José Arbex Jr: Os Estados Unidos em um período pré-revolucionário
Tempo de leitura: < 1 minPor José Arbex Jr.*
A Casa Branca foi cercada de novo por manifestantes, que queriam derrubar uma estátua do Andrew Jackson, um dos presidentes mais racistas e exterminadores que ocuparam a presidência.
Não tenho mais dúvida em caracterizar o que está acontecendo nos Estados Unidos como um período pré-revolucionário, segundo a perspectiva do Lênin.
Não sei onde vai dar tudo isso, mas muita coisa já mudou no país.
Péssima notícia para Bolsonaro.
Estou vendo as imagens na CNN.
Agora, reli um livro que escrevi em 1995, chamado A Outra América, para a Editora Moderna, em que defendo a tese de que a guerra civil estava ainda em curso nos Estados Unidos, não tinha atingido o seu fim.
Começo o capítulo conclusivo com essa citação:
Nós somos um dos povos mais violentos do mundo, o povo mais drogado do mundo, porque nós escolhemos fazer isso contra nós mesmos. O que me deixa triste é que nós somos nossos piores inimigos. Mario Cuomo, governador do Estado de Nova York
E termino com essa afirmação:
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Thomas Jefferson temia que o excesso de poder do governo central conduzisse à corrupção dos costumes e ao declínio do Império, como na antiga Roma dos Césares. Seus piores temores foram confirmados pelos tempos. Para Jefferson, a América era um “experimento”, um processo permanentemente posto à prova pelos fatos, e não uma garantia como apregoavam os defensores do mito do Destino Manifesto. O “experimento” ainda está em curso, no sentido de que o futuro da América, com todos os problemas, ainda não está selado. E dele dependerá, em grande medida, o destino do mundo.
*Jornalista, Escritor, Chefe do Departamento de Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Comentários
Zé Maria
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/85/US_Slave_Free_1789-1861.gif/600px-US_Slave_Free_1789-1861.gif
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/50/Cicatrices_de_flagellation_sur_un_esclave.jpg/333px-Cicatrices_de_flagellation_sur_un_esclave.jpg
A Linha Mason–Dixon se estendeu para Oeste e continua dividindo os EUA
Realmente os Confederados* Racistas do Sul dos Estados Unidos da América
não se conformaram com os termos da Resolução do Conflito Armado para dar
fim à chamada Guerra da Secessão, porque na verdade os Sulistas – que depois
se estenderam para o Meio-Oeste – foram derrotados no aspecto que lhes era
política e economicamente (e também social e culturalmente) essencial, ou seja,
nunca aceitaram a extinção da mão-de-obra barata e, portanto, lucrativa dos negros
escravizados, cuja ‘raça’ era mesmo considerada intelectual e socialmente inferior,
inclusive por médicos, religiosos e filósofos doutrinadores que defendiam a Eugenia
como Ciência a ser aplicada à espécie humana, em meados do Século 19. Daí o
surgimento de movimentos supremacistas brancos tal como a Klu-Klux-Klan.
Aliás, não fosse a lei de proibição do ‘comércio’ de Negros trazidos da África, em 1808,
o número de Africanos escravizados seria muito maior – muito embora o tráfico negreiro
para os EUA permanecesse ocorrendo pelo Caribe, adentrando pelo sul da Flórida.
E mesmo após a Abolição Oficial da Escravidão, em 1865, a escravização de negros na
América do Norte continuou acontecendo nos Estados do Sul, notadamente através do
encarceramento em massa da população pobre, majoritariamente negra, com a imposição
de trabalhos forçados [Há hoje, no Brasil, quem os queira acrescentar no Código Penal].
Assim, apesar dos Acordos e Compromissos** de demarcação assinados, desde a Década
de 1760, como a Linha Mason–Dixon, ainda sob domínio colonial do Império Britânico, até
a Lei Federal de libertação (Proclamação de Emancipação) dos Negros, em 1863, nos
Estados do Sul dos EUA, e da Promulgação da 13ª Emenda à Constituição, em 1865 – que
aboliu a escravidão em todo o território dos Estados Unidos da América – o despeito racista
dos supremacistas brancos dos Estados Confederados separatistas perdura no tempo com
os símbolos*** representativos dos mitos históricos arcaicos da sociedade preconceituosa
norte- americana que não se desprendeu da cultura colonial original européia. Lá como Cá.
*(Confederate States of America (CSA) ou ‘The Confederacy’
https://live.staticflickr.com/5284/5361160227_668a812088_z.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Confederados_da_Am%C3%A9rica#Estados_secessionados
**(https://pt.wikipedia.org/wiki/Linha_Mason%E2%80%93Dixon
https://pt.wikipedia.org/wiki/Compromisso_do_Missouri
https://pt.wikipedia.org/wiki/Compromisso_de_1850)
***(https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2017/08/15/as-estatuas-que-dividem-os-estados-unidos-e-provocam-confrontos.htm)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escravid%C3%A3o_nos_Estados_Unidos
Zé Maria
https://t.co/Eqqc1Ap8jE
“Derrubar estátuas, retirar filmes racistas do catálogo,
são questões enfrentadas por @julianaborges_1
em artigo sobre memória como apagamento.
Ela pede contextos aos monumentos.
O que é diferente de relativismo. É crítica política.”
https://twitter.com/Debora_D_Diniz/status/1276293231303589888
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