Marcelo Brignoni: Esquerda com “espelho europeu” foi derrotada pela luta anticolonial no Peru

Tempo de leitura: 3 min
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Peru, em louvor ao latino-americanismo

Por Marcelo Brignoni, no NODAL

Enquanto se passam as primeiras horas do extraordinário triunfo do professor rural José Pedro Castillo Terrones no Peru e se desenrolam as últimas tentativas de golpe da candidata derrotada, algumas reflexões são necessárias.

O Peru, talvez a experiência mais selvagem de neoliberalismo da região, que inclusive está explicitamente incluído em sua Constituição — o “legado” de Fujimori — parece mudar positivamente.

Essa Constituição de 1993 diz que o Estado não pode intervir na economia e que a Presidência do Peru, que é exercida por um período de 5 anos, não tem possibilidade de reeleição.

Este formato institucional customizado, que definiu a relação de servidão entre o sistema político peruano e os poderes capturados, permitiu ao poder econômico transnacional que atua no Peru, aliado à oligarquia local, tirar presidentes como bonecos, que vão sem mais do Palácio do Governo ao cárcere da Base Naval Callao, ou ao suicídio — como Alan García.

No dia 28 de julho, data constitucional da posse do presidente do Peru perante o Congresso da República, o país terá quase pela primeira vez, como já aconteceu com Evo Morales na Bolívia, um presidente semelhante ao seu próprio povo.

Do último presidente eleito, Pedro Pablo Kuczynski Godard, destituído e condenado, a este comprometido professor rural de Tacabamba, nos Andes peruanos, está um tsunami popular que deixou de cabeça para baixo o antigo sistema político de dominação colonial instalado no Peru.

Desde aquele presidente que estudou no Markham College em Lima e mais tarde complementou sua educação no Exeter College, na Universidade de Oxford, no Reino Unido, até este popular presidente, consagrado autodidata, mudanças positivas são difíceis de medir imediatamente.

Hoje parece distante aquele Golpe Parlamentar, perpetrado no início de novembro de 2020, pela Ação Popular e Keiko Fujimori, que muito brevemente depositou no Palácio do Governo o pouco lembrado Manuel Merino e que suscitou grande rejeição nas ruas e na sociedade.

Este presente vitorioso do povo peruano se alimentou de lutas e também de vítimas, inesquecíveis também neste momento de alegria.

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A ascensão ao governo do líder da greve docente de 2017 é reconhecida nas antigas e ancestrais lutas peruanas, no espírito san martiniano de libertação colonial e também no mariateguismo do início do século XX.

E sua conquista está intimamente ligada a várias das ideias que os campeões da globalização, de direita e de esquerda, quiseram e querem banir da memória popular, transformando-nos em indígenas digitais, aqueles sem origens do século 21, como fizeram os colonizadores dos séculos 16 e 17.

Depois “convertidos à fé colonizadora”, hoje “cidadãos do mundo”.

Um mundo sem tradições, sem países, sem histórias, sem religião, sem lutas anteriores, sem famílias, sem sexo, sem qualquer identidade. Sem cidadãos, apenas com consumidores.

Como aconteceu na primeira década do século XXI com a influência inicial de Hugo Chávez, em face dessa “centro-esquerda” domesticada na América Latina, transformada em uma social-democracia periférica de escape, o movimento popular em nossa região ressurge de sua origem mais profundamente plebeia, mais autenticamente latino-americana, mais anticolonial.

O “espelho europeu”, essa pretensão absurda de alguns setores bem intencionados — de transformar a agenda de demandas representativas dos problemas de Estocolmo ou Copenhague no programa dos setores populares de Cuzco ou La Matanza — só desafia os incluídos, uma imensa minoria do grupo que o movimento popular deve acolher, para o ser no sentido majoritário.

Em 16 de novembro de 2000, Valentín Paniagua, da Ação Popular (o mesmo partido do fugitivo Manuel Merino), foi eleito presidente do Congresso e posteriormente presidente de transição, após a renúncia de Alberto Fujimori.

Seu legado nefasto, no entanto, ainda persiste e é hora de colocá-lo para trás.

Felizmente, o povo peruano, em sua maioria, parece pensar o mesmo.

Ninguém jamais deu democracia à nossa América Latina, muito menos à Europa. Só a luta popular organizada da Grande Pátria Latino-americana nos trará melhores condições de vida.

*É analista político

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Francisco de Assis

Caros, porque a Venezuela não tem democracia!!??:
O braço de postos de gasolina da PDVSA nos estados unidos com mais de 1.000 unidades, nunca mandou para a matriz um centavo de lucro. Quando Chávez mudou a forma e fórmula da administração da PDVSA os americanos deram a ordem para o golpe, os indígenas “Bolivarianos” obrigaram os golpistas e retornar o poder a Chávez, após o retorno Chávez manteve sua política nacionalista e veio para a Venezuela os primeiros sinais do lucro dos postos venezuelanos nos estados unidos, no valor de 400 milhões de dólares.

Nelson

Demonstrando, abertamente, que seu apreço pela democracia é tão falso quanto uma nota de R$ 3, Rodrigo Maia nada diz acerca da Colômbia ou de Israel, para ficar só nesses dois exemplos de democracia liberal.

Na Colômbia, que fica ali, no ladinho da Venezuela, e também no ladinho do Brasil, são assassinados cerca de 100 líderes populares todo ano. O conluio EUA, Israel, paramilitares e narcotráfico tem garantido, à base do terror explícito – bem democraticamente, portanto -, que a democracia liberal prospere no país do grande Garcia Márquez.

No Oriente Médio, o poder do império estadunidense, tem garantido que o sionismo de Israel mantenha, já há 70 anos, também de forma bem democrática, o povo palestino sob vigilância e repressão eternas e, de quando em quando, como aconteceu há poucas semanas, desate a bombardear e a matar centenas ou milhares.

Mas, da boca de Maia e de outros amantes da democracia – que gostam muito de ser qualificados de liberais – não vemos uma crítica sequer a esses dois regimes repressores e assassinos.

Não custa repetir. Tudo isto só vem demonstrar, explicitar, a qualidade da democracia da qual os liberais se dizem fervorosos devotos.

Nelson

Brilhante e certeiro artigo. “Vai no rim”, “no meio” de grande parte da nossa esquerda que já se acomodou ao que é pregado pelas esquerdas (sic) europeia e estadunidense.

Essa esquerda já aceitou tuto ou quase tudo o que os liberais – hoje neoliberais, sem vergonha alguma – impuseram e pretende aceitar o que ainda venha a ser imposto por essa corja de supostos defensores da democracia de do livre mercado.

Liberais que não conseguem sobreviver sem mamar na “vaca de divinas tetas” do Estado e sem os supostos contratos juridicamente perfeitos, redigidos para garantir que os interesses dos capitalistas se sopreponham aos dos demais.

Lierais que, de quando em quando, apelam a um golpezinho de Estado, providencial, para evitar que as forças populares finalmente comecem a “dar as cartas” na política e na economia e a democracia passe a se estabelecer plenamente..

O dito liberal, Rodrigo Maia, que se diz amante inveterado da democracia, dava entrevista, dia desses, à Carta Capital, em que criticava Bolsonaro abertamente. Ainda que tenha colaborado decisivamente para que o Bozo aprovasse no Congresso Nacional todas as medidas antidemocráticas e prejudiciais a 98% do povo brasileiro.

Maia se apresenta como um democrata e firmemente contrário a Bolsonaro, mas não deixa de se utilizar de um dos chavões mais usado pelo bolsonariado: “vamos virar uma Venezuela”.

Segundo esse deputado desprezível, Hugo Chaves teria mudado a Constituição do país para poder ter influência direta sobre o Judiciário e a Mídia e acabar com a …. democracia liberal.

Aparentemente, ele se esquece de que a nova Constituição bolivariana foi aprovada pelo povo venezuelano em plebiscito. Portanto, da forma mais democrática possível. Na verdade, Maia chora porque a sua amada democracia liberal não tem mais a preponderância que tinha na Venezuela.

Apesar de toda a sua aparente devoção à democracia, não vimos, em momento algum, Maia sugerir que medidas de impactos altamente nefastos para o nosso povo e nosso país [privatizações, “reformas”, PEC 241, MP do Trilhão, Marco Regulatório do Saneamento e outras] fossem submetidas a plebiscito popular antes de serem implementadas.

Para os liberais cabe, quase sem exceção, como uma luva, a assertiva genial cunhada pelo não menos genial Millôr Fernandes: “Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim”.

Nelson

Brilhante e certeiro artigo. “Vai no rim”, “no meio” de grande parte da nossa esquerda que já se acomodou ao que é pregado pelas esquerdas (sic) europeia e estadunidense.

Essa esquerda já aceitou tuto ou quase tudo o que os liberais – hoje neoliberais, sem vergonha alguma – impuseram e pretende aceitar o que ainda venha a ser imposto por essa corja de supostos defensores da democracia de do livre mercado.

Liberais que não conseguem sobreviver sem mamar na “vaca de divinas tetas” do Estado e sem, supostos, contratos juridicamente perfeitos redigidos para garantir que os interesses dos capitalistas se sopreponham aos dos demais.

Lierais que, de quando em quando, apelam a um golpezinho de Estado, providencial, para evitar que as forças populares finalmente comecem a “dar as cartas” na política e na economia e a democracia passe a se estabelecer plenamente..

O dito liberal, Rodrigo Maia, que se diz amante inveterado da democracia, dava entrevista, dia desses, à Carta Capital, em que criticava Bolsonaro abertamente. Ainda que tenha colaborado decisivamente para que o Bozo aprovasse no Congresso Nacional todas as medidas antidemocráticas e prejudiciais a 98% do povo brasileiro.

Maia se apresenta como um democrata e firmemente contrário a Bolsonaro, mas não deixa de se utilizar de um dos chavões mais usado pelo bolsonariado: “vamos virar uma Venezuela”.

Segundo esse deputado desprezível, Hugo Chaves teria mudado a Constituição do país para poder ter influência direta sobre o Judiciário e a Mídia e acabar com a …. democracia liberal.

Aparentemente, ele se esquece de que a nova Constituição bolivariana foi aprovada pelo povo venezuelano em plebiscito. Portanto, da forma mais democrática possível. Na verdade, Maia chora porque a sua amada democracia liberal não tem mais a preponderância que tinha na Venezuela.

Apesar de toda a sua aparente devoção à democracia, não vimos, em momento algum, Maia sugerir que medidas de impactos altamente nefastos para o nosso povo e nosso país [privatizações, “reformas”, PEC 241, MP do Trilhão, Marco Regulatório do Saneamento e outras] fossem submetidas a plebiscito popular antes de serem implementadas.

Para os liberais cabe, quase sem exceção, como uma luva, a assertiva genial cunhada pelo não menos genial Millôr Fernandes: “Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim”.

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