Bohn Gass: Mentira espalhada por jornalista bolsonarista mostra que as fake news continuam vencendo
Tempo de leitura: 2 minA vitória das fake news
por Elvino Bohn Gass*, exclusivo para o Viomundo
Uma foto da praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, atulhada de gente, no domingo, 30 de agosto, foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Naquele dia, a covid-19 já causava mais de 120 mil mortes no Brasil que rumava para os 4 milhões de casos.
Eram esses números que conferiam interesse jornalístico à foto. Uma grande aglomeração, numa das cidades mais afetadas pela doença, contrariava as orientações mais básicas das autoridades sanitárias naquele momento.
Mas… um jornalista bolsonarista chamado Guilherme Fiuza resolveu questionar a veracidade da foto, sugerindo que a imagem era antiga, anterior à covid-19. E que o Estadão havia mentido.
Pronto! Estava montado o palco para mais um show de atentados à informação, modalidade em que os bolsonaristas têm se notabilizado.
O que se seguiu foi emblemático do modus operandi da máquina de fake news que a extrema-direita brasileira vem utilizando desde a campanha eleitoral.
Primeiro, criam a versão que bem entendem de um fato (no caso, aqui, o bolsonarista Fiuza acusa o Estadão de mentir).
Depois, acionam os robôs que se encarregam de espalhar a mensagem até que ela viralize.
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Em seguida, vem a desfaçatez que serve parar impedir uma eventual condenação: o autor da mentira apaga a versão fake e, não raras vezes, até se desculpa. Mas, com o cuidado sórdido de não negar a postagem falsa.
E, como acontece com quase todas as fake news inventadas pelo bolsonarismo, os comentários se encarregam de dar um ar de veracidade à desinformação.
Nas respostas ao post do Fiuza viu-se de tudo: desde gente garantindo que estava na praia e que não teria havido aglomeração, até quem descrevesse “detalhes técnicos” de como o jornal havia feito a “montagem”.
De comentário em comentário, a versão mentirosa foi amplificada e, recheada de “detalhes”, ganhou verossimilhança.
O fato é que Ipanema lotou naquele domingo e isso revela que a população está banalizando os riscos da covid-19.
É dever do jornalismo refletir comportamentos desse tipo. Mas qual foi o debate que dominou as horas subsequentes à notícia: o Estadão mentiu ou não?
Mais grave e preocupante: mesmo depois de o jornal provar que a foto era verdadeira, a rede bolsonarista seguiu bombando a mentira. Ou seja, para efeito de opinião pública, as fake news continuam vencendo.
De certo que refinar os mecanismos de identificação das fake news e estabelecer punições severas a quem as produz – e as reproduz – são medidas cabíveis.
Mas, parece que já se tem experiência, exemplo e informação para saber que o mecanismo punitivo é insuficiente.
O desafio, como em qualquer crime, é evitar que aconteça.
E isso passa, necessariamente, pela compreensão de que fake news são mecanismos adaptados às redes sociais para sustentar dogmas de interesse (ideológico, político, econômico, religioso…).
Minha hipótese, então, é de que, para além de punir a distorção e a mentira deliberadas, nossa tarefa mais imediata é reforçar o combate e a desconstituição dos dogmas sobre as quais elas se assentam.
Enfim, que o nosso esforço seja concentrado mais no conteúdo do que na forma.
*Elvino Bohn Gass é deputado federal (PT/RS).
Comentários
Zé Maria
Durante o Governo da Presidente Dilma Rousseff,
esse Verme Fascista foi sustentado e alavancado
pelo Grupo Globo, na Revista Época e n’O Globo,
e agora atua no Programa de Rádio que foi do
Reinaldo Azevedo na Bolsonarista Jovem Pan.
Foi assim que, patrocinados pelo Consórcio de
Mídia Venal Antipetista GAFE*, a maioria dos
promotores de Fake News se criaram no País.
E é pelo descrédito nessa Imprensa Partidária,
ideológica de Direita, que ficou tão fácil para
a população acreditar em notícias falsas.
Fizeram isso contra o PT, farão com os outros.
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