Fernando de Barros e Silva: Extrema direita, direita, a imprensa na sucessão de 2022 e o centro imaginário

Tempo de leitura: 6 min
Fotos: Antônio Cruz, Fábio Rodrigues Pozzebom e Válter Campanato/ Agência Brasil

O centro imaginário

Extrema direita, direita e imprensa na sucessão de 2022

Por Fernando de Barros e Silva, na Piauí

Luciano Huck, Sergio Moro, João Doria Jr., Hamilton Mourão, Luiz Henrique Mandetta.

O que esses nomes têm em comum?

Todos votaram em Jair Bolsonaro em 2018 e todos têm a pretensão de suceder a Jair Bolsonaro em 2022.

O que mais eles têm em comum? Com exceção de Huck, todos serviram a Bolsonaro ou se serviram de Bolsonaro em algum momento nos últimos dois anos.

Huck, além do voto, disse apenas que o capitão tinha “uma chance de ouro de ressignificar a política no Brasil’’.

Registre-se, porque não é uma frase trivial – e ninguém tem o direito de alegar inocência a respeito de Bolsonaro.

Seu governo é um desdobramento fiel do que ele sempre disse e sempre foi.

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Com exceção do vice Mourão – mas não muito –, todos hoje são opositores de Bolsonaro – mas talvez também não muito.

Vamos supor que a eleição em 2022 seja novamente “polarizada”.

Vamos fingir, como exercício de imaginação, que Bolsonaro enfrentará Lula (ou Fernando Haddad), ou ainda Ciro Gomes no segundo turno.

Seria, mais uma vez, “uma escolha muito difícil” entre “dois extremos” (já posso deixar pronto o editorial).

Nesse cenário hipotético, em quem votariam Huck, Moro, Doria, Mandetta e Mourão?

Não sabemos a resposta, obviamente, mas eu arrisco dizer que, com Ciro no jogo, talvez um ou no máximo dois deles votassem contra a reeleição da extrema direita.

Se a disputa fosse contra o PT, todos eles arrastariam suas fichas mais uma vez para o lado do capitão.

São essas pessoas que a imprensa vê como “alternativas de centro” na política brasileira.

O assunto veio à baila no último domingo, quando o repórter Fábio Zanini publicou na Folha que Huck e Moro haviam almoçado na casa do ex-juiz, em Curitiba, no dia 30 de outubro.

Conversaram pela primeira vez pessoalmente sobre uma possível aliança na eleição presidencial.

O texto começava assim: “Dois dos principais nomes do centro na política, o apresentador Luciano Huck e o ex-ministro Sergio Moro…”

O impacto do furo acabou se misturando às reações contra a localização de Moro no espectro político feita pelo jornal.

Então para a Folha o ex-ministro de Bolsonaro é de centro?

Mas ele não é o defensor incansável do excludente de ilicitude?

Não é Moro quem insiste em afrouxar a lei a fim de deixar a polícia brasileira mais à vontade para executar seu serviço, embora essa já seja uma das polícias mais assassinas do mundo?

Que centro é esse, que legisla no intuito de institucionalizar a barbárie e joga para escanteio qualquer preocupação com os direitos humanos?

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, saiu dizendo que seu partido, o Democratas, jamais apoiaria um “representante da extrema direita”, como Moro, em 2022.

O ecossistema político está tão degradado pelo efeito tóxico do bolsonarismo que o antigo PFL aparece como uma salvaguarda à destruição do país.

Em parte isso é verdade (uma fração da velha direita está segurando a boiada), em parte é jogo de cena de Maia, preocupado em não perder lugar à mesa nas conversas sobre 2022.

Maia e Huck almoçaram na segunda-feira, e o tom das críticas a Moro diminuiu muito depois que o democrata se viu de barriga cheia.

Na mesma segunda-feira, o jornal O Globo publicou uma entrevista exclusiva com Moro.

Precisamos pôr fim ao ciclo de ódio era o título, retirado de uma frase do ex-ministro, em que ele identificava Bolsonaro e Lula como os polos daquilo que o país precisa superar.

Ao ser questionado sobre o envolvimento do senador Flavio Bolsonaro no escândalo das rachadinhas, Moro ignorou a pergunta e passou a falar da omissão do governo em relação ao restabelecimento da prisão em segunda instância e da falta de apoio que diz ter sentido quando apresentou seu pacote anticrime.

Sobre os milicianos que orbitam a família do presidente da República, nenhuma palavra.

Mais adiante, a jornalista Bela Megale pergunta: “Como enxerga o presidente Bolsonaro hoje?”

A resposta: “Não tenho nenhum sentimento de animosidade. O que eu vejo, a distância, e ainda quando estava no governo, é que falta um ímpeto mais reformista.”

Em outras palavras, Moro parece se incomodar com a pouca funcionalidade de Bolsonaro.

Falta “ímpeto reformista” – mais liberdade para a polícia matar, melhor ambiente para os negócios.

No mais, “nenhum sentimento de animosidade”. A figura do presidente da República é poupada pelo chefe da Lava Jato.

Na terça-feira, mesmo dia em que a Folha buscava recalibrar seu radar ideológico, identificando a dupla Huck-Moro como sendo de “centro-direita”, Merval Pereira escrevia no Globo uma coluna intitulada A busca do equilíbrio.

Começava dando um puxão de orelhas em Rodrigo Maia, onde já se viu chamar Sergio Moro de “extremista de direita”?

Isso não era mais do que “um abuso de linguagem com objetivo político”. Vou poupar o leitor de mais detalhes. Moro pode mandar emoldurar e pendurar mais essa peça de propaganda na parede.

Menciono Merval porque ele é o típico comentarista de direita que está eternamente fazendo a defesa ou a apologia desse “centro imaginário”.

Merval é um sintoma pedestre das ilusões que a classe dominante alimenta sobre si mesma. Não é o único.

A certa altura da campanha de 2018, a direção da Folha fez circular entre seus jornalistas um comunicado segundo o qual Jair Bolsonaro deveria ser caracterizado como candidato de “direita”, apenas.

Valendo-se de uma interpretação qualquer do Manual da Redação, a nota decretava que o adorador de Brilhante Ustra não poderia ser colocado na prateleira da “extrema direita”. É bastante chocante. Aqui estamos.

A eleição de Joe Biden nos Estados Unidos, as eleições municipais por aqui e as perspectivas sombrias para o país, sobretudo na área econômica, mas também além dela, estão precipitando o debate sobre a sucessão de Bolsonaro.

É exasperante pensar que as eleições ocorrerão só em 2022. E virtualmente impossível imaginar a permanência de Jair Bolsonaro no comando do país até 2026.

O impacto político provocado pela notícia de um simples encontro entre Luciano Huck e Sergio Moro mede um pouco a temperatura do momento.

Entramos na temporada das danças do acasalamento. Há uma inflação de pavões no campo conservador, cada um deles apostando que a configuração extremamente complicada dos próximos anos lhes dará uma oportunidade única de ocupar a cadeira de Bolsonaro.

Isso até certo ponto também vale para o campo progressista, onde, no entanto, as candidaturas não serão novas.

A ideia de que possa ainda haver uma frente ampla contra Bolsonaro soa cada vez mais como um devaneio.

Lula e Ciro lavaram a roupa suja, mas não há, por ora, nenhum sinal de que a conversa que tiveram irá desembocar na construção de uma candidatura única. Deixemos de lado, por enquanto, a oposição de centro-esquerda.

Mesmo afastado do poder, Sergio Moro parece mais do que nunca interessado no jogo da sucessão.

A imagem do juiz destemido que enfrentou o baronato das empreiteiras e colocou Lula na prisão ainda lhe confere dividendos políticos.

Apesar de tudo, Moro preserva parte significativa do cacife que acumulou durante a Lava Jato. Ao mesmo tempo, é uma pessoa pouco efusiva, de temperamento um tanto macambúzio, e seu horizonte parece ser irremediavelmente provinciano.

Ninguém sabe o que acontecerá, mas é mais fácil imaginar Moro como vice de Luciano Huck ou de João Doria do que o contrário.

O governador de São Paulo só deixará o cargo se for candidato à Presidência.

Huck também não arriscaria largar sua boa vida no caldeirão a não ser como presidenciável.

Repito: tudo pode mudar, nunca se esqueçam daquela história de que a política é como nuvem, mas hoje a disputa do campo liberal-conservador se dá sobretudo entre Doria e Huck.

Na falta de definição melhor, são ambos pós-tucanos. São também dois riquinhos, ou ricaços, homens de negócios que alavancaram suas carreiras usando a tevê, embora em graus muito distintos.

Luciano Huck é uma celebridade global, Doria lembra um primo distante de Amaury Júnior ou uma versão coxinha de Otávio Mesquita.

Embora o governador paulista pertença ao PSDB (poderia estar no Novo ou no Podemos, tanto faz), é Huck quem tem ligação orgânica com as viúvas de Fernando Henrique Cardoso.

Há muita gente qualificada do antigo tucanato trabalhando na gestação de sua candidatura – isso há anos, como quem cuida de uma gravidez planejada.

Mas Huck, na verdade, tem ligação com todo mundo. Ele é o amigo do amigo do amigo do amigo do amigo – como canta Skowa na insuperável Amigo do Amigo, de 1989 –, desde que isso lhe renda algo, em sentido literal ou figurado.

É nesse sentido específico que Huck talvez seja mesmo um político, ou um futuro político “de centro”.

Ele quer se dar bem com todos. Quer gerir o Brasil dissolvendo os conflitos em fogo brando, como se estivesse cozinhando de forma lúdica num imenso caldeirão.

É isso o que de certa forma ele já faz em seu programa vespertino. Nas suas mãos, a miséria se transforma em entretenimento, a violência brasileira se desfaz em registros televisados de sentimentalismo e comunhão.

Releio o perfil que a piauí publicou do apresentador em 2018 e recrio na imaginação uma cena a partir dos elementos dispersos no texto.

O helicóptero apanha Huck em sua casa, no bairro do Joá, onde ele, Angélica e os três filhos dividem o terreno de 17 mil metros quadrados com doze funcionários, a maior parte uniformizada de branco, da camiseta às sandálias.

Como o lugar é espaçoso, há um carrinho de golfe para levar as pessoas de um canto a outro da propriedade.

O helicóptero deixa Huck no aeroporto Santos Dumont, de onde ele partirá em seu jatinho particular para algum cafundó do país.

Chegando ao lugar, ele é recebido efusivamente – pequenas multidões aglomeradas tentam se aproximar, abraçar, beijar e tirar fotos a seu lado.

A produção do Caldeirão já se encarregou de tudo, e basta ao apresentador gravar as cenas com a família que receberá dele uma casa inteiramente reformada. As pessoas se comovem, quase sempre choram, não sabem o que fazer para agradecer o presente dos céus.

Quando tudo termina, Huck tem que enfrentar uma nova multidão de fãs antes de pegar o jatinho de volta ao Rio.

Chegando no Santos Dumont, o mesmo helicóptero o conduz sobre a cidade até sua casa em poucos minutos.

Mais um dia de trabalho, mais uma boa ação, mais uma viagem cumprida. Não há como discordar: Luciano Huck, a esperança do centro contra os extremos, conhece profundamente o Brasil.

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Zé Maria

Entrevista: MANUELA D’ÁVILA 65, FUTURA 1ª PREFEITA DE PORTO ALEGRE
Concedida ao Jornalista Marco Aurélio Weissheimer, no Sul21, em 21/10/2020

Sul21: Diante desse cenário [de Abandono da Cidade de Porto Alegre],
qual a estratégia central que sua campanha e seu programa de governo
propõem para enfrentar esses problemas?

Manuela65: “Nós temos quatro propostas que consideramos prioritárias para
recuperar a cidade e cuidar das pessoas.

A primeira delas é uma política bastante ampla de geração de trabalho e renda
para as pessoas.

A situação econômica da cidade é um tanto assustadora e enseja preocupação.

Temos 224 mil porto-alegrenses que vivem, hoje, da renda emergencial e, a partir
do dia 1º de janeiro não terão mais essa renda.

Além disso, 18% de nossos desempregados buscam trabalho e renda, de forma
contínua, há mais de dois anos.

Esse “Programa de Geração de Trabalho e Renda” é focado, em primeiro lugar,
em uma política de microcrédito.
Vemos hoje, na periferia sobretudo, um conjunto de mulheres e homens
que passam a empreender, seja em função do desemprego, seja em função
do trabalho muito precarizado após a Reforma Trabalhista.
Acreditamos que, com o fundo garantidor da Prefeitura, podemos alcançar
a soma de R$ 200 milhões em um programa de microcrédito.

Para termos um exemplo, Santa Catarina, com R$ 220 milhões gerou 20 mil [!!!]
empregos diretos.

A segunda proposta está associada aquilo que, teoricamente, é chamado
de economia do uso comum, que é a construção de circuitos econômicos
mais curtos.
Nós acreditamos que as compras públicas governamentais têm um papel
estratégico para garantir trabalho, renda e desenvolvimento econômico
para a nossa cidade.
A Prefeitura gasta hoje cerca de R$ 1,7 bilhões em compras governamentais
e só 8% desses recursos beneficiam micro e pequenas empresas, e muitas delas
não são daqui.
Nós queremos passar a gastar 20%, o que significa R$ 340 milhões para a economia da cidade.
Estamos falando, por exemplo, do pão que vai para a escola ou para a creche
conveniada ser produzido na padaria do bairro, ou das frutas e hortaliças
produzidas por nossos agricultores abastecerem as nossas escolas.
Isso significa ainda, para citar outro exemplo, o EPI dos nossos profissionais
de saúde ser produzido por cooperativas da economia solidária formadas
por mulheres de nossas comunidades.
Acreditamos que é possível, por meio das compras públicas governamentais,
garantir um volume significativo de trabalho para a nossa população.

Outra prioridade nossa está relacionada à recuperação do ano letivo.
Aqui, há duas preocupações.
Uma delas é a recuperação do ano letivo em si.
O CNE (Conselho Nacional de Educação) já preconizou que 2021 será um ano
de ensino híbrido continuado.
Mas há também o tema da evasão escolar para enfrentar.
Uma das razões que explicam a nota do Ideb (Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica), que foi tão amplamente, repercutida, é o fato de termos um
grande número de alunos que reprovam.
Na verdade, esses alunos que reprovam são alunos que mantém a matrícula,
na sua maioria, e vão nas escolas eventualmente para se alimentar.
A maior parte deles acaba rodando por faltas.
Com a crise na educação e na economia, as crianças voltarão a trabalhar.
Já estamos vendo isso nas sinaleiras.
Voltamos ao Brasil da década de oitenta.
Eu nunca fui adulta com crianças trabalhando nas sinaleiras.
Eu era criança na época em que isso acontecia nesse volume que estamos
voltando a ver agora.
Então, no nosso entendimento, o tema da recuperação do ano letivo passa,
em primeiríssimo lugar, pelo programa Nossa Renda Emergencial, uma política
vinculada à primeira infância e à infância.
É uma renda vinculada à permanência de crianças nas escolas. Isso representa,
ao mesmo tempo, combate ao trabalho infantil e a possibilidade de recuperarmos
o ano letivo na rede municipal.

Em cima disso, queremos trabalhar com a ampliação de horas aulas, mas
como sabemos que o ensino será híbrido, temos um segundo problema:
88% das crianças da rede não tem internet.
Nós temos um programa que chamamos de “Mil Pontos de Wi-Fi Gratuitos”,
a partir dos pontos de internet que já estão conectados em escolas e unidades
básicas de saúde e que podem, com um investimento de R$ 18 milhões da
Prefeitura, virar transmissores de internet nas suas comunidades.
Isso tem a ver com a escola, mas também tem a ver com geração de trabalho
e renda.
Assim, além da ampliação das horas-aula, que é o centro da recuperação
presencial, temos essas ideias para assegurar que esses estudantes permaneçam
vinculados à escola e não sejam obrigados a sair para trabalhar, como crianças
que são, e que tenham a possibilidade de acessar a internet.

Outra proposta prioritária de nossa programa é o que estamos chamando
de Plano Emergencial de Assistência Social.
E dentro desse plano há o Programa “Fome Zero Municipal”.
A nossa leitura da cidade tem relação com o empobrecimento muito veloz
do nosso povo.
O Fome Zero municipal pretende descentralizar restaurantes populares
e estabelecer parcerias com cozinhas comunitárias, garantindo que ninguém passe fome na cidade.
Se eu conseguir depois de quatro anos ser a prefeita de uma cidade em que
as crianças não estão evadindo da escola e onde as pessoas não passam fome,
já será algo muito simbólico e importante para a vida dessas famílias.
Não foi por acaso que, quem levou o Nobel da Paz esse ano, foi justamente
a ação da ONU de combate à fome.
Para mim, esse não é um tema irrelevante.

Por fim, outra prioridade do nosso programa é o tema da gestão própria
da vacina.
Lamentavelmente, o governo Bolsonaro, além de não fazer uma gestão
da vacina, produz crises diplomáticas com países que são muito importantes
neste debate, como é o caso da China.
Nós, evidentemente, queremos que a vacina seja objeto do SUS (Sistema Único
de Saúde) para garantir, assim, a imunização de todo o povo brasileiro.
Hoje, temos o Estado de São Paulo fazendo a sua gestão, a Bahia e outros estados
do Nordeste fazendo a sua gestão.
Precisamos garantir que Porto Alegre entre na fila.
A vacina não vai ficar nos esperando.
Quando ela for protocolada, o mundo entrará numa nova disputa.
Precisamos garantir nossa posição neste processo até porque o SUS
vem sendo destruído por um ministro que sequer sabia que ele existia
até assumir.”

Íntegra: (https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/politica/eleicoes-2020/2020/10/manuela-ha-um-sentimento-no-povo-de-que-e-preciso-interromper-o-ciclo-politico-de-abandono-em-porto-alegre)

    Zé Maria

    http://www.facebook.com/watch/?v=2759415797677325

    A Cidade que Queremos conversa com
    Manuela D’Ávila (65) e Miguel Rossetto (PT),
    futura Prefeita e seu Vice em PoA-RS.

    https://www.brasildefators.com.br/2020/10/09/a-cidade-que-queremos-conversa-com-manuela-d-avila-e-miguel-rossetto

    Zé Maria

    Sobre Gestão da Saúde em Porto Alegre

    Contra a Privatização e a Terceirização.
    Reativação dos Conselhos Municipais.
    (Re)composição das Equipes de
    Atendimento à Saúde da Família.

    Manuela 65: “Primeiro, os conselhos vão ser reativados, não só o da saúde.
    A participação popular nas decisões dos rumos da cidade será a nossa marca de governo.
    Nós fomos a cidade que melhor aperfeiçoou os mecanismos de participação, que foi o Orçamento Participativo, nos anos 90, muito antes dos mecanismos de transparência que temos hoje.
    Portanto, é inadmissível que tenhamos perdido espaço.

    Sobre a gestão das Unidades Básicas de Saúde: nós somos frontalmente contrários à privatização e à terceirização da gestão pública da saúde.
    Aliás, a pandemia nos mostra o papel estratégico da saúde pública e territorializada.
    Um exemplo é o que aconteceu no posto da Tuca, onde metade dos trabalhadores era do IMESF [Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família de Porto Alegre – que foram demitidos pela prefeitura] e a outra metade era do Hospital Divina Providência.
    O que nós pretendemos: obviamente, queremos a manutenção do IMESF.
    Inclusive sei que o Congresso Nacional está debatendo a regularização deste tipo de instituto.
    Se essa alternativa nos for oferecida, manteremos.
    Se não, já planejamos a constituição de uma empresa pública, tal qual o Hospital de Clínicas, pois queremos reaproveitar esses trabalhadores que foram concursados e já estabeleceram vínculos com a comunidade, um dos objetivos da estratégia de saúde da família, que pressupõe cuidado e vínculo, conhecer a região.

    Outro tema relacionado é garantir que os atendimentos das equipes de saúde da família sejam feitos por equipes completas, mais de 40% das equipes são incompletas.
    Em alguns lugares não tem dentista, outro não tem atendimento psicossocial, etc.”

    https://www.brasildefators.com.br/2020/10/09/a-cidade-que-queremos-conversa-com-manuela-d-avila-e-miguel-rossetto

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