Bolsonaro remenda neo Arena para sustentar governo militar além de 2022, com cacos do DEM e quem mais couber
Tempo de leitura: 3 minDa Redação
Com a provável vitória de seus dois candidatos à presidência da Câmara e do Senado, o presidente Jair Bolsonaro tentará costurar com o Centrão a sustentação a seu governo militar para além de 2022.
Durante a ditadura militar, os generais brasileiros sempre foram muito cautelosos na tentativa de manter uma certa “institucionalidade”, formalidade que encobria a repressão, a tortura e a morte de adversários.
A Arena, partido de sustentação do ditador de turno, era formada por políticos fisiológicos, que trocavam apoio por benesses — um deputado governista de Bauru, no interior de São Paulo, por exemplo, arrancava vantagens para sua empresa de ônibus intermunicipal.
É por isso que a Folha de S. Paulo, apoiadora e beneficiária do golpe, muito mais tarde chamou a ditadura de “ditabranda” — e a TV Globo, talvez a maior de todas as beneficiárias do regime de força, levou décadas para reconhecer que estava do lado errado da História.
Ambas mamaram nas tetas da ditadura.
A implosão do DEM, um dos cacos da Aliança Renovadora Nacional, mostra que parte significativa do partido acredita que, sob o Centrão, poderá extrair mais benefícios do poder do que adiantando para já uma aliança com o tucano João Doria.
O próprio PSDB cogitava se bandear para o lado de Arthur Lira (PP), com o objetivo de obter um naco de poder ao menos na Câmara, mas acabou permanecendo no bloco de Baleia Rossi (MDB).
O presidente da República chegou a cogitar a recriação de três ministérios para atender novos aliados, o que provavelmente é apenas um balão de ensaio.
O que ele quer dizer é que está disposto a oferecer tantas benesses quantas forem necessárias para implodir a candidatura Doria e enterrar um de seus nêmesis políticos, Rodrigo Maia.
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A direita liberal vai se encaixar no bolsonarismo em troca de cargos, favores e eventual apoio político, como descreve Helena Chagas:
Derrota de Maia esvazia bloco da direita não-bolsonarista para 2022
É preciso ficar bem claro que esse é o retrato do momento, que abriu oportunidade às forças mais fisiológicas da política para tirar mais vantagens do governo
A iminente derrota do ainda presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para o bolsonarismo em sua sucessão vai muito além do comando da Casa e afeta os planos do campo da centro-direita para 2022.
O bloco da direita não-bolsonarista que saiu reluzente das eleições municipais, e que se preparava para lançar um candidato contra a reeleição de Jair Bolsonaro em torno de DEM, PSDB e MDB, começa se esvaziar antes de nascer.
Uma de suas principais forças, o DEM – do qual Maia pode sair nos próximos dias – , mostra que pode ter outros planos.
Tudo indica que o presidente do partido, ACM Neto, está disposto a trocar a possibilidade de vir a ser vice numa chapa presidencial de João Doria ou Luciano Huck por uma candidatura ao governo da Bahia apoiada por Bolsonaro e o Centrão bolsonarista.
Esse, mais do que a oferta de indicar um novo ministro da Educação – que, diz-se, o Planalto está fazendo a Neto – seria o núcleo central da articulação.
A operação para desviar o DEM da rota de Maia teve o apoio de setores do partido, como o do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que está em situação parecida – pode precisar do apoio bolsonarista para a reeleição.
Outro voto na reunião da executiva foi o do ex-governador de Pernambuco Mendonça Filho, nome agora cotado para ocupar o MEC.
Do lado derrotado, ficará uma articulação capenga em torno do PSDB de Doria – que, aliás, também autorizou a debandada na eleição de hoje – para 2022.
Afinal, o MDB, derrotado nas duas Casas, também não está com essa bola toda.
Agiu de forma semelhante ao DEM ao puxar o tapete de sua candidata no Senado, Simone Tebet, e, ao que parece, aceitará, alegre e satisfeito, um convite de Bolsonaro para o Ministério no novo modelito Centrão.
Em tempo: é preciso ficar bem claro que esse é o retrato do momento, que abriu oportunidade às forças mais fisiológicas da política brasileira para tirar mais e mais vantagens do governo. Se será ou não um arranjo duradouro para as forças de direita e centro-direita em 2022, vai depender de muita coisa ainda. A principal delas, o grau de desgaste de Bolsonaro e seu governo até lá.
Comentários
Cleidir Ramos
Caiu nada. Sempre fez jogo duplo.
Quem caiu pra série B foi o time de camisa vermelha. Graças a extrema esperteza da Gleisi hoffman . Uma raposa.
Ela parece mais trabalhar para a direita. De fato, foi uma tacada de mestra apoiar o Baleia Rossi. Deu super certo. Para o Bolsonaro.
Nunca o DEM apoiou e nem vai apoiar o PT. Não vê isso !!!
Ah, essa mulher não tem boas extrategias. É ruim. O serviço é nota 5. Só presta para gritar.
Zé Maria
A emoção/alegria do Recruta Zero é indisfarçável
https://pbs.twimg.com/media/EtL8W6rXMAE-Ueb?format=jpg
“- Arthur Lira é eleito (302 votos em 513 possíveis),
em primeiro turno, para presidir a Câmara
para o biênio 2021/22.”
https://twitter.com/JairBolsonaro/status/1356423913874612225
Zé Maria
“A candidatura de Arthur Lira juntou Bolsonaro
a Aécio Neves, Eduardo Cunha, ACM Neto e
centenas de parlamentares do Centrão.”
Jornalista Mônica Bergamo
https://twitter.com/monicabergamo/status/1356391013196169218
https://twitter.com/monicabergamo/status/1356369950429097987
https://twitter.com/VIOMUNDO/status/1356403507784540161
Maria Carvalho
Poder executivo “comprando” o poder legislativo…judiciário sem ação…temos somente um único poder, que em breve será ditatorial e não mais precisarão dos nossos votos.
Zé Maria
“Rust Never Sleeps”, já dizia Neil Young.
robertoAP
Quem votou nesse degenerado irá se arrepender para o resto da vida, pois condenou os próprios filhos e netos, a nunca mais viverem em um país avançado, democrático e com oportunidades para as novas gerações. Seus descendentes viverão em um caos total e tóxico, onde o presidente é um tarado sem nenhum respeito para com a vida, para com os cidadãos e para com o Brasil.
Tudo irá virar ferrugem.
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