Denúncia de Sindicato faz Hospital Tide Setúbal retirar pacientes com covid de ala da maternidade com 22 gestantes
Tempo de leitura: 3 minDa Redação
As 11h03 desta quinta-feira (04/03), o Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) denunciou em seu site: o Hospital Tide Setúbal está internando pacientes com Covid na sua maternidade.
O hospital é municipal, fica em São Miguel Paulista, Zona Leste da capital paulista.
“Na última quarta (03/03), o Tide Setúbal registrou 11 óbitos por covid; já começam a chegar crianças para internação”, destaca a matéria.
Às 14h30, menos de 4 horas após a publicação da denúncia, a direção do hospital começou a retirar os pacientes com covid da maternidade.
“Estavam cruzando fluxos entre os pacientes da maternidade e os de Covid. Acho que devido às denúncias, a direção do hospital tomou a atitude de retirar os pacientes”, avalia trabalhador em mensagem à repórter.
Segue a íntegra da reportagem que denunciou o absurdo.
Por Cecília Figueiredo, do Sindsep
“Estamos revoltados. Qual a imunidade que tem um bebê que acabou de nascer para o coronavírus?”, questiona um profissional de enfermagem, que pede para não ser identificado na matéria devido às retaliações da direção do hospital.
De acordo com outro auxiliar de enfermagem, que também pede sigilo de seu nome, ontem à noite havia 22 gestantes na maternidade, onde começam a faltar funcionários.
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“Retiraram trabalhadores da Pediatria e UTI Neonatal para receber os casos suspeitos de covid que estão chegando e sendo acolhidos no alojamento conjunto da maternidade. A noite passada havia 9 pacientes suspeitos de Covid na área da maternidade, separados apenas por um biombo”, detalha o profissional.
Uma nova UTI, onde funcionava anteriormente a Enfermaria de Saúde Mental do Tide Setúbal, foi aberta às 16h e às 18h já estava com os 10 leitos ocupados, segundo a funcionária do hospital.
Na quarta-feira (3), havia 116 leitos (enfermaria e UTI) ocupados por pacientes infectados pelo coronavírus.
Há relatos de funcionários também que a direção do hospital pensa em fechar o centro obstétrico e a maternidade.
Na última quarta, houve uma reunião do Núcleo de Regulação de Vagas do hospital para discutir a questão.
“Se continuar do jeito que está, com 10 leitos de covid e 9 já ocupados na noite de quarta, acredito que não terá outro jeito senão fechar a porta da maternidade”, avalia a funcionária.
“Tem uma criança de 13 anos na contenção 7, não estava intubada mas não estava bem. Ficamos todos chateados porque ele pedia que o pessoal da enfermagem ficasse ao seu lado, segurasse sua mão…É muito difícil para um adulto ficar sem visita, acompanhante, agora imagine uma criança de 13 anos sozinha internada? E nesta manhã deve chegar a UTI do Tide mais uma menina de 13 anos, que está intubada, transferida de outro hospital”, conta emocionada a funcionária.
O desespero que atinge profissionais que estão na linha de frente do combate à Covid-19 é o colapso anunciado no ano passado pela ciência e desprezado pelos governos de São Paulo, que mesmo decretando na última quarta (3) o retorno do estado e município à fase vermelha, manteve as escolas funcionando e jogou para os pais a responsabilidade pela decisão de levar seus filhos ou não.
Os governos Covas/Doria repetem à exaustão que pautam as decisões pela ciência, no entanto nem mesmo com a circulação de novas cepas do vírus que atingem mais crianças e adolescentes, decidiram fechar as atividades presenciais na Educação.
O risco de contaminação em meio a escolas precárias, com falta de estrutura física, RH, condições de trabalho e falta de pessoal para higienização, foi alertado durante toda a pandemia pelo Sindsep, que tentou a todo tempo negociar o adiamento do retorno presencial, porém a administração municipal insiste em seu plano.
Levantamento de dados feito pelos Comandos Regionais de Greve e Sindsep apontam 166 unidades escolares com 386 casos entre suspeitos/confirmados de Covid-19, além de 03 óbitos de servidores, sem contar os óbitos de familiares infectados a partir do trabalho presencial.
A abertura de escolas significa o aumento de mortes, de doentes e hospitais estrangulados, sem leitos para o atendimento.
O Sindsep segue firme mobilizando para a Greve, que exige dos governos a suspensão imediata das atividades presenciais das escolas, destinação de recursos para a sobrevivência das famílias que não tem como se manter em isolamento e vacinação para todos já.
A manutenção das aulas presenciais, de escolas abertas significa também o colapso da saúde em São Paulo. Por isso, a Greve da Educação é pela Vida.
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