Sem testes, casos de síndrome respiratória sugerem que Brasil vai escondendo os números da pandemia; veja gráficos

Tempo de leitura: 3 min
Reprodução Facebook

Em alguns estados, pessoas estão MORRENDO por falta de leitos hospitalares e equipamentos. Me impressiona que isso não se transforme na PRINCIPAL agenda das autoridades federais, inclusive Bolsonaro. A cooperação no âmbito da Federação não é favor, é DEVER. Flávio Dino, governador do Maranhão, no twitter.

E o inevitável aconteceu! Sou funcionária da saúde, trabalho em um hospital de grande porte, emergência aberta e estou afastada por suspeita de covid-19. Mesmo com todos os sintomas, uma tomografia evidenciando pneumonia e um PCR limítrofe, não foi realizado o teste para covid. Roberta Leite, no twitter.

Se eu, que estou dentro de um hospital, na rede de saúde, não consegui fazer o teste, imagina a população nem geral. Aguardei quase 3h na emergência para ser atendida, e lá pelo menos umas 20 pessoas estavam com sintomas gripais. Sabe quantas dessas foram testadas? Zero! Roberta Leite, no twitter

O Tamanho da Subnotificação dos Casos de COVID-19

Por Marcus Nunes*, em seu blog

Não devem ser surpresa para ninguém as reportagens sobre prováveis subnotificações a respeito dos casos de COVID-19.

A fim de verificar se essas suspeitas são mesmo procedentes, eu decidi comparar os números de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registrados no Brasil nos últimos 10 anos, a fim de tentar detectar se houve um aumento nos casos em 2020.

Para me ajudar nisso, vou usar um script do usuário belisards do github. O script se chama infogripe_scrap.R e ele baixa dados da SRAG coletados, organizados e disponibilizados pela Fiocruz no site Situação da Gripe.

Para obter esses dados, basta rodar o script do belisards ou utilizar esse arquivo com os dados que já baixei até 16 de abril de 2020.

Há um arquivo extra, com os dados por UF, mas ele não será utilizado nesse post.

Análise Exploratória

Apoie o VIOMUNDO

O primeiro passo é importar os dados para dentro do R.

Em seguida faço uma filtragem, mantendo apenas os últimos 10 anos na análise.

São dois os destaques que podemos ver no gráfico acima.

O primeiro deles é o ano de 2020.

Claramente está ocorrendo algum fenômeno que fez as notificações de SRAG aumentarem nesse ano, mas eu não faço ideia do que pode ser ¯(ツ)

O segundo destaque é o ano de 2016.

Eu não lembrava, mas parece que 2016 foi um ano com muitos casos dessa doença, com um número de mortes comparável à época pré-vacina.

Atualização: segundo Leonardo Bastos, pesquisador da Fiocruz,
sobre 2016 rolou uma grande epidemia (pouco reportada) de Influenza A (H1N1) que pegou bastante todo mundo de forma geral, mas em particular criancas de 0 a 2 anos.


No gráfico abaixo eu comparo o número de casos de SRAG em 2020 com a média histórica entre os anos de 2011 a 2019. A diferença fica ainda mais gritante.

Creio que sequer seja necessário um teste de hipóteses para concluir que essas duas curvas são diferentes entre si.

*Doutor em estatística pela Pennsylvania State University e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!

Deixe seu comentário

Leia também