Jeferson Miola: Militares bolsonaristas tornam o Brasil protetorado dos Estados Unidos

Tempo de leitura: 3 min
Bolsonaro bate continência à bandeira dos Estados Unidos durante evento de sua campanha nos Estados Unidos, em 2018. Reprodução de vídeo.

Com governo vassalo dos militares Brasil vira protetorado dos EUA

Por Jeferson Miola, em seu blog

Agentes do governo dos EUA já nem disfarçam a intromissão direta no Brasil. Eles agem à luz do dia, sem nenhuma discrição e cerimônia, e nem se preocupam em serem vistos operando. Sob o governo vassalo e servil dos militares, o Brasil se parece um protetorado da potência imperial na América do Sul.

No início de julho o diretor da CIA William Burns teve encontros com Bolsonaro, com os generais do “comitê central” Luís Eduardo Ramos [então na Casa Civil], Augusto Heleno [GSI], Braga Netto [Defesa], com o diretor da ABIN e outras autoridades.

O governo revelou as fotografias, mas não o conteúdo dos encontros. É incomum, para não dizer muito raro, ver-se publicidade de encontro do diretor da CIA com governantes estrangeiros. A atuação da agência estadunidense, mais que discreta, costuma ser secreta nas conspirações para desestabilizar democracias, derrubar governos considerados “inimigos” e instalar ditaduras aliadas.

Bolsonaro sinalizou que além de assuntos internos, na agenda com Burns pode ter abordado a situação geopolítica da região: “… a gente analisa na América do Sul como estão as coisas. A Venezuela a gente não aguenta falar mais, mas olha a Argentina. Para onde está indo o Chile? O que aconteceu na Bolívia? Voltou a turma do Evo Morales”, disse ele.

O presidente Nicolás Maduro denunciou que o diretor da CIA visitou o Brasil e a Colômbia para preparar seu assassinato e ataques ao governo soberano da Venezuela [aqui].

Todd Chapman, o excêntrico embaixador dos EUA elogiou que o Brasil [22/7] “é um país super-democrático”. Vestindo o figurino antipetista, o embaixador repetiu a retórica da anticorrupção pretextada pelos EUA para atacarem as soberanias nacionais para dizer que a preocupação central de Washington não é com a ameaça de escalada fascista-militar no país, mas sim “mensalão, petrolão, Lava Jato”.

Petulante, Todd Chapman ainda fez um “alerta de amigo”, segundo suas palavras, e advertiu que a aquisição de tecnologia 5G da empresa chinesa Huawei pelo Brasil não seria tolerada, pois contraria interesses estratégicos dos EUA.

No próximo 5 de agosto desembarcará em Brasília o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA Jake Sullivan com a missão de formatar o banimento da tecnologia chinesa 5G nos leilões brasileiros. Se dará certo ou não, só o tempo dirá, porque a China é um fator estrutural da economia brasileira, e seu veto teria consequências relevantes para o Brasil.

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A América Latina está no centro da disputa geopolítica travada pelos EUA com a Rússia no âmbito bélico-militar, e com a China nas dimensões comercial, econômica, política, tecnológica e financeira.

O Brasil, maior potência hemisférica com suas riquezas, fontes energéticas e minerais, mercado de consumo, capacidade de produção alimentar, território, biomas, mananciais hídricos etc, é o epicentro desta guerra de domínio imperial.

Hoje se sabe acerca da participação dos Departamentos de Estado e de Justiça, bem como das agências de inteligência estadunidenses no processo de desestabilização e conspiração para interromper o ciclo de governos progressistas no Brasil. O cineasta Oliver Stone sustenta que a prisão de Lula através da farsa jurídica da Lava Jato foi projeto dos EUA.

Agora que chegaram até aqui, os EUA não vão desistir de continuarem pilhando e subjugando o país. A perspectiva que se abre com a eleição de Lula em 2022, de uma política externa soberana e independente com o fortalecimento do MERCOSUL, UNASUL, CELAC e, sobretudo, dos BRICS, poderá não ser tolerada amigavelmente por Washington.

Para Brian Winter, vice-presidente do conservador Conselho das Américas, “O governo Biden pode não amar Bolsonaro, mas vê o Brasil como peça-chave no crescente confronto global com a China. Grande parte da América Latina está em crise e/ou se voltando contra Washington. O Brasil ainda é um aliado importante dos EUA. E ainda é ‘grande’”.

Brian vê renascer em Washington “o realismo da Guerra Fria de ignorar o comportamento antidemocrático de aliados se eles ajudarem os EUA”.

A continência do Bolsonaro à bandeira dos EUA e a celebração do 4 de julho [independência dos EUA] na casa do embaixador dos EUA em Brasília tem mais que valor simbólico, porque indicam um padrão inédito de subserviência e entreguismo da política externa brasileira sob o governo vassalo dos militares.

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Comentários

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Nelson

E ainda temos gente de esquerda que, há algum tempo, nem ruborizados ficavam ao afirmarem que não teria havido intervenção estrangeira para a consecução do golpe de Estado de 2016. Na visão deles, seria apenas conspiração interna.

A Dona Dilma e alguns outros da cúpula do PT, inexplicavelmente, expunham essa visão. Será que seguem insistindo nessa tese?

Zé Maria

Militares Maçons Entreguistas recriando o ideário da ESG
(do Golbery), nas Décadas de 1950, 1960 e 1970.

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