“Mantenha-me informado por gentileza”, disse ‘investigador’ Moro a Dallagnol — sobre provas obtidas ilegalmente pela Lava Jato no Exterior

Tempo de leitura: 4 min

Da Redação

A defesa do ex-presidente Lula, depois de uma avaliação preliminar de 10% das mensagens apreendidas pela Operação Spoofing, da Polícia Federal, juntou pelo menos sete mensagens entre o então juiz Sergio Moro e o procurador-chefe da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, ao processo em andamento no STF.

O STF vai decidir se considera Moro parcial. Neste caso, os processos contra Lula conduzidos pelo ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro seriam anulados e refeitos.

Lula poderia, então, concorrer às eleições presidenciais de 2022.

As mensagens, apreendidas pela PF com o hacker Walter Delgatti Neto, haviam sido repassadas por ele ao jornalista Glenn Greenwald, do Intercept, que as divulgou numa série de reportagens em parceria com outros veículos da mídia, no que ficou conhecido como a Vaza Jato.

Alegando direito à privacidade, os procuradores tentaram impedir o acesso da defesa de Lula às mensagens, agora sem dizer que o conteúdo é falso.

Quando o escândalo estourou, os procuradores lançaram dúvidas sobre a autenticidade das conversas ou alegaram que elas teriam sido tiradas do contexto.

As sete mensagens foram divulgadas com exclusividade pela revista Veja.

De acordo com a defesa de Lula, elas provam não só a troca ilegal de informações entre juiz e promotor, que atuaram conjuntamente, mas outras ilegalidades: troca de correspondência entre a Força Tarefa e autoridades de outros países sem passar pelos canais formais; quebra de cadeia de custódia das provas que poderia tê-las “contaminado” e “busca selvagem” e “lavagem de provas” com o conhecimento de Moro.

Contato com autoridades suiças e norte-americanas sem pedido formal de cooperação internacional

Na mensagem acima, Moro e Deltan trocam informações sobre contas da Odebrecht investigadas no Exterior por autoridades dos Estados Unidos e da Suiça.

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Porém, a Força Tarefa da Lava Jato no Paraná jamais formalizou pedido de cooperação internacional, que deveria ter passado pelo Ministério da Justiça.

Como se lê na mensagem, Moro estava interessado em saber detalhes de investigações das quais deveria se manter afastado.

“Mantenha-me informado por gentileza”, escreveu o juiz, agindo como ‘investigador’.

De acordo com a mensagem,  o juiz estava focado no marqueteiro do PT João Santana — e recebeu de Dallagnol a informação de que Santana era dono de uma conta, de nome shellbill, no Exterior.

Professor Moro

Na mensagem acima, Moro instrui Dallagnol sobre como agir com os dados dos sistemas internos de contabilidade da Odebrecht, o Drousys e o My Web Day.

Mensagens vazadas pelo Intercept demonstram que um ano antes de fechar acordo de delação premiada com 78 executivos da Odebrecht, no entanto, os promotores já tinham obtido dados do Drousys, de forma clandestina, através de investigadores suiços.

Isso levanta dúvidas sobre a cadeia de custódia, ou seja, se as provas foram mantidas intactas, sem chance de serem adulteradas.

Se acessaram as provas antes da formalização do acordo com a Odebrechet, em tese, os procuradores poderiam tê-las manipulado.

A quebra de cadeia de custódia é algo gravíssimo nas ações penais.

Tacla Durán

De acordo com a mensagem acima, Deltan e Moro conversaram até sobre o advogado Rodrigo Tacla Durán, que denunciou uma “indústria de delações premiadas” em Curitiba que, segundo ele, beneficiava uma panelinha de advogados, dentre os quais o compadre de Moro, Carlos Zucolotto Junior.

Durán disse que pagou a primeira parcela de um esquema de extorsão — de U$ 612 mil — ao advogado Marlus Arns para não ser preso pela Lava Jato. O valor total seria de U$ 5 milhões.

Durán jamais foi ouvido como testemunha, mas suas denúncias foram reabertas pelo atual PGR, Augusto Aras.

Outro fato salta das mensagens, ainda sem explicação.

Quando tratam da prisão do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, Deltan aparentemente defende a apreensão dos telefones do parlamentar, mas Moro diz: “Acho que não é uma boa”.

Uma hipótese para tal comportamento do juiz é que no celular ou celulares de Cunha poderiam ser encontradas mensagens comprometedoras para Michel Temer, que assumira o Planalto depois de golpear Dilma Rousseff.

Temer assumiu o cargo em definitivo no dia 31 de agosto de 2016 e a prisão de Cunha aconteceu no dia 19 de outubro.

É possível especular que, depois de derrubar Dilma, acusar Lula e criminalizar o PT, Moro tinha cumprido sua tarefa e não queria causar turbulência política.

Eventualmente, ele se tornou ministro da Justiça do sucessor de Temer, Jair Bolsonaro, a quem ajudou eleger vazando a delação premiada de Antonio Palocci a uma semana do primeiro turno das eleições presidenciais de 2018.

“Não é uma boa”

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Comentários

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Barrabás

Simplesmente se alguém depender dessa justiça brasileira tá fudido.
Vai perder o processo e nem vai saber que a empresa comprou até o juiz.
Ele calculou que ser presidente da muito mais dinheiro que ser juiz. E principalmente fama. Já que a maioria são anônimos no meio do povo.

Zé Maria

O STF queria PROVAS da Parcialidade do Juiz Moro
para julgar a Suspeição no Habeas Corpus do Lula ?
Aí estão!

Carlos Alberto Real

Conversa entre criminosos. Justiça? Que mané Justiça? Legalidade? Para que isso?

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