Milton Pomar: O que os generais esperavam após apoiarem um ex-capitão preso por quebra da hierarquia militar?

Tempo de leitura: 2 min
Fotos: Marcos Correa/PR

A hierarquia, o ex-capitão e os generais

“Agora, ao invés da sua “imagem”, é melhor os militares se preocuparem com a situação desesperadora da maioria da população, porque a fome está batendo na porta de cada vez de mais casas no Brasil”, adverte o geógrafo Milton Pomar. “E a fome não respeita hierarquia”.

Por Milton Pomar*, no site do PT Nacional

Generais prezam muito a hierarquia e evitam meter-se em política, exceto os que articularam a eleição do ex-capitão e continuam trabalhando por sua manutenção na presidência.

Desde que ele começou a mandar em generais, o desconforto tem crescido entre os oficiais superiores, porque o ex-capitão parece não poupar nada nem ninguém.

O jornalista Gerson Camarotti, da Globo, comenta em seu blog hoje (13/11), sobre esse desconforto, no dia seguinte à fala do comandante do Exército, Edson Pujol, que afirmou que “os militares não querem fazer parte da política, muito menos deixar ela entrar nos quartéis”.

O vice-presidente general Mourão teria dito ao jornalista que “a política nos quartéis acaba com a disciplina e com a hierarquia.”

Impressiona o esforço desses dois generais em tentar negar o óbvio.

O atual presidente da República quebrou a hierarquia de maneira pública e acintosa quando ainda estava no Exército, em 1986, e foi a partir desse crime militar que ele se projetou para a política.

Generais o absolveram no Supremo Tribunal Militar, em 1988. E foram novamente generais a resgatá-lo da mediocridade parlamentar, em 2015, acenando com a perspectiva de sucesso em uma então improvável candidatura presidencial.

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Os que o procuraram para a aventura da presidência sabiam exatamente quem era o ex-capitão, porque havia sido preso em 1986 e como fora absolvido em 1988.

Registre-se que essa iniciativa foi liderada pelo então ministro do Exército, general Villas Boas.

Mais do que a estupidez verbalizada a três por quatro pelo ex-capitão, o que preocupa e envergonha a Nação é a sucessão de fatos trágicos do desgoverno federal, que mantém o Brasil à deriva: pandemia descontrolada, a maior quantidade de mortos em tempo de paz, 52 milhões de pessoas na pobreza, economia destroçada, instituições em situação caótica, Pantanal queimado, Amazônia desmatada e incendiada, desemprego, inflação dos alimentos, desindustrialização, importação de soja, tentativa de sabotagem da vacinação contra a Covid-19, isolamento internacional…

E o que será das 66 milhões de pessoas que receberam ajuda emergencial, a partir de janeiro de 2021, quando já não poderão mais contar com os míseros R$300,00 mensais?

Os generais não externam preocupação com esse quadro verdadeiramente explosivo, nem com os crimes de responsabilidade cometidos pelo ex-capitão, que embasam os processos de “ impeachment” contra o presidente da República – consta que já seriam mais de 50, sob a guarda do presidente da Câmara dos Deputados.

Nesse contexto de pesadelo interminável, a preocupação dos generais com a “imagem” deles próprios é realmente notável: “Ao blog, um general da reserva alertou que na gestão Bolsonaro os militares estão sofrendo uma espécie de humilhação pública.”

Após apoiarem um “mau militar”, preso por quebrar a hierarquia, e absolvido em segunda instância por acordo político de oficiais superiores, o que os generais esperavam, além do considerável aumento salarial que conseguiram?

Agora, ao invés da sua “imagem”, é melhor os militares se preocuparem com a situação desesperadora da maioria da população, porque a fome está batendo na porta de cada vez de mais casas no Brasil. E a fome não respeita hierarquia.

Milton Pomar é geógrafo, mestre em Políticas Públicas. Serviu Exército em 1978.

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Comentários

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J. Miguel

Antes eu achava que os figurões do PT fossem somente ingênuos. Mas agora já acho que é má-fé. Os militares mandam no governo Bolsonaro e não o contrário. Eles são o tal do “DESgoverno”. Fingem haver dissenso, mas não há. Enquanto isso, transformam o Estado em um enorme aparato de vigilância, enquanto o país e a população empobrecem de maneira sólida e veloz. E a ex-querda? Foge do povo como o diabo foge da cruz e vive de discurso lacrador.

Parabéns! Conseguiram destruir a esquerda. Por dentro.

Zé Maria

Enquanto esses Milicos tergiversam sobre os apoios
que deram aos Golpes de Estado no curso da História,
se arvorando no uso da palavra Democracia, cujo
verdadeiro significado nunca souberam, no Brasil,
o País ultrapassa o número de 165 Mil Mortes por
COVID-19, atingindo + de 5 Milhões e Oitocentos Mil
Infectados pela Doença, apontando para alta no
número de Casos e Óbitos, na última semana,
voltando a registrar número próximo a 50 Mil Casos,
somente no dia 11/11, e quase 1.000 óbitos no dia 12.

https://www.worldometers.info/coronavirus/country/brazil/
https://www.worldometers.info/coronavirus/

Henrique Martins

https://www.brasil247.com/poder/lula-confirma-que-gleisi-conversou-com-tatto-sobre-apoio-a-boulos

De fato eu não esperava que Tatoo fosse generoso, mais fico feliz em saber que a cúpula do PT tentou.

a.ali

milicada hipócrita: participaram e participam desse DESgoverno e agora, querem dar uma de isentões…larguem os carguinhos, abram mão das mordomias, botem um trabalho nesses corpos acostumados a não fazer nada a vida toda…cambada de PATIFES!!!!

Henrique Martins

https://www.brasil247.com/mundo/quando-nao-se-tem-projeto-o-voo-e-curto-diz-professor-reginaldo-nasser-sobre-trump-e-a-extrema-direita

O problema é que Trump tem um projeto sim: o ódio.

Zé Maria

O Fetichismo Anticomunista na Direita Ocidental

Por Almir Felitte, no Justificando

http://www.justificando.com/2018/02/20/direita-ocidental-enxerga-o-mundo-atraves-de-fetiches/

    Zé Maria

    “Era aluno do segundo ano Científico do Colégio Militar do Rio.
    Vibrei com a queda de João Goulart, um cancro na política brasileira”,
    disse o General Augusto Heleno ao Estadão.
    A exemplo de Bolsonaro, Heleno não chama o golpe de golpe.
    Na sua definição, houve um movimento para conter o avanço
    do comunismo no País.
    No começo da década de 1970, Heleno foi instrutor na AMAN
    – Academia Militar das Agulhas Negras – no Rio de Janeiro
    onde se formaram o ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo,
    Carlos Alberto dos Santos Cruz (turma de 1974), o vice-presidente
    General Hamilton Mourão (1975) e o próprio ex-Tenente Bolsonaro (1977).

Zé Maria

“Chegou no máximo a Capitão … Na Carreira Militar,
não passou da fase do físico pro intelectual”
Mourão explica:
https://www.facebook.com/bostanaro.verme/videos/mour%C3%A3o-chama-bolsonaro-de-burro-de-forma-elegante/697655054408411/

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