Senadores querem ouvir a testemunha-bomba que trabalhou nos gabinetes de Jair, Carlos e Flávio

Tempo de leitura: 2 min

Da Redação

O deputado Alessandro Vieira (Cidadania-RS) quer uma CPI exclusiva no Senado para apurar o esquema de rachadinha que beneficiou o clã Bolsonaro.

“Ninguém está acima da lei. Os fatos narrados são graves e exigem apuração imediata. Apresento hoje o pedido de CPI da Rachadinha. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (João 8:32)”, escreveu ele em uma rede social depois do vazamento de três áudios da ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro, Andrea Siqueira Valle.

Nas gravações, Andrea confessa ter participado do esquema montado no gabinete de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro.

Para o senador Renan Calheiros (MDB-AL), Andrea deveria ser chamada para depor na CPI da Pandemia, da qual ele é relator.

Nas gravações, divulgadas pelo UOL, Andrea diz que seu irmão, André, foi demitido do esquema por não devolver o que lhe era pedido:

“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6 mil, ele devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo'”, disse ela, envolvendo diretamente o então deputado federal Jair Bolsonaro no esquema.

Andrea é irmã de Ana Cristina Siqueira Valle, a segunda esposa de Bolsonaro.

A bancada do Psol na Câmara resolveu pedir à Procuradoria-Geral da República que abra investigação a partir das gravações.

O segundo áudio revelado pelo UOL foi enviado pela esposa de Fabrício Queiroz, Márcia, à filha Nathalia, quando o ex-PM assessor e amigo dos Bolsonaro estava escondido em Atibaia.

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Márcia e Nathalia foram empregadas na assessoria de Flávio Bolsonaro como funcionárias fantasmas.

“É chato também, concordo. É que ainda não caiu a ficha dele [Queiroz] que agora voltar para a política, voltar para o que ele fazia, esquece. Bota anos para ele voltar. Até porque o 01, o Jair, não vai deixar. Tá entendendo? Não pelo Flávio, mas enfim não caiu essa ficha não. Fazer o quê? Eu tenho que estar do lado dele”, diz Márcia à filha.

O terceiro áudio revelado pela jornalista Juliana Dal Piva implica o coronel da reserva do Exército Guilherme Santos Hudson no esquema das rachadinhas.

Andrea, a ex-cunhada de Bolsonaro, se refere a ele na gravação como “tio Hudson”:

“O tio Hudson também já tirou o corpo fora, porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levava e buscava no banco era ele. Não é pouca coisa que eu sei não. É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio, ferrar a vida do Jair, posso ferrar a vida da Cristina. Entendeu? É por isso que eles têm medo aí e manda eu ficar quietinha. Não sei o que, tal. Entendeu? É esse negócio aí”, diz ela.

Andrea de fato sabe muito. Ela foi funcionária fantasma dos gabinetes de Jair, Carlos e Flávio Bolsonaro durante 20 anos, na Câmara Federal, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

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