Jair de Souza: Bolsonaro vai tumultuar eleições de 2022. Como barrá-lo

Tempo de leitura: 2 min

Como barrar a nova tentativa de Bolsonaro de tumultuar as eleições?*

Por Jair de Souza*

Como que lançando uma ameaça a seus opositores políticos, Bolsonaro disse que *sem voto impresso não vai haver eleição em 2022*.

Bem, como o Brasil ainda não está inteiramente regido por constituição e leis milicianas, uma ameaça de tal sorte jamais poderia ou deveria ser aceita passivamente pelas instituições constituídas do Estado. Para os que julgam válida a LSN, aqui está uma situação na qual seguramente ela poderia ser aplicada.

Porém, voltando à questão de como expressar o voto em 2022, eu acredito que o verdadeiro objetivo de Bolsonaro neste caso é começar a articular desde já os pretextos que possam servir para justificar seu rechaço a uma quase certa derrota eleitoral nas próximas eleições.

É muito provável que Bolsonaro e até mesmo os mais ferrenhos de seus adeptos tenham plena consciência de que voltar ao voto manual de outrora seria um retrocesso inaceitável para uma sociedade que já deu um passo adiante nessa questão eleitoral. Todos suspeitamos que seu objetivo real seja alegar fraude e, com isso, não acatar os resultados.

No entanto, poderíamos muito bem aceitar a proposta de Bolsonaro, ao mesmo tempo que preservamos a garantia de voto sem manipulação. Como assim? Bem, se Bolsonaro acredita no valor do voto impresso e nós acreditamos na importância do voto digital eletrônico, por que não somar as duas coisas num voto só?

Sim, é isto mesmo, podemos ter um voto digital eletrônico que seja também um voto impresso. Não se trata de nenhuma novidade, é algo que já existe em outros países e que tem demonstrado sua total confiabilidade nos países onde vem sendo praticado.

Como ilustração, vejamos como se efetua o voto nas eleições realizadas na REPÚBLICA BOLIVARIANA DA VENEZUELA.

Lá, como aqui, na hora de votar, o votante se dirige a uma cabine, digita os número dos candidatos de sua escolha e aperta o botão “Confirma”. Só que, diferentemente do que acontece no Brasil, o processo não termina nisso.

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A máquina de votação utilizada também emite os comprovantes com os dados do voto escolhido pelo eleitor. O eleitor recolhe a papeleta, confere se o voto está em conformidade com sua intenção, e deposita esta papeleta numa urna localizada diante da banca eleitoral. É importante ressaltar que o eleitor não leva essa papeleta embora. Ela fica depositada na urna.

Para a aferição dos resultados, valem os dados indicados pela votação eletrônica. Entretanto, caso algum candidato ou partido levante suspeita de fraude e não concorde com os resultados divulgados pela via eletrônica, basta recorrer às urnas com as papeletas para fazer a contagem. Se de fato tiver havido fraude, a discrepância entre a contagem das papeletas e os números por via eletrônica vai ser constatada.

Ou seja, sem grandes exigências de elevação de gastos, poderíamos inviabilizar mais esta tentativa do bolsonarismo de criar tumultos e, além disso, dar mais um passo à frente na melhoria de nossas instituições.

Me parece bastante provável que Bolsonaro não vai concordar com um voto impresso nas condições que acabei de expor. De minha parte, acredito que seria mesmo um grande avanço e ajudaria a minimizar o risco sempre presente de uma fraude no sistema de computação.

*Economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.

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Comentários

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Zé Maria

O site do STF está fora do ar
desde 8 de maio. Invasão Hacker?

Zé Maria

O Pleno do STF, por 8 votos a 2 (Gilmar e Toffoli), julgou inconstitucional o Artigo 59-A da Lei 13165/2015, que tratava do voto impresso, na ADI 5889.

https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5346547

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13165.htm

Henrique martins

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/fungo-raro-e-agressivo-mutila-pacientes-de-covid-na-india,f5b45a6026a3a73f179a70c75c60be69ji1mk1dc.html

Como podemos perceber a Covid pode trazer muitos sofrimentos até para pacientes que sobreviveram, pois além das tromboses, perda de paladar e olfato, dentre outros problemas, agora começa a se espalhar mais uma praga rara que está se associando aos pacientes pós-recuperados da covid, sobretudo, diabéticos e jovens.

Portanto, a propagada imunidade de rebanho é um crime.

A propósito, se 22 ministros já pegaram covid, além de servidores do Planalto e do Congresso, por que será que o Eduardo, Carluxo e Flávio não pagaram ainda se não usam máscaras e têm contato com os ministros, servidores, e o pai que faz questão de aglomerações?

Cloroquina não é, até porque há ministros que pegaram a doença e alegam terem tomado o malfadado medicamento como tratamento precoce.

Vem cá rapazes, o que é mesmo que ao menos um de vocês foram fazer em Israel? Tomar vacina e trazer para os outros familiares, inclusive medicamentos?
Soube que a situação em Israel já estava bem controlada quando a última comitiva foi lá.
Portanto, que tal contar para nós o segredo de vocês rapazes?? O pai de vocês é doido, mas exceto o Carluxo, você Eduardo, e você Flavio me parecem bem normais para realmente duvidarem da eficácia das vacinas.

JOSE NETO

É difícil fazer um debate sério sobre o voto impresso que o Brizola tanto queria? Mais uma camada de segurança para tirar qualquer dúvida sobre as votações puramente digitais que ninguém vê pra onde vai o voto? Pq quando vamos ao caixa eletrônico fazer um depósito em dinheiro ninguém o faz no terminal sem papel, ou compra um celular novo e não pega o cupom fiscal? Querem debater seriamente urnas eletrônicas? Chamem um especialista: Diego Aranha. Vamos parar de achar que só pq o Bolsonaro quer voto impresso temos que ser contra, na realidade ele quer o que o Brizola sempre defendeu, além do voto DIGITAL, a impressão como é feito nas urnas de terceira geração da Venezuela.

Henrique martins

https://www.viomundo.com.br/denuncias/jair-de-souza-bolsonaro-vai-tumultuar-eleicoes-de-2022-como-barra-lo.html

Concordo inteiramente com essa proposta. Mais ela precisa ser apreciada urgentemente senao nao vai dar tempo de preparar a logística de impressão para 2022 e precisa ter orçamento para comprar impressoras para todos os cartórios eleitorais do país.
Senao me engano, as impressoras internas das urnas precisariam ser adaptadas ou as urnas acopladas a novas impressoras. É possível que seja necessário até mesmo trocar todas as urnas eletrônicas. Nao sei…. Salvo engano, não é uma mudança simples para a justiça eleitoral.
De outro ângulo, impressoras dao problemas e o processo de votação com certeza será atrasado o que pra mim nao é um problema. Eu nunca concordei com a preocupação do TSE em divulguar o resultado eleitoral no mesmo dia. Pra que a pressa? E para quê a cobrança pra cima do TSE para divulgar os resultados correndo gente?
Bem. De qualquer forma – como eu já disse em comentário anterior – o sujeito contestaria o resultado de qualquer jeito. Mais eu insisto: ele nao estará entre os candidatos e se nao der para fazer essas mudanças, a coisa toda pode muito bem ficar para 2026, o que nao nos impede de aprova-la desde já. Em questões de segurança o que abunda não prejudica…

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Valdson

Viomundo, é verdade que o Bolsonaro quer tumultuar a eleição de 2022 e já prepara uma desculpa para não aceitar o resultado quando for derrotado.

Interessante vocês mostrarem que no sistema Venezuelano já existe a impressão do voto.

Mas vocês precisam reescrever o texto, porque estão totalmente desinformados sobre o que está sendo discutido no Brasil, sobre qual a proposta existente e até sobre o que já está aprovado em lei desde 2015!

Não existe nenhuma proposta de se voltar ao voto manual! Nunca vi nem o Bolsonaro defender isso!

A proposta é exatamente de impressão do voto inserido na urna eletrônica!

Aliás, mais do que proposta, já é lei, aprovada pelo Congresso desde 2015, que só não está sendo cumprida porque o STF viajou e disse que esse sistema colocaria o sigilo do voto em risco!

E o que temos aprovado em lei é muito mais avançado que o sistema Venezuelano que vocês descreveram. O eleitor nem tocaria no voto impresso, a impressão seria depositada automaticamente em uma urna lacrada após conferência do eleitor através de uma janela transparente.

Isso é o que diz a lei, em vigor desde 2015 e declararada inconstitucional pelo STF:

Art. 59-A. No processo de votação eletrônica, a urna imprimirá o registro de cada voto, que será depositado, de forma automática e sem contato manual do eleitor, em local previamente lacrado.

Inclusive já foi apresentado até protótipo da impressora que seria usada:

https://youtu.be/rNS6PHFgMys

Vamos arrumar o texto para informar corretamente?

    José Espare

    Não tenho nenhuma dúvida de que o que Bolsonaro está propondo é uma volta ao antigo sistema de voto em papeleta, no qual a manipulação e o desvio de votos por parte das oligarquias era algo de praxe. Se Bolsonaro e os bolsonaristas estiverem mesmo de acordo com o voto eletrônico com produção de comprovante impresso (tão avançado como na República Bolivariana da Venezuela, ou mais), seria bom que eles dissessem isso abertamente. Seguramente, teriam o apoio de todas as forças progressistas do Brasil e a possibilidade de vitória seria maior.

    JOSE NETO

    Sinto muito, mas não é isso que o Bozo quer, inclusive o projeto aprovado é dele, à época Dilma vetou e o congresso derrubou o veto. Essa é uma desinformação criada e por incrível que pareça pela mídia progressista que já cobriu eleições na Venezuela, as eleições mais perfeitas do mundo. Então cadê os deputados e senadores de esquerda que nem buscam ouvir quem já provou as fragilidades dessa urna que nem o Paraguai quer? A esquerda precisa deixar de ser pautada pelo Bozo, deve dobrar a aposta e pedir a impressão do voto como mais uma camada de segurança.

    Se não me engano, as urnas estão nas mãos do exército. Pesquisas eleitorais no Brasil são fraudadas sob a luz do dia, inclusive a tal Paraná pesquisas já colocou o Bozo como vencedor em 2022. A partir daí fica fácil, ao invés de forjar uma facada, coloca-se o plano em ação, Bozo grita que quer voto impresso, a esquerda ao invés de dobrar a aposta e dizer que também quer o voto impresso com impressão sem contato do eleitor e esvaziar o discurso dele, não, passam a afiançar e gritar para os quatro cantos que a urna eletrônica é muito segura. Bozo frauda a eleição a olhos vistos e a esquerda fica com o discurso que a urna é super segura. Nem sei o que dizer, é muita ingenuidade.

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