Com emissoras se negando a fazer seu papel, Boulos tenta BBB para tomar simpatizantes do PT que escolheram Russomano

Da Redação

Alegando o risco de transmissão do coronavírus, emissoras de TV — Globo, Record, RedeTV, CNN –, que são concessões públicas, cancelaram os debates que em geral antecedem o primeiro turno das eleições municipais.

O prejuízo será para os candidatos que dispõem de pouco tempo na propaganda oficial de TV, para os desconhecidos do público e para os que não estão concorrendo à reeleição.

Serão beneficiados os que dispõem de padrinhos que tem grande penetração nas redes sociais, como o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula.

O jornalista Rodrigo Vianna fez uma interessante análise do quadro eleitoral no País, em sua conta no twitter, a partir das primeiras pesquisas divulgadas por Ibope e Datafolha.

“As pesquisas indicam que o DEM (que já foi dado como morto em 2006) deve substituir PSDB como principal legenda de centro-direita. MDB e PSDB vão definhar. PP se fortalece. Curioso: PP+PFL = velha Arena/PDS de volta”, escreveu.

“DEM tem boas possibilidades no Rio, Curitiba, Florianópolis, Salvador. E a filial do DEM, o PSD, pode ganhar em BH, Campo Grande e Goiânia. O PSDB tem chances apenas em Natal e (talvez) SP”, acrescentou.

Rodrigo acredita que a centro-direita vai se beneficiar da aliança com o bolsonarismo:

“Acho que mais perigoso seria o bolsonarismo virar uma força orgânica.E o quadro eleitoral indica que, das 3 forças do país (centro-esquerda, direita tradicional e extrema direita bolsonarista), é a segunda que deve colher mais vitórias nos principais municípios”, opinou.

Ele vê a esquerda pulverizada: “Pulverização na esquerda. PSOL deve ganhar Belém. E cumpre bom papel em Floripa e SP. PT tem chance no Recife, em cidades médias da Bahia, e pode recuperar algum terreno na Grande SP. PDT pode surpreender no Rio. PSB forte no Nordeste. PCdoB tem Manuela no RS e pode disputar Olinda”.

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Não há dúvida, no entanto, que o grande prêmio de 2020 é São Paulo.

O atual prefeito Bruno Covas (PSDB) é favorito. Celso Russomano (Republicanos) em geral larga na frente, mas acaba fora do segundo turno — na expressão popular, é o cavalo paraguaio do turfe.

Este ano, no entanto, o apoio explícito do presidente da República pode garantir a ele um bloco suficientemente grande de votos para garantir o segundo turno.

Na mais recente pesquisa do Datafolha, há um dado verdadeiramente animador para a chapa do Psol, que o próprio candidato replicou:

O crescimento de 3% na pesquisa foi resultado de um aumento na taxa de conhecimento do candidato, que saltou de 46% para 54%.

Russomano continua liderando com 27%, seguido por 21% de Covas, sempre de acordo com o Datafolha. Boulos subiu e isolou-se em terceiro com 12%.

Covas terá 3 minutos na propaganda eleitoral, Russomano 1 minuto e Boulos apenas 17 segundos.

Por isso, o psolista decidiu fazer um BBB: o acompanhamento de suas atividades em transmissões contínuas no Facebook e no You Tube.

Covas tem a maior rejeição (31%), seguido de perto por Russomano (29%). Boulos é rejeitado por 23%.

Russomano, de acordo com o Datafolha, tem 36% de preferência entre os simpatizantes do PT em São Paulo, contra 17% de Boulos.

Se houver a virada pretendida pelo psolista, será nesta faixa do eleitorado que simpatiza com o PT e que, pelo menos antes da propaganda eleitoral, se vê órfã de um candidato.

Resta saber qual será o impacto da presença do ex-presidente Lula na propaganda do candidato do PT Jilmar Tatto.

Boulos, aparentemente, aposta tudo no Celtinha prata, que dialoga com a periferia paulistana.