Moretti e Ocké alertam: Se Câmara ratificar Senado, PEC 186 retirará mais de R$ 200 bilhões da educação pública
Tempo de leitura: 3 minDa Redação
A Câmara dos Deputados deve votar nesta terça e quarta-feira (9 e 10 de março) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 186/2019, a PEC Emergencial.
O anúncio foi feito pelo próprio presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-PE).
Segundo a Agência Brasil, Lira comunicou que pautará a PEC 186 para apreciação diretamente no plenário, sem passar por comissões.
Ele espera aprovar a admissibilidade do texto nesta terça e no dia seguinte votar em plenário em dois turnos.
O relator da proposta na Câmara é o deputado Daniel Freitas (PSL-SC).
No texto abaixo, os economistas Bruno Moretti e Carlos Ocké afirmam que se a Câmara ratificar os termos aprovados no Senado, a PEC 186 retirará mais de R$ 200 bilhões da educação pública.
As demais políticas financiadas pelo Fundo Social, como saúde, ciência e tecnologia e meio-ambiente, também sofrerão duro golpe.
A PEC 186 retirará mais de R$ 200 bilhões da educação pública
Por Bruno Moretti e Carlos Ocké, especial para o Viomundo
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Diante da crise econômica e sanitária em curso, com mais de 266 mil óbitos pela covid-19 e queda do PIB de 4,1% em 2020, o governo reforça seu projeto de destruição de instrumentos estatais capazes de combater a pandemia e reconstruir a economia.
Sob o argumento de busca do equilíbrio orçamentário, a PEC 186, aprovada pelo Senado Federal, mistura deliberadamente suspensão de regras fiscais para retomada do auxílio emergencial e endurecimento do regime fiscal.
Trata-se de uma reforma estrutural do arcabouço fiscal, acelerando o desmonte do Estado e a redução de serviços públicos induzida pelo teto de gasto.
Diante da sobreposição de regras de controle fiscal, o orçamento público não será capaz de contribuir para a estabilização econômica e o financiamento das políticas sociais.
Para a União, além das regras fiscais já existentes (teto de gasto, regra de ouro e meta de resultado primário), a proposta determina que passaria a valer um “subteto do teto”, ativando gatilhos da Emenda Constitucional nº 95, quando a despesa obrigatória superar 95% da despesa sujeita ao teto.
Em particular, a desvinculação de receitas públicas ilustra os propósitos da PEC 186.
O trabalho das oposições garantiu relevantes exceções, mas fundos estratégicos ao desenvolvimento do país perderão receitas, inviabilizando diversas políticas públicas.
Por exemplo, o Fundo Social destina a arrecadação oriunda da exploração do pré-sal para a educação (ao menos, 50% do fundo) e outras políticas, como saúde, ciência e tecnologia e meio-ambiente.
Vejamos a receita específica do pré-sal, o excedente em óleo da União.
Trata-se da parcela do óleo bruto que as empresas petrolíferas destinam ao governo federal.
As previsões oficiais, considerando apenas as áreas já licitadas, apontam que, até 2032, o Fundo Social receberia R$ 422 bilhões relativos ao óleo bruto [1].
Caso metade deste valor fosse aplicada em educação (conforme a regra geral do Fundo Social), a perda para o setor seria de R$ 211 bilhões em dez anos.
Diante das pressões do teto de gasto pela redução da despesa, o mais provável é que as receitas do pré-sal sejam canalizadas para o resultado primário, impedindo que a renda petrolífera seja utilizada em favor do desenvolvimento econômico e social do país, conforme pensado no modelo de partilha.
O Congresso Nacional não pode ficar de costas para a sociedade, particularmente em um momento de crise profunda.
O Congresso Nacional precisa evitar o desmonte das instituições públicas, aprovando apenas a retomada do auxílio emergencial e autorizando despesas para o combate à pandemia e a seus efeitos econômicos e sociais.
Nos termos aprovados no Senado, a PEC 186 será um duro golpe contra a educação pública e as demais políticas que podem ser financiadas pelo Fundo Social.
*Bruno Moretti é economista e assessor no Senado Federal.
Carlos Ocké é economista e autor do livro “SUS: o desafio de ser único” (Ed. Fiocruz, 2012).
[1] Disponível em: https://www.presalpetroleo.gov.br/ppsa/conteudo/ebook_25_11.pdf.
Embora os índices de excedente em óleo destinados à União sejam estabelecidos nos leilões, as estimativas de valores nominais variam em função do preço do barril de petróleo e do câmbio.
Comentários
Zé Maria
Bancada BBB preside Comissões importantes.
Foram definidos nesta quarta-feira (10/3)
dez dos Presidentes das 25 Comissões
Permanentes da Câmara Federal:
(https://youtu.be/RixaK-Rprlg)
Zé Maria
Ruralista Madeireiro Minerador Salles Passando a Boiada no Congresso:
Lavajatista Carla Zambelli está prestes a presidir Comissão de Meio Ambiente
Prestes a presidir a Comissão de Meio Ambiente da Câmara,
a deputada federal Carla Zambelli, do PSL de São Paulo,
já acusou ONGs de queimarem a Amazônia, sem provas.
“ONGs, que supostamente deveriam estar protegendo, estavam colocando fogo na Amazônia para criminalizar um governo que é novo, de direita”, afirmou Zambelli em abril de 2019, durante um evento promovido pela ONU em Berlim.
Na ocasião, a bolsonarista também disse que “nunca a Amazônia queimou tão pouco”, o oposto do que mostram dados oficiais.
O discurso de Zambelli segue a cartilha de Jair Bolsonaro, que no ano passado disse na Assembleia Geral da ONU que índios e caboclos queimavam a Floresta Amazônica, sem qualquer embasamento.
DCM, via Canal da Resistência
http://canaldaresistencia.com.br/index.php/2021/03/10/passando-a-boiada-zambelli-esta-prestes-a-presidir-comissao-de-meio-ambiente/
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