Fundeb: Vitória na Câmara é resultado da mobilização nacional pela Educação; pressão no Senado
Tempo de leitura: 6 minDa Redação
Com apenas sete votos contra, a Câmara dos Deputados aprovou em 1º turno nessa terça-feira, 21-07, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 15/2015, que, entre outras medidas, constitucionaliza o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), tornando-o permanente.
Votaram contra o Novo Fundeb os deputados federais:
@Biakicis
@ToniettoChris
@filipebarrost
@cabojunioamaral
@lpbragancabr
@marciolabre
@PauloMartins10
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No twitter, @Guilherme Boulos, coordenador do MTST e, junto com Erundina, pré-candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, observou:
“Dos 7 deputados que votaram contra o Fundeb e a educação básica, 6 são do PSL. O bolsonarismo conseguiu inventar a Bancada Contra a Educação no país”
‘A aprovação do novo FUNDEB é uma enorme vitória da educação. E uma rotunda derrota do governo, que tentou avançar com seu projeto de destruição contra o FUNDEB. Parabéns às deputadas e deputados e ao movimento social pela grande mobilização em defesa da educação #fundebpermanente”
Também no twitter, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), festejou a aprovação em primeiro turno do Novo Fundeb:
“A ampla frente que se organizou em favor do Novo FUNDEB isolou e derrotou os obscurantistas, disfarçados de “modernos” e “liberais”, que revelaram, mais uma vez, ser contra a igualdade de oportunidades. Parabéns à Câmara, à sociedade civil, aos educadores e estudantes”
Flávio Dino foi um dos 20 governadores que assinaram a nota pública em defesa do novo Fundeb, divulgada na segunda-feira.
O Fundeb é o principal mecanismo de financiamento da educação básica pública.
Além de garantir um patamar mínimo de investimento por aluno em todo o País, reduzindo as desigualdades educacionais, o Fundeb, em razão de seu caráter redistributivo, concretiza a cooperação interfederativa em matéria educacional.
Não assinaram a carta os governadores destes sete estados: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Amazonas e Rondônia
Sobre o governador Zema (Novo) ter negado a assinar manifesto dos governadores em favor do FUNDEB, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), afirmou em rede social:
“Com o novo FUNDO, Minas Gerais teria até 2026 recursos a mais para o Estado e 183 municípios.
Ao invés de olhar para nosso povo, se curva aos interesses de Bolsonaro e persegue professores e servidores com projetos de reforma administrativa, previdenciária e sindical, em plena pandemia.
Por que Zema não quer recursos do FUNDEB? Estará jogando para privatizar o ensino público e deixar sem escolas a população mais carente?”
VITÓRIA DA MOBILIZAÇÃO NACIONAL PELA EDUCAÇÃO
Foi uma vitória construída por milhares de mãos espalhadas por todo o País.
A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG), diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Estado de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), relembrou:
“Nosso trabalho na Assembleia Legislativa em defesa do Fundeb permanente resultou na organização da carta do Parlamento Mineiro defendendo a aprovação da PEC 15.
Eu e o deputado estadual Betão entregamos o documento assinado por 67 deputados e deputadas estaduais ao presidente da Câmara dos Deputados.
A deputada federal Margarida Martins Salomão e o deputado federal Rogério Lula Correia estiveram conosco nesta importante iniciativa.
Em 2019 realizamos atividades na Comissão de Educação da Assembleia em defesa do Fundeb permanente”
O card do Sind-UTE/MG publicado nesta quarta-feira, 22-07, nas redes sociais sintetiza bem esta união em prol da Educação pública de qualidade à população brasileira.
A mobilização social aprovou o Fundeb e derrotou os retrocessos pretendidos pelo governo Bolsonaro
Ao contrário do que vimos nas eleições presidenciais de 2018, quando as fake news tomaram conta das redes sociais e influenciaram negativamente as decisões dos eleitores, a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 15/2015 (FUNDEB), ocorrida no plenário da Câmara dos Deputados, no dia 21 de julho, foi marcada por uma avalanche virtual nas redes sociais que ajudou o Brasil a seguir na trajetória de conquistas para a educação pública de qualidade.
A aprovação integral do relatório da Prof.ª Dorinha Seabra Rezende – consubstanciado no trabalho da Comissão Especial do FUNDEB – e a rejeição dos dois destaques apresentados pelo Partido Novo, que pretendiam suprimir do Parecer a subvinculação de recursos para a valorização dos profissionais da educação e o Custo Aluno Qualidade (numa atitude golpista, anacrônica e reacionária contra a educação pública brasileira), tiveram ampla maioria entre os parlamentares graças à mobilização de trabalhadores em educação, estudantes e ativistas nas redes sociais, bem como ao empenho de parlamentares e gestores públicos comprometidos com a aprovação do novo FUNDEB. E a CNTE aproveita esse momento para cumprimentar e agradecer a relatora Dorinha e os membros da Comissão Especial, em particular o presidente Bacelar e os vice-presidentes Idilvan Alencar, Danilo Cabral e Rosa Neide pela condução democrática e comprometida durante toda a tramitação da PEC.
O Brasil foi e ainda é marcado por enormes desigualdades sociais, e muito disso se deve ao histórico de descontinuidade das políticas educacionais em nosso país, especialmente aquelas voltadas para a inclusão e a qualidade do ensino.
O FUNDEB, instituído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006, à época do Governo Lula, ampliou a cobertura escolar do ensino fundamental (antigo FUNDEF) para toda a educação básica, incluindo a creche, tendo aumentado o financiamento federal na escola básica de menos de 1% para 10% do Fundo público e criado o piso salarial do magistério.
Por essas razões, o FUNDEB é considerado a principal política pública educacional e uma conquista social contra a qual o governo Bolsonaro agiu fragorosamente nos bastidores, nos meios de comunicação e no próprio Congresso Nacional com o intuito de destruí-la.
Felizmente, a ampla maioria da Câmara dos Deputados, esclarecida e pressionada pela mobilização social, votou contra o governo e pela constitucionalidade dessa política essencial para a qualidade da escola pública e a valorização de seus profissionais. Agora, falta aprovarmos o FUNDEB, em definitivo, no Senado Federal.
Ao longo da tramitação da PEC 15/2015, a CNTE demarcou sua posição sobre pontos que considerava importante serem melhorados, porém a conjuntura política não possibilitou progredir na proposta.
A Entidade não concorda com a distribuição meritocrática de recursos entre as redes de ensino e é a favor da ampliação do piso salarial nacional para todos os profissionais da educação (professores, especialistas e funcionários).
E esses e outros pontos continuarão na pauta da CNTE durante a tramitação da PEC do FUNDEB no Senado.
Caso o Senado aprove essas alterações, o texto retornará para deliberação final na Câmara dos Deputados. E tal como ocorreu ontem, em apenas um dia a Casa legislativa poderá finalizar a votação da PEC, sem maiores prejuízos temporais.
Não obstante as observações acima, é preciso destacarmos os avanços na votação do parecer da PEC 15/2015, na Câmara dos Deputados.
Em primeiro lugar, derrotamos as propostas do governo de incluir o programa assistencial Renda Brasil na complementação ao FUNDEB; de repassar os recursos do Fundo na forma de vouchers às escolas particulares – embora tenha sido aprovado o repasse às creches comunitárias, filantrópicas e confessionais –; de utilizar o FUNDEB para pagamento de aposentadorias e pensões e de incluir o salário educação na complementação aos entes federados.
O governo também foi derrotado nas tentativas de excluir o CAQ e a subvinculação de no mínimo 70% dos antigos recursos e de até 85% do percentual novo de complementação da União para a remuneração dos profissionais da educação.
A única “vitória” do governo se deu na votação do destaque que retirou a desoneração do ICMS (Lei Kandir) da cesta de impostos do FUNDEB. Ou seja: o governo comemorou desidratar o FUNDEB!
Outras conquistas na votação da Câmara dos Deputados referem-se à própria constitucionalização do FUNDEB, à elevação da complementação federal para 23% do total do Fundo, à distribuição mais equitativa dos recursos da União aos entes subnacionais (critério do Valor Aluno Ano Total – onde incidirá o CAQ) e outros dispositivos que contemplam uma melhor fiscalização dos recursos da educação e maior participação da sociedade na formulação, monitoramento, controle e avaliação das políticas educacionais.
Ainda teremos outros desafios pela frente, além da votação da PEC 15/2015 no Senado e da lei de regulamentação do novo FUNDEB. E o principal deles será a reforma tributária.
O governo insiste em repactuar as vinculações constitucionais, sobretudo através da junção dos recursos destinados à educação e à saúde. E precisaremos ficar atentos e cobrar do Congresso maior compromisso e justiça fiscal.
Quem tem mais deve pagar mais impostos. E no Brasil, infelizmente, ocorre o contrário. E as políticas sociais precisam ser preservadas e contar com mais recursos públicos para superar as históricas mazelas que afligem a maioria do povo brasileiro.
Parabenizamos a todos/as que estiveram envolvidos/as na árdua luta pela aprovação do FUNDEB na Câmara dos Deputados, e convocamos a base da CNTE para atuar durante a votação no Senado.
Juntos/as venceremos essa importante batalha em defesa da educação pública, gratuita, laica e de qualidade social para todos e todas.
Brasília, 22 de julho de 2020
Diretoria da CNTE
Comentários
Zé Maria
Só pra fazer Média e Mídia, Genocida do Planalto meteu
o pé na bunda da “Irmãzinha”
da vice-liderança do governo
no Congresso Nacional
sem dar satisfação alguma.
“O governo perde muito, porque vai ser difícil ter uma vice-líder que lute tanto pelo governo como eu luto. É isso. Fiquei triste mais com a forma como aconteceu do que pela minha saída, em si. O governo perde muito mais do que eu”,
“Eu poderia ser destituída se o Bolsonaro acha que não devo mais permanecer, mas eu acho que podia ter me dado uma ligada. Porque ele fala assim: ‘Pô, Bia, você é minha irmãzinha’. Quantas vezes eu ouvi ‘você é minha irmãzinha’. Quantas vezes ele fez coisas das quais eu discordei, mas que não eram coisas imorais ou ilegais? (Pensava) não, ele tinha uma atitude com a qual eu discordava, mas tudo bem, a gente resolve conversando. Então, eu fiquei surpresa com a atitude, que eu sei que não partiu dele. Mas ele assinou, lamentavelmente”.
Deputada Bia Kicis (PSL-DF),
após perder a vice-liderança
do governo Bolsonaro/Mourão
no Congresso Nacional.
https://www.metropoles.com/brasil/politica-brasil/bia-kicis-apos-perder-vice-lideranca-do-governo-quem-perde-e-bolsonaro
Henrique Martins
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/viraliza-video-de-lula-explicando-a-logica-dos-eua-ao-comprar-todas-as-vacinas-contra-covid-em-2020/
Na verdade, eu diria que americano pensa em americano em primeiro e último lugar também.
Não sobra prá ninguém!
Henrique Martins
Por favor avisem o pessoal do movimento Pró-democracia que tem mais uma sugestão no email deles.
Sandra
E o verme comemora como se fosse uma iniciativa do desgoverno
“ Após menosprezar debate e ter proposta recusada, Bolsonaro diz que aprovação do Fundeb foi ‘vitória”
https://oglobo.globo.com/sociedade/apos-menosprezar-debate-ter-proposta-recusada-bolsonaro-diz-que-aprovacao-do-fundeb-foi-vitoria-1-24545696?versao=amp
Loiret Chiappa Ibargoyen
Os três governadores da Região Sul – que já teve, um dia, a fama de politicamente evoluída – afundam abraçados com a ignorância, na esperança de que se aprofunde, sempre mais, a desigualdade social. Nas mãos de cada um, o Diploma de Honra ao Mérito ao atraso, ao obscurantismo e ao desprezo com a educação pública, laica e de qualidade. Poucas vezes, tive tanta vergonha de ser gaúcha…
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