Israel Gonçalves: A PM paulista como polícia política

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Reprodução de vídeo

Polícia Política

Por Israel Aparecido Gonçalves*

No dia 31 de maio deste ano ocorreu mais uma das famosas manifestações pró-Bolsonaro em Brasília.

No mesmo dia, no estado de São Paulo, o centro econômico do país, na Av. Paulista, próximo do MASP, também ocorreram manifestações pró-governo.

A situação política do país, somada à pandemia, indicava a prevalência dos militantes chamados de fascistas em manifestações que vinham ocorrendo desde o início do ano no Brasil.

Entretanto, o domínio das ruas por bolsonaristas não ocorreu naquele domingo, pois torcidas organizadas do São Paulo, do Corinthians, do Palmeiras e do Santos uniram forças e também ocuparam a Avenida Paulista, gritando a palavra democracia.

É interessante observar que foram as torcidas organizadas de times de futebol rivais que, unidos pela política, buscaram disputar as ruas com os fascistas e não os tradicionais partidos políticos ou sindicatos, fato comum nos últimos anos.

Até as cores foram marcantes, os torcedores estavam vestidos de preto, de modo diferente dos partidos políticos que usam roupas vermelhas ou as cores da bandeira nacional.

Na larga avenida estavam os bolsonaristas — com seus discursos apontados para bandeiras de Israel, dos EUA e do movimento nazista ucraniano — e os torcedores dos times de futebol. Entre eles havia os policiais militares.

Destaca-se: a função da Polícia do Estado de São Paulo é do policiamento ostensivo/preventivo.

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Estas duas palavras “ostensivo/preventivo” podem dar margens para muitas interpretações, gerando polêmica.  

No caso das ações da Policia Militar, com relação à manifestação, ficou transparente sua função de polícia política.

Dois movimentos sociais para um tipo de ideologia militar: a autoritária.

A instituição optou por um lado.

O lado foi dos manifestantes que apoiam o fascismo.

Apoio que foi explícito e contundente.

Na internet, há várias fotos e vídeos mostrando a desproporcionalidade da ação policial, com relação aos dois movimentos sociais. 

A ação mais explícita é quando um Policial Militar abraça uma senhora do movimento bolsonarista que gritava contra o grupo “democracia” e este policial gentilmente leva a bolsonarista, que tinha “apenas” um taco de beisebol para o evento pacífico, para um outro lugar da avenida.

Depois, o movimento “democracia” foi rechaçado com tiros de balas de borracha e gás lacrimogênio.

Assim foi mantida a ordem naquele domingo. 

Em nome de um apoio implícito ao presidente da República, o comando da Polícia Militar fez “vista grossa” ao ocorrido, assim como já havia feito no Rio de Janeiro no mesmo dia e, no Ceará, quando ocorreu o motim, e em outros inúmeros atos ao longo do ano.

*Israel Aparecido Gonçalves é cientista político. E-mail: [email protected]

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