Conjur: Repórter da Globo sugeriu conteúdo de nota que a própria Globo noticiou — em defesa da Lava Jato

Tempo de leitura: 4 min
Divulgação

Conversa entre procuradores da “lava jato” mostra uso estratégico de vazamentos

Por Sérgio Rodas, na Conjur

Conversa entre procuradores da força-tarefa da “lava jato” mostra como eles usavam vazamentos para aumentar a pressão contra investigados na operação.

A informação consta de uma troca de mensagens entre procuradores à qual a ConJur teve acesso.

O diálogo faz parte do material apreendido pela Polícia Federal no curso da chamada operação “spoofing”, que mira hackers responsáveis por invadir celulares de autoridades.

Em 5 de março de 2016, um dia após o ex-presidente Lula ter sido conduzido coercitivamente para depor na Polícia Federal por ordem do então juiz Sergio Moro, procuradores discutem em grupo de mensagens a redação de uma nota da força-tarefa da “lava jato” explicando que a medida era necessária, uma vez que o petista foi intimado, mas se recusou a comparecer a um posto da PF.

No debate, o chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol, sugere argumentar que, se a ordem não foi executada, Lula foi voluntariamente depor, e não houve condução coercitiva.

“Vcs sabem se a condução ontem foi executada ou se ele foi voluntariamente? Não consegui falar com Luciano [Flores, delegado da PF]. Se foi voluntariamente, não tem do que reclamar. Se não foi, ele mentiu que sempre está à disposição pra depor. Poderia fazer o raciocínio: se ele disse ontem que sempre se dispôs a depor, então sequer houve condução coercitiva… mas tenho receio de suscitar novas críticas quanto ao ambiente de coação. Acho vou colocar nas entrelinhas”, diz Dallagnol.

A ConJur manteve as abreviações e eventuais erros de digitação e ortografia presentes nas mensagens.

O procurador Andrey Borges de Mendonça desaprova a ideia. “Não gosto do raciocínio. 15:38:46 Acho que parece entender que ele [Lula] tinha opção. E ele não tinha. Cuidado.”

Deltan Dallagnol enviou rascunho da nota para análise de Vladimir Netto, repórter da TV Globo que, em junho de 2016, lançaria o livro Lava Jato: o juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil (Primeira Pessoa).

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O jornalista diz a Dallagnol, segundo o relato deste, que não valeria a pena soltar uma nota, a não ser que fosse “para não deixar Moro sozinho”.

“A nota é pra acalmar e não comprar briga” foi o conselho de Netto, conforme o procurador.

“Mas ele [Netto] acha que teria que ser muuuuito serena pq estamos mais expostos do que o Moro na avaliação dele”, conta Dallagnol.

Mendonça apoia a intenção: “Por mim, soltamos pq não deixo amigo apanhando sozinho rs. Independentemente de resultado, soltaria por solidariedade ao Moro”.

Após chegarem a um acordo sobre a redação da nota e a enviarem à imprensa, o procurador Athayde Ribeiro Costa avisa os colegas que o Jornal Nacional, da TV Globo, noticiou o posicionamento da força-tarefa da “lava jato”.

O procurador Orlando Martello comenta que, se continuasse a escalada contra a operação, a solução seria vazar conversas interceptadas de Lula.

“Se a escalada continuar, a solução é soltar os áudios, cf sugerido por CF [Mendonça]. Aí jogamos problema no colo deles, com algumas maldades (pq lula usa cel de terceiros!; proximidade de lula e JW [Jaques Wagner, então ministro da Casa Civil], bem como JW responsável pela nomeação do novo ministro; convocação de deputados; movimentos sociais, etc.”

Em resposta, Mendonça diz o vazamento das gravações “é nossa carta na manga”.

“Mas é preciso que seja com autorização judicial. E talvez haja problemas”, ressalta.

O procurador Paulo Roberto Galvão de Carvalho então lembra que já haviam feito consultas sobre a liberação dos áudios, mas elas foram negadas.

Divulgação de grampos

Em 16 de março de 2016, Sergio Moro divulgou conversas telefônicas de Lula, recém-empossado ministro da Casa Civil, com a então presidente Dilma Rousseff e outros políticos.

Na semana seguinte, o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavaski — que morreu em acidente aéreo em 2017 — afirmou que o fim do sigilo dos grampos foi ilegal e inconstitucional.

Primeiro porque foi o resultado de uma decisão de primeiro grau a respeito de fatos envolvendo réus com prerrogativa de foro no Supremo.

Depois porque, ao divulgar o conteúdo dos grampos, Moro violou o direito constitucional à garantia de sigilo dos envolvidos nas conversas.

No dia da divulgação dos áudios, os procuradores discutiram se o ato de Moro era legal ou não.

Afinal, o diálogo entre Lula e Dilma foi captado após o juiz federal ter enviado comunicados às operadoras de telecomunicações pedindo a suspensão dos grampos.

O procurador Januário Paulo classifica a medida como “filigrana”.

“Quem decide o que vai para os autos e o juiz. Se ele podia interromper também pode mandar juntar aos autos e validar.”

Andrey Mendonça discorda. “Januario, desculpe, eu nao vejo assim. Isso esta longe de ser filigrama na minha visão. Se ele suspendeu a interc[eptação], juridicamente nada vale dps. Eu espero q vcs estejam certos, mas nao eh tao tranquilo assim.”

Deltan Dallagol então intervém: “Andrey No mundo jurídico concordo com Vc, é relevante. Mas a questão jurídica é filigrana dentro do contexto maior que é político”.

“Concordo Deltan. Isso tera q ser enfrentado muito em breve no mundo juridico. O estrago porem esta feito. E mto bem feito”, responde Mendonça.

Dois dias depois, em 18 de março, o ministro do STF Gilmar Mendes cassou a nomeação de Lula como chefe da Casa Civil.

No embalo da decisão, os procuradores discutem se é hora de pedir a prisão de Lula e apresentar denúncia contra ele.

Para Roberson Pozzobon, não faz diferença se a captação da conversa foi ilegal ou não. Afinal, a própria Dilma tinha admitido o diálogo.

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Comentários

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Zé Maria

“É inacreditável!
Um cidadão foi investigado e julgado por uma associação criminosa
cujos integrantes lhe dedicavam ódio e que montaram uma farsa
com a aparência de processo.
E para alguns o problema é saber se ele será ou não candidato.
É a jurisprudência Lula do estado de exceção.”

Wadih Damous
Ex-Deputado Federal (PT=RJ)
Ex-Presidente da OAB-RJ
Ex-Presidente da Comissão Estadual da Verdade RJ (CEV-Rio)
https://twitter.com/wadih_damous/status/1358046127963181060

abelarfo

Vejo a Globo falindo, parte do judiciario no lixo e parte da PF depois de fazer o jogo sujo parece que protege Milicianos. O animal Dallagnol queria a coerção para Lula por não ter ido a co vocação da PF em poucos dias, já o Queiroz sozinho, humilhou e pós toda PF no chinelos, até hoje.

Sergio Alexandre Antunes de Carvalho

Faltou avisar o leitor que o Vladimir Netto, autor do livro sobre Moro e a Lavajato, é filho de Miriam Leitão. Não foi por falta de informação que escreveu o livro de elogios ao Moro, todos sabiam quem era o Moro, foi para pegar carona no “sucesso” da Lavajato, foi para agradar os patrões, os donos da Globo. Depois temos que ouvir o gemidos da Miriam fingindo que nada tem a ver com a eleição do Bolsonaro.

Silas Bento

O PCC já põe vereador e deputado nas casas legislativas e agora tomou conta desse poder também.
É tipicamente o modo de uma máfia agir.
Podem dar palestras para o PCC e treinar os outros bandidos.
Ladrão.

robertoAP

Êta tevezinha sem vergonha, está sempre no centro da conspiração e da patifaria.

Cleiton

Agora Inês é morta.
É juntar os cacos e reconstruir o país.
Só falta o cara para juntar o país e acabar com o clima de fla-flu.
O Lula seria esse cara se não fosse tão visado. Acho que ele não aguenta fazer tudo de novo por um povo tão mal agradecido, tão preconceituoso. Quem nunca errou a concordância de uma frase no Brasil deu sempre migalhas para os pobres.
Os EUA com todos os seus satélites modernos, arapongas, NSA etc. Nunca conseguiu um batom na cueca do Lula.
Que político resistiria a uma devassa americana. Nenhum. Nem o Putim.
Não tem nem uma foto do cara no … cassino. Nem isso tem.
Povo esperto o nosso, né !
Acreditam até na chapeuzinho vermelho camuflada. Comunista a chapeuzinho. Ah, se mata.
Na bandeira americana tem vermelho. 😀

Schell

Cambada de fdp.
Um mais criminoso do que o outro.
E todos tão criminosos quanto qualquer nazista.
Dizer que nossos preclaros juízes, desembargadores e ministrecos menores e maiores, todos, sem exceção, aplaudiram essa patuleia de cretinos acalhordados.
E ninguém faz autocrítica: bando é muito pouco, batalhão.

Zé Maria

Excertos

“Deltan Dallagnol [DD] enviou rascunho da nota para análise de Vladimir Netto,
repórter da TV Globo que, em junho de 2016, lançaria o livro ‘Lava Jato: o juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil’ (Primeira Pessoa).
O jornalista diz a Dallagnol, segundo o relato deste, que não valeria a pena soltar
uma nota, a não ser que fosse “para não deixar Moro sozinho”.
“A nota é pra acalmar e não comprar briga” foi o conselho de Netto,
conforme o procurador.
“Mas ele [Netto] acha que teria que ser muuuuito serena pq estamos mais expostos do que o Moro na avaliação dele”, conta Dallagnol.”

“Após [os Procuradores da FTLJ de Curitiba] chegarem a um acordo
sobre a redação da nota e a enviarem à imprensa, o procurador
Athayde Ribeiro Costa avisa os colegas que o Jornal Nacional, da TV Globo,
noticiou o posicionamento da força-tarefa da ‘lava jato’.”

A isso se dá o nome de “Promiscuidade da Imprensa
com Procuradores Patifes e Infames do MPF
e um Juiz redundantemente Mau Caráter e Mentiroso”

“Lava Jato vazou falsa propina que foi capa da Veja
para atacar Dias Toffolli, Ministro do STF”.

https://www.viomundo.com.br/denuncias/chaer-irritados-com-decisao-de-toffoli-lava-jato-vazou-falsa-reforma-que-foi-capa-da-veja-para-atacar-ministro.html

    Zé Maria

    Daí, é de se perguntar, quem foram
    os maiores fabricantes de Fake News no País
    e por quais veículos eram divulgadas?

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