofisticado, do auxílio de exércitos mercenários e das tecnologias altamente mortíferas, os EUA perderam as guerras prolongadas em que se meteram, deixando um rastro devastador para trás.
Comentários
Nelson
Isto mesmo, Taciana. A nação norte-americana perde.
–
As condições de vida de enorme parcela da população daquele que é ainda tido como o mais rico país do planeta decaem a olhos vistos. A pobreza se espalha, incontível, e as infra-estruturas se esfacelam.
–
Já o Sistema de Poder que domina os Estados Unidos, chamado também de “Estado Profundo”, formado pelos mais mais, os bilionários, não deixa de auferir ganhos, acumula lucros sempre maiores.
Zé Maria
Andrew Cuomo [*], Donald Trump, e a epidemia
de ”homens fortes” em Nova Iorque
Não é acidente que uma geração de homens durões
emergiu em New York City nos anos 70 e 80,
em meio ao mito de uma ”cidade ingovernável”
e um “branqueamento” épico
Há uma visão de que ser nova iorquino é uma licença para ser um imbecil.
De fato, alguns argumentarão que ser um bruto que carrega uma maleta gigante
é o único jeito para ter “sucesso” em Nova Iorque, e que aqueles que não são
feitos para agressões permanentes e incansáveis estão condenados a fracassar
na cidade grande.
A grande maioria dos nova iorquinos prospera precisamente porque desenvolveu
uma alta tolerância à diferença, junto com uma abordagem “viva e deixe viver”,
mas têm outros que argumentam que a abordagem “só o meu jeito vale”
é o único modo de ser um nova iorquino de verdade.
[ Elie Mystal | The Nation | Tradução: Isabela Palhares | Carta Maior ]
https://www.thenation.com/article/politics/cuomo-new-york-tough
https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Pelo-Mundo/Andrew-Cuomo-Donald-Trump-e-a-epidemia-de-homens-fortes-em-Nova-Iorque/6/51353
*[Desde o final de 2020, o Governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, enfrentou uma série de alegações de assédio e agressão sexual.
Em abril de 2021, onze mulheres já o haviam denunciado por comportamento impróprio e assédio sexual.
Em um relatório publicado em 3 de agosto de 2021, a Procuradora-Geral do Estado de Nova York, Letitia James, afirmou que as acusações de assédio contra Cuomo feita pelas mulheres era verossímil e anunciou que a investigação iria se aprofundar.
Várias figuras da mídia e autoridades políticas começaram a pedir por sua renúncia, incluindo o Presidente Joe Biden, a líder da Câmara Nancy Pelosi, o líder do Senado Chuck Schumer e a senadora Kirsten Gillibrand.
O governador enfrenta investigações criminais em Manhattan e nos condados de Nassau, Westchester e Albany.
Frente a pressão pública e política, em 10 de agosto de 2021, Cuomo formalmente anunciou que ele renunciaria ao cargo de governador.]
https://www.npr.org/2021/08/03/1024222672/new-york-governor-andrew-cuomo-sexual-harassment-investigation
https://www.forbes.com/sites/jemimamcevoy/2021/08/04/cuomo-now-under-criminal-investigation-for-sexual-misconduct-in-manhattan-albany-and-westchester/?sh=3b4bc8d61a0c
https://brasil.elpais.com/internacional/2021-08-10/pressionado-por-escandalo-de-assedio-sexual-governador-de-nova-york-andrew-cuomo-renuncia.html
Zé Maria
Os EUA são como aquela Comadre:
que se mete na vida de todo mundo
mas não cuida da sua própria vida.
Zé Maria
As Forças Armadas dos EUA ficaram 20 Anos no Afeganistão
e não conseguiram – ou não quiseram – eliminar um Bando
de Homens das Cavernas Afegãs que em 24 horas tomaram
o Poder Governamental ‘enfrentando’ um Exército de 300 mil
soldados Afegãos ‘treinados’ pelos Norte-Americanos?
É isso?
.
“Estados Unidos abandonaram o Afeganistão no caos”,
diz Reginaldo Nasser, Professor de Relações Internacionais
da PUC-SP
“Está claro que a estratégia dos americanos não deu certo.
Mas isso não quer dizer que vá trazer grandes problemas para os Estados Unidos.
De modo cínico, os Estados Unidos abandonaram o Afeganistão e o deixaram no
caos.
O que isso trará de consequência para os Estados Unidos em princípio? Nada”,
afirma.
[ Reportagem: Elcio Ramalho | RFI (Rádio França Internacional) ]
https://www.rfi.fr/br/podcasts/rfi-convida/20210816-estados-unidos-abandonaram-o-afeganist%C3%A3o-no-caos-diz-professor-da-puc-sp
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