Fernando Morais chama Fachin de “Barrichello do brio” e Gilmar Mendes diz “ditadura nunca mais!”
Tempo de leitura: 3 minGeneral sapateia na valentia tardia do ministro Facchin, o Barrichello do brio. Fernando Morais, no Facebook
A harmonia institucional e o respeito à separação dos poderes são valores fundamentais da nossa república. Ao deboche daqueles que deveriam dar o exemplo responda-se com firmeza e senso histórico: Ditadura nunca mais! Gilmar Mendes, no twitter
Da Redação
O escritor Fernando Morais espicaçou hoje o ministro-relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin.
Depois da revelação do general Villas Bôas de que o tuíte em que ele emparedou o STF para não conceder habeas corpus ao ex-presidente foi tramado com o Alto Comando militar, Fachin finalmente emitiu uma nota repudiando qualquer pressão sobre a Corte.
Em 3 de abril de 2018, o general emitiu duas mensagens em sua conta do twitter, quando o Jornal Nacional já estava no ar:
Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?
O telejornal da Globo, provavelmente avisado antecipadamente de que as mensagens seriam postadas, tratou de repercutí-las de maneira dramática como última notícia.
No dia 5 de abril, o STF decidiu contra Lula:
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, por maioria de votos, o Habeas Corpus (HC) 152752, por meio do qual a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscava impedir a execução provisória da pena diante da confirmação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) de sua condenação pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Também por maioria, os ministros negaram pedido para estender a duração do salvo-conduto concedido a Lula na sessão do último dia 22 de março (vencidos, nesse ponto, os ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski).
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A maioria dos ministros seguiu o voto do relator, ministro Edson Fachin, no sentido da ausência de ilegalidade, abusividade ou teratologia (anormalidade) na decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que aplicou ao caso a atual jurisprudência do STF, que permite o início do cumprimento a pena após confirmação da condenação em segunda instância.
Horas depois, Lula foi preso.
Hoje, o próprio general Villas Bôas zoou Fachin, escrevendo simplesmente: “Três anos depois” no twitter.
Gilmar Mendes, mais tarde, disparou mensagem com a frase: ” Ditadura nunca mais!”, possivelmente em resposta ao general.
Para o escritor Fernando Morais, Fachin é “o Barrichello do brio”, pois à época não reagiu à pressão concatenada por militares e a Globo, a porta-voz da Lava Jato.
A nota do desmoralizado ministro:
Diante de afirmações publicadas e atribuídas à autoridade militar e na condição de relator no STF do HC 152.752, anoto ser intolerável e inaceitável qualquer forma ou modo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário. A declaração de tal intuito, se confirmado, é gravíssima e atenta contra a ordem constitucional. E ao Supremo Tribunal Federal compete a guarda da Constituição.
Está na Constituição (art. 142) que “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”
Frustrou-se o golpe desferido nos Estados Unidos da América do Norte contra o Capitólio pela postura exemplar das Forças Armadas dentro da legalidade constitucional. A grandeza da tarefa, o sadio orgulho na preservação da ordem democrática e do respeito à Constituição não toleram violações ao Estado de Direito democrático.
Por derradeiro, registro que o julgamento daquele HC foi suplantando pela apreciação colegiada posterior do Tribunal Pleno das ADCs 43, 44 e 54, em exame que, no entender expresso desta relatoria, deveria ter antecedido o julgamento da impetração. Fiz constar explicitamente no despacho de então que “como é notório, pende de julgamento o mérito das ADCs 43 e 44, da relatoria do Ministro Marco Aurélio, cuja tema precede, abarca e coincide com a matéria de fundo versada no presente writ.”
Brasília, 15 de fevereiro de 2021.
Ministro Edson Fachin
Comentários
Alvaro Tadeu Silva
Quando nomeado, julguei Fachin um baluarte da Democracia no STF. Uma ex-ministra da Dilma assegurou que o sr.Fachin foi chantageado. Eu sinto extrema vergonha desse ministro, intelectualmente brilhante e de um passado irreparável. Hoje, nem acho que foi chantagem, ele sempre foi assim e rasgou a fantasia. Até o general de pijama tirou sarro da cara dele. Quando a Democracia voltar, se voltar, vamos pegá-los na curva.
Zé Maria
Coitado do Rubinho. É uma Pessoa Boa.
Não merece ser comparado a um Mau-Caráter.
Jotage
Barrichello? Ele está mais para Dick Vigarista ou mesmo o Mutley. Não ofenda Barrichello.
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