Após despejo violento do Quilombo, justiça de Minas sinaliza que aposta na mediação para evitar conflitos
Tempo de leitura: 3 minDa Redação
Neste sábado, 12-09, faz um mês que a Polícia Militar iniciou a execução da reintegração de posse no acampamento Quilombo Campo Grande, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais.
Foram em vão os apelos das comissões de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados (CDHM), da Assembleia Legislativa mineira e da Nacional de Direitos Humanos (CNDH) à Justiça estadual e ao governador Romeu Zema (Novo) para que o despejo fosse suspenso.
Nem o fato de Minas estar sob decreto de calamidade pública devido à pandemia pela covid-19, colocando em risco policiais e acampados.
Zema e a justiça estadual mantiveram-se intransigentes.
A operação durou até o final da tarde de 14 de agosto.
A truculência dos policiais ainda está na memória de todos que a acompanharam a ação.
O enorme contigente também, como mostra levantamento do Brasil de Fato.
Usaram bombas de gás lacrimogêneo, voos rasantes de helicóptero, ‘’caveirão’’, tropa de choque contra os acampados.
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Crianças, idosos e pessoas com deficiência não foram poupados da violência.
Na tarde de 20 de agosto, o comandante militar da operação impediu que cinco parlamentares mineiros do PT entrassem na área pela via pública de acesso, sob a alegação de que reintegração de posse não tinha terminado e que ele tinha protocolos a seguir.
Os deputados Beatriz Cerqueira, André Quintão, Ulysses Gomes (estaduais), Rogério Correia e Odair (federais) pretendiam apenas se encontrar com as pessoas para conversar.
Beatriz disse-lhe que, como deputada estadual, tinha a prerrogativa de entrar, que os protocolos da Polícia Militar não são superiores a Constituição do Estado.
Pois, nessa quarta-feira, 09-09, Beatriz Cerqueira André Quintão e Rogério Correia tiveram a oportunidade de relatar ao presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador Gilson Soares Leme, a violência e as ilegalidades despejo do Quilombo, promovido pelo governo Zema.
Foi durante reunião no TJMG da qual participaram também a desembargadora Juliana Horta e o desembargador Henrique Abi-Ackel.
“Logo após a operação do Quilombo nós, em nome dos deputados, solicitamos uma audiência com o presidente do Tribunal, já que o despejo foi realizado com uma ordem judicial antiga”, diz Rogério.
”Ele nos recebeu para ouvir nossas opinões e também aproximar o legislativo do judiciário na perspectiva de evitar conflitos e encontrar soluções”, explica.
“A reunião foi muito boa”, avalia o deputado. “O presidente do tribunal quer reforçar o Cejuc”.
Cejuc é um departamento do TJMG.
É a sigla do Centro Judiciário de Ssoluções de Conflitos e Cidadania.
Segundo Rogério, o Cejuc existe para que se tente evitar conflitos e decisões apenas no sentido de retirar as pessoas sem resolver o problema de fundo, que é a falta de acesso à terra ou à moradia.
“A gente espera que a partir dessa reunião tenhamos soluções negociadas como já tínhamos no passado”, observa.
Para a deputada Beatriz Cerqueira, a disposição do presidente do tribunal fortalecer o Cejuc sinaliza que a Justiça estadual vai tentar evitar conflitos e aposta na mediação.
”É o ponto mais importante da nossa visita”, destaca.
Comentários
Zé Maria
‘Mediação de Conflitos’ depois que, por ordem do TJ-MG,
a Polícia Militar Mineira sob o Comando de Romeu Zema
criminosamente dizimou a Agro-Vila dos Trabalhadores
Rurais do Quilombo Campo Grande, despejando, sem dó,
as Famílias que produziam Alimento Saudável, inclusive
inconstitucionalmente afastando as Crianças da Escola.
O Judiciário de Minas Gerais só quer sair bem na foto.
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