Neila Batista: A volta ao velho normal está vencendo, apesar do aumento de covid em algumas regiões?
Tempo de leitura: 2 minA volta ao velho normal está vencendo?
por Neila Batista*, especial para o Viomundo
O feriado prolongado de 7 de setembro estabeleceu uma linha divisória no comportamento da sociedade brasileira perante a Covid 19.
Há os que se renderam ao stress do isolamento social de meses, ainda que reconhecendo os perigos da Covid 19, e foram às ruas vestidos com as máscaras, evitando aglomerações e exercitando a higiene das mãos.
Há os que simplesmente relaxaram. E até usavam a máscara de forma protocolar, para ter direito a entrar no comércio. Não pela convicção da necessidade.
Voltar às atividades sociais e às econômicas era e é inevitável. O desafio é estabelecer condições e cronogramas.
O mero retorno ao “velho normal” é o que não deveria ter ocorrido.
As consequências vieram entre 15 e 20 dias: um evidente freio na leve tendência estabilização de internações e óbitos; e, em algumas regiões, ocorreram retomadas da escalada da transmissão do vírus, de forma preocupante.
Tão grave quanto o êxito do velho normal em bares, restaurantes, shoppings é se este se impor a volta às aulas, mesmo que com o distanciamento de carteiras, com a exigência de máscaras e com álcool gel.
Essas três medidas, básicas e indispensáveis, no caso da volta às aulas perderiam boa parte de sua eficácia, em função de medidas estruturais que não foram tomadas com a devida presteza pelos governantes.
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Exemplo disso é a ausência de condicionantes de engenharia e arquitetura, inéditas, nos estabelecimentos de ensino para que a máscara, o distanciamento precário e a higiene das mãos não se tornem meros itens de um “protocolo/placebo”.
Nem mesmo processos licitatórios podem, emergencialmente, serem abertos para dar conta desse atraso agora.
Aliás, os equipamentos comunitários de segurança deveriam ser pensados para todos os espaços públicos e os coletivos privados.
A pactuação coletiva é o que se demanda para a questão da volta às aulas.
Ouvir professoras e professores, além dos demais servidores da educação; ouvir mães e pais; questionar sobre os meios de acesso (da residência de estudantes aos estabelecimentos) e definir mudanças estruturais, no sentido de físicas, nas salas de aula, bibliotecas, áreas de recreio, sanitários etc.
Uma questão central seria, para fechar o exemplo anterior, estender o diálogo para médicos da área da saúde do trabalhador, profissionais da saúde mental e profissionais da assistência social, incorporando aí conselheiros e conselheiras tutelares, para melhor apreender o universo da desejada volta.
Governadores e prefeitos, a despeito de alguns acertos importantes, ficaram numa postura passiva perante o Judiciário e se expuseram a pressões corporativas restritas.
E ainda tiveram como elemento desestabilizador as atitudes irresponsáveis de Jair Bolsonaro.
A força para se opor a essas pressões “relaxantes” só poderia vir de um sólido compartilhamento de discussões e decisões com um público mais amplo. Participação é a palavra chave.
Se levarmos em consideração as segundas ondas na Ásia, na Europa e nos EUA, que ocorreram em circunstâncias ainda mais preparadas que as nossas, a volta ao e pelo “velho normal” pode anular tudo de bom que a consciência do novo normal conseguiu avançar.
E aí teremos que concordar que o país foi derrotado na guerra contra o novo coronavírus.
*Neila Batista é assistente social, vice-presidenta do PT-BH (MG) e ex-vereadora na capital mineira.
Comentários
Zé Maria
O ‘Velho Normal’ é a Exploração do Trabalho pelo Capital
que acumula Lucros Exorbitantes. Esse nunca sai de cena.
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