Manaus desmente Trump e bolsonaristas: cidade teve 18 dias de 30 graus ou mais desde primeiro caso de coronavírus

Tempo de leitura: 3 min
Reprodução

Da Redação

Mais um dos “pilares” do discurso do bolsonarismo sobre o coronavírus nas redes sociais está despencando.

Manaus teve 18 dias de temperatura máxima de 30 graus ou mais desde o registro do primeiro caso, em 13 de março.

O estado do Amazonas confirmou 564 casos de covid-19 nos últimos cinco dias, de acordo com o Tweeter da Fundação de Vigilância em Saúde.

No sábado, 4 de abril, eram 311. Agora, são 981.

Ou seja, os casos triplicaram em uma semana.

Houve uma queda de registros nos últimos três dias (168-95-82), mas isso pode ter relação com o ritmo da divulgação do resultado de testes.

Temperaturas em Manaus, de acordo com o Accu Weather

O primeiro caso de covid-19 em Manaus foi registrado na sexta-feira, 13 de março, quando a temperatura local bateu em 34 graus.

Desde então, o calorão se manteve e os casos de coronavírus dispararam.

Isso contraria o discurso adotado por apoiadores de Jair Bolsonaro, que argumentavam que o vírus não resistiria ao calor no Brasil.

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Um meme que circulou intensamente nas redes sociais dizia que “temperaturas de 26ºC ou 27ºC já matam o dito cujo [coronavírus]”, induzindo as pessoas a acreditarem que o Brasil — ou ao menos a parte mais quente do país — seria poupada pela pandemia.

“É bom que não faça muito calor, porque o coronavírus não gosta de calor”, disse na TV uma apresentadora da Globo de Minas Gerais, causando comoção entre os bolsonaristas.

A gafe

De acordo com os bolsonaristas, a apresentadora estaria torcendo pelo coronavírus.

A gafe expôs a crença de muita gente de que o vírus não se propaga em clima tropical, o que está sendo desmentido pela realidade.

A torcida bolsonarista

Além de Manaus, Fortaleza e Macapá estão ajudando a desmentir a crença.

Há casos de covid-19 nas duas capitais, do Nordeste e do Norte.

Ainda é impossível comparar a taxa de disseminação da doença em diferentes temperaturas, já que a testagem é deficiente, especialmente em países como o Brasil.

Preocupado com o avanço da pandemia, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, vem falando em colapso hospitalar e funerário na cidade (ver vídeo abaixo).

“Está havendo um colapso funerário, os enterros estão crescendo de maneira exponencial, as mortes. É uma situação que deixa as pessoas nervosas, estressadas. Atitudes como a do presidente, que sai tranquilamente às ruas e mostra que para ele não há perigo em nada, fazem com que hoje muitas ruas em Manaus estejam cheias de carros”, disse o prefeito à CNN Brasil.

A crítica foi ao novo passeio que o presidente Jair Bolsonaro fez por Brasília, durante o qual o presidente da República esfregou o nariz com a mesma mão com a qual depois cumprimentou apoiadores.

Uma ação do Ministério Público no Amazonas obrigou a Secretaria de Saúde (Susam) a transferir dois pacientes em estado grave de Parintins para Manaus. Outros dois ainda serão transferidos.

Parintins, de 120 mil habitantes, não tem leitos de UTI.

A transferência foi feita de avião (foto no topo).

Também preocupa a situação em Manacapuru, que tem ligação rodoviária com Manaus e 62 casos confirmados. O município tem cerca de 100 mil habitantes.

O vírus já chegou a Tefé, que fica a mais de 500 km de Manaus em linha reta, no alto rio Solimões. Um caso foi registrado na cidade.

Num vídeo que publicou nas redes sociais, o governador Wilson Lima disse que “dois hospitais da rede privada [de Manaus] já nos comunicaram que já estão no seu limite, ou seja, não conseguem mais internar paciente com Covid, e cogitam transferir alguns pacientes para o Delphina Aziz”

Trata-se do hospital público de referência em Manaus.

“Hoje estamos com 55% dos respiradores em uso, mas no ritmo em que as coisas caminham, há um risco de o sistema colapsar”, disse o governador na mesma mensagem.

Em fevereiro, quando os Estados Unidos tinham apenas 11 casos de coronavírus, o presidente Donald Trump disse que “em abril, durante o mês de abril, o calor geralmente mata esse tipo de vírus, o que seria uma coisa boa”.

A primavera nos Estados Unidos começou no dia 20 de março.

Como se vê, também neste caso o bolsonarismo bebeu na fonte do trumpismo — e foi desmentido pela realidade.

Em plena primavera, os EUA atingiram 18.693 mortes por coronavírus.

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Zé Maria

Ciro Gomes expõe a Mediocridade do ‘Jornalismo’ Empresarial braZileiro
e o Alinhamento Cego com a Política Externa dos Estados Unidos (EUA):
https://youtu.be/qlcuk_cMYqc?t=1875

awgw

A família real da Arábia Saudita tem mais de 150 membros contaminados. Lá é muito mais quente que Manaus. Só acredita em mentira quem quer.

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