Médicos entregam hoje ao CFM, em Brasília, manifesto por medicina ética, responsável e baseada em evidências
Tempo de leitura: 3 minDa Redação, com informações da ABMMD
Nesta quarta-feira, 02/09, às 15h, representantes da Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD) e da Rede Nacional de Médicos Populares (RNMP) entregam no Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília, a Carta-manifesto em Defesa de uma Medicina Ética, Responsável e Baseada em Evidências Científicas.
Na sexta-feira, 04/09, às 13h, representantes da ABMMD e RNNP fazem o mesmo na sede da Associação Médica Brasileira (AMB), em São Paulo.
O documento, assinado por 1.962 médicos, exigem das duas maiores entidades corporativas da categoria o cumprimento dos compromissos fundadores da profissão.
Os médicos sublinham que o CFM e a AMB têm o dever de zelar pela ética, pela ciência e pelo saber médico.
Eles consideram que a atual pandemia pela covid-19 é o maior desafio para a medicina do século XXI e que não há até o momento evidências de medicamentos comprovadamente efetivos e seguros para o tratamento específico.
Destacam que o grande volume de informações científicas em elaboração pode gerar interpretações equivocadas, às vezes com viés proposital e sensacionalista.
Por isso, frisam, as entidades médicas têm que ter papel garantidor de práticas médicas fundamentadas na melhor ciência.
Nesse sentido, as notas técnicas emitidas pela OMS e instituições científicas como a Fiocruz, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), e as sociedade brasileiras de Infectologia (SBI) e de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) têm reafirmado que faltam evidências sobre o uso profilático da cloroquina e da hidroxicloroquina na covid-19, assim como no tratamento de pacientes leves ou graves.
A propósito do parecer 04/20, do CFM, a Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) e o Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes) enviaram ofício à entidade advertindo quanto à inexistência de evidências científicas de que esses medicamentos são efetivos contra a covid-19.
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Todas essas referências nacionais encontram completo respaldo nos posicionamentos de entidades responsáveis pela saúde pública dos Estados Unidos e do Reino Unido, por exemplo, que, a partir de rigorosa análise das evidências científicas disponíveis, passaram a não autorizar ou não indicar a cloroquina e a hidroxicloroquina no tratamento da covid-19.
Além disso, a editorial de grandes revistas em Saúde , como The New England Journal of Medicine, The Lancet, Journal of American Medical Association e The British Medical Journal também vêm se posicionando da mesma forma.
Com base nisso, os profissionais subscritores do documento, condenam, com veemência, a adoção de protocolos de tratamentos precoces da covid-19 por gestores municipais, planos de saúde e outros órgãos públicos, assim como a distribuição do chamado “kit contra a covid-19″.
Com base em tudo isso, os subscritores solicitam ao Conselho Federal de Medicina (CFM) e à Associação Médica Brasileira (AMB):
I – A imediata revisão do parecer 04/2020 do CFM e da nota de 19 de julho de 2020 da AMB, até que melhores evidências científicas de efetividade e segurança dos medicamentos, ali elencados, estejam disponíveis;
II – Apoio às sociedades científicas brasileiras, aos membros de sua direção e aos seus associados que, a despeito de seu empenho contínuo na busca das melhores formas de enfrentamento à pandemia de COVID 19, dentro de princípios éticos e científicos rigorosos, vêm sofrendo calúnias e ataques pessoais;
III – A identificação e apuração de infrações ao Código de Ética Médica por parte de médicos que, nas mídias e redes sociais têm usado de sua profissão para promover ou incentivar tratamentos desprovidos de respaldo da comunidade científica nacional e internacional, com punições cabíveis;
IV – Posicionamento firme contra Protocolos de Tratamento Precoce da COVID-19, estabelecidos por alguns municípios e hospitais, sem amparo nas melhores evidências científicas, constrangendo médicos a utilizá-los, a despeito de suas convicções;
V – Intervenção na distribuição de medicamentos de forma isolada ou em “Combos” ou “Kits”, sem receita médica, para tratamento da COVID-19;
VI – Incentivo público e amplo às medidas profiláticas, amplamente amparadas pelas melhores evidências científicas, tais como isolamento social, uso de máscaras e medidas de higiene.
Portanto, ainda há muitos médicos e médicas brasileiros empenhados em manter os compromissos da medicina com a ciência e a ética.
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