Em 50 dias de pandemia, Bolsonaro vai de negar vírus a fugir de responsabilidade; vídeos

Da Redação

Uma timeline de autor não identificado (favor se identificar nos comentários), disseminada hoje no Twitter pelo neurocientista Miguel Nicolelis, fez grande sucesso.

Ela compara as declarações do presidente Jair Bolsonaro com a evolução da curva da epidemia de coronavírus no Brasil.

O primeiro caso foi identificado em São Paulo em 26 de fevereiro.

Bolsonaro começou dizendo que a epidemia estava sendo superdimensionada pela mídia, repetindo o que afirmavam apoiadores de Donald Trump nos Estados Unidos, especialmente na Fox, a TV trumpista.

Depois, passou claramente a se preocupar mais com a economia do que com a saúde das vítimas.

Entrou na fase da negação dos óbitos, duvidando dos números divulgados em São Paulo.

Ao longo dos últimos 50 dias, Bolsonaro jamais demonstrou verdadeira compaixão pelos brasileiros mortos, que agora são 5.511.

Ao contrário, pelo seu comportamento público o presidente da República contribuiu para os baixos índices de isolamento social — bolsonaristas sairam seguidamente às ruas pedindo a reabertura do comércio.

Bolsonaro demitiu o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que defendia o isolamento, em plena pandemia.

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Depois de fazer pouco caso do vírus, quando as mortes começaram a se acumular Bolsonaro “evoluiu” para dizer que não é responsável por nada: falta de testes, de equipamento de proteção para auxiliares de enfermagem, enfermeiros e médicos, por promover falsos remédios, pela falta de leitos e respiradores.

Acompanhem as declarações registradas no gráfico acima:

Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado o poder destruidor desse vírus, então talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica. Miami, 09 de março de 2020, estimulando teoria de conspiração.

Vou ligar para o [então ministro] Mandetta agora pouco. O que eu acho, eu não sou médico, eu não sou infectologista, o que eu vi até o momento, outras gripes mataram mais do que essa. Durante o ano que se passou, obviamente, temos um momento, uma crise, uma pequena crise. No meu entender, muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propala ou propaga pelo mundo todo”. Miami, 11.03, culpando a mídia.

Em 2009, 2010, teve crise semelhante, mas, aqui no Brasil, era o PT que estava no poder e, nos Estados Unidos, eram os Democratas, e a reação não foi nem sequer perto do que está acontecendo no mundo todo. Entrevista à CNN Brasil. 15.03, dizendo que foi negativamente comparado com Lula.

Esse vírus trouxe uma histeria. Tem alguns governadores, no meu entender, posso até estar errado, que estão tomando medidas que vão prejudicar e muito a nossa economia. Eu vi ai, não sei se é verde, que a nossa Feira dos Nordestinos está proibida de funcionar. Porque o cara não vai na Feira do Nordestino, ele vai na esquina comer um churrasquinho de gato, num outro lugar qualquer para se juntar. O cara não vai ficar em casa. Então essa histeria leva a um baque da economia. 17.03, criticando o isolamento social.

A Itália se parece com Copacabana, onde em todos os edifícios há uma pessoa idosa ou uma casal de idosos. É por isso que são muito frágeis e muitas pessoas morrem. Elas têm outras doenças, mas dizem que morrem de coronavírus. 19.03, fazendo pouco caso dos mortes no Brasil.

Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, não. 20.03, posando de macho diante do vírus.

Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus. Espero que não venham me culpar lá na frente pela quantidade de milhões e milhões de desempregados na minha pessoa. 22.03, mais uma vez dizendo que os governadores estavam exagerando.

Eu nada sentiria, ou quando muito, poderia ser acometido de uma gripezinha, um resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão. 24.03, em rede nacional de TV, pela segunda vez, se fazendo de macho.

No Rio de Janeiro, até os dados de ontem, nove óbitos e 58 em São Paulo. Eu sei que a população tem uma diferença, mas está muito grande para São Paulo. Não pode ser um jogo de números para favorecer interesses políticos. Não estou acreditando nesses números de São Paulo, até pelas medidas que ele [Doria] tomou. 27.03, duvidando dos números oficiais, em nova teoria da conspiração.

Essa é uma realidade, o vírus tá aí. Vamos ter que enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, porra, não como um moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós iremos morrer um dia. 29.03, pela terceira vez, posando de macho.

O vírus veio de fora para dentro Vai morrer gente, como tem morrido algumas pessoas. Não tem remédio comprovado ainda. Não tem vacina. 30.03, acusando indiretamente a China.

Esse vírus é igual a uma chuva. Vai molhar 70% de vocês. Isso ninguém contesta. Toda a nação vai ficar livre da pandemia depois que 70% for infectado e conseguir os anticorpos. Desses 70%, uma pequena parte, os idosos e quem têm problema de saúde, vai ter problema sério e vai passar por isso também. 01.04.2020, dizendo que os efeitos da pandemia eram inevitáveis e, portanto, não havia nada a fazer.

Duvido que um cara desses, um governador desses, um Doria da vida, um Moisés [Carlos, governador de Santa Catarina], vai no meio do povo. Não vai. Algumas outras autoridades que me criticam, vai lá conversar com o povo. A justificativa é: ‘Não vou porque posso pegar…’. Tá com medinho de pegar vírus? Tá de brincadeira. 02.04, desafiando medidas de isolamento social.

Bolsonaro esfrega o nariz com o braço e dá a mão a apoiadores, inclusive a uma idosa que usa máscara, em Brasília. 10.04, descumprindo regras básicas de higiene pública.

Parece que está começando a ir embora essa questão do vírus, mas está chegando e batendo forte a questão do desemprego. 14.04, em live com líderes evangélicos, sugerindo que o problema estava passando.

Ô, cara, quem fala de… Eu não sou coveiro, tá certo? Não sou coveiro, tá? 20.04, fugindo da responsabilidade pelo comportamento anterior.

E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre. 28.04, fugindo de novo da responsabilidade pelo comportamento anterior.

Não vão botar no meu colo uma conta que não é minha. A imprensa tem que perguntar para o Doria por que mais pessoas estão perdendo a vida em São Paulo. 29.04, atribuindo a terceiros sua própria responsabilidade.