Instituto Federal do RN: Interventor nomeado por Weintraub processa reitor eleito, jornalista e censura agência Saiba Mais
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Weintraub e o seu preposto, o professor Josué Moreira, que sequer participou da eleição para reitor do IFRN. Fotos: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil e rede social
Interventor do IFRN aciona Justiça para processar reitor eleito, jornalista e censurar agência Saiba Mais
O interventor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte Josué de Oliveira Moreira ajuizou uma ação na segunda-feira (27) pedindo a censura de uma entrevista publicada dia 20 de abril pela agência Saiba Mais com o reitor eleito do IFRN José Arnóbio Araújo Filho (na íntegra, ao final).
A pena para a não retirada do material é de multa diária de R$ 1 mil.
A ação tramita no 1º juizado especial cível da Comarca de Natal.
Além de censura, a ação é um ataque direto à liberdade de imprensa e de expressão. Arnóbio Araújo foi entrevistado na ocasião para comentar a nomeação pelo Ministério da Educação de Josué de Oliveira Moreira para o cargo de reitor, contrariando o resultado do processo eleitoral realizado em dezembro, quando o candidato mais votado foi o próprio Arnóbio.
Josué sequer participou da eleição, mas foi indicado ao MEC pelo deputado federal general Girão (PSL).
O interventor nomeado também é filiado ao PSL e já foi candidato à prefeitura de Mossoró.
Josué Moreira alega que, desde a publicação da entrevista, vem recebendo ataques na internet sobre sua conduta.
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Ele cita, em específico, um comentário de Arnóbio, publicado na entrevista:
— Ninguém esperava isso. Não havia um vício no processo democrático. O nomeado nem candidato foi. A sorte dele é essa pandemia e as pessoas estão em casa. Porque com uma postura como essa ele não passaria nem na calçada, seria enxotado”, disse o professor e reitor eleito.
Em razão das declarações, Moreira afirma que sua integridade física está em risco:
– O primeiro demandado tem alimentado as redes sociais contra o autor e essa conduta, tem repercutido na esfera emocional do então reitor do IFRN.
Nesse caso, o limite além da lei administrativa deve também ser pautado nas relações civis, já que, a entrevista foi dada a um blog cujo acesso não se restringe a comunidade acadêmica do IFRN e sim a toda a sociedade.
Com isso, a integridade física do autor se encontra em risco, devendo a matéria ser retirada de imediato e o primeiro demandado tratar o autor com urbanidade.
Por isso, o autor busca o judiciário para que cesse as matérias de cunho difamatório e em especial, que seja retirada da Rede Mundial de Computadores a matéria em que o primeiro demandado ameaça o autor, qual seja:
Para o jornalista e editor da agência Saiba Mais, Rafael Duarte, a ação judicial é um grave ataque à liberdade imprensa e de expressão, alicerces da democracia no país:
– O ataque a jornalistas e a veículos de imprensa no Brasil já não causa tanta surpresa em razão da própria postura antidemocrática do presidente da República. Ainda assim, não podemos ficar naturalizando todos os golpes contra a democracia. O que o interventor pede na Justiça tem nome: censura e, com isso, ele quer intimidar jornalistas para que não exerçam o papel que lhes cabe na sociedade, que é reportar fatos e informar a população”, afirmou o jornalista.
Memória
Na eleição para a reitoria do IFRN realizada em dezembro de 2019, o candidato mais votado foi o professor José Arnóbio Araújo Filho, com 48,25% dos votos.
No entanto, em 20 de abril, o Diário Oficial da União publicou uma portaria assinada pelo ministro da Educação Abraham Weintraub nomeando o professor José de Oliveira Moreira, que sequer havia participado da eleição.
Além da intervenção no IFRN, o MEC também não respeitou a eleição para reitor do Instituto Federal de Santa Catarina onde o professor Maurício Gariba Júnior foi eleito pela comunidade local, mas o nomeado foi Lucas Dominguini.
O professor José Arnóbio de Araújo foi eleito para reitor do IFRN, mas o ministro Weintraub, da Educação, impediou-o de tomar posse
“Ocorreu um golpe dentro da eleição”, diz reitor eleito e impedido de tomar posse no IFRN
O professor José Arnóbio de Araújo se preparava para tomar posse nesta segunda-feira (20) no cargo de reitor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte. A posse estava marcada e seria realizada por videoconferência.
No entanto, tudo mudou com a portaria assinada e publicada na mesma data da posse pelo ministro da Educação Abraham Weintraub, nomeando o professor Josué de Oliveira Moreira, recém-filiado ao PSL e ex-candidato à prefeito de Mossoró que sequer disputou o pleito.
Em contato com a agência Saiba Mais por telefone, Arnóbio Araújo afirmou que vai entrar na Justiça para rever o mandato que a comunidade da instituição lhe confiou em dezembro do ano passado:
– Vamos judicializar o processo, estamos vendo com o advogado qual é a melhor saída. Houve um golpe dentro da eleição, que aconteceu de forma lícita, sem nenhum problema. A questão é meramente politica porque fui impedido de tomar posse”, afirmou.
Araújo lembrou que a escolha não se dá através de uma lista tríplice enviada ao MEC, mas de eleição direta onde o candidato mais votado deve ser nomeado e empossado, como preconiza a lei.
– Ninguém esperava isso. Não havia um vício no processo democrático. O nomeado nem candidato foi. A sorte dele é essa pandemia e as pessoas estão em casa. Porque com uma postura como essa ele não passaria nem na calçada, seria enxotado”, afirmou em referência a Josué Moreira, nomeado em ato de intervenção.
Além do Rio Grande do Norte o Instituto Federal de Santa Catarina também sofreu uma intervenção do MEC. O professor Maurício Gariba Júnior foi eleito pela comunidade local, mas o nomeado foi Lucas Dominguini, que a exemplo do mossoroense Josué, também não participou do processo eleitoral.
Arnóbio Araújo compara as duas situações e reforça a tese de que a intervenção do MEC é política:
– É muita coincidência ter acontecido comigo e com o reitor de Santa Catarina, nós dois temos origem no movimento sindical. Tenho mais de 20 anos como servidor dessa Instituição”, disse.
Comentários
Zé Maria
Estratégia Fascista, unicamente para intimidação.
Nelson
Mas, segundo os minions, ditadura se vê em Cuba, Venezuela, China, Coreia do Norte.
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