Bolsonaro viola recomendação de isolamento em Brasília no dia em que DF confirma primeira morte por coronavírus

Ele próprio do grupo de risco — se é que já não está contaminado — sapateia à beira do vulcão em erupção. E empurra, com sua demagoga irresponsabilidade, os mais pobres para o caldeirão da lava fervente! Chico Alencar, ex-deputado federal, no twitter

Da Redação

Jair Bolsonaro, chamado pelo colunista Bernardo Mello Franco, de O Globo, de Capitão Corona, usou sua exposição como presidente da República para atacar fisicamente o isolamento social determinado pelo governador do Ibaneis Rocha (MDB) no Distrito Federal.

Bolsonaro aproveitou o domingo para fazer um tour pela Asa Norte, Sudoeste e pelas cidades satélites de Taguatinga, Ceilândia e Sobradinho.

Ibaneis, o governador, já havia recuado do fechamento total do comércio ontem, permitindo a reabertura de lotéricas, correspondentes bancários, lojas de conveniência e minimercados em postos de combustíveis.

“Difícil cobrar responsabilidade da população quando o mau exemplo vem da maior autoridade do país. O Capitão Corona hoje foi promover aglomeração em uma das cidades-satélites mais populosas do DF (Ceilândia). Não siga Bolsonaro, cuide da sua vida. Ela vale mais que tudo!”, reagiu o senador Rogério Carvalho (PT-SE).

Ceilândia tem cerca de 400 mil habitantes,  Taguatinga, 230 mil e Sobradinho 90 mil.

O número de casos de coronavírus no Distrito Federal teve um crescimento de 147% em uma semana, para 288, com a primeira morte confirmada neste domingo.

Foi a da enfermeira Viviane Rocha de Luiz, de 61 anos, que era assessora técnica do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Ela foi internada no dia 22 no Hospital Regional da Asa Norte e morreu no dia seguinte. O resultado do exame para coronavírus só saiu hoje.

Bolsonaro circulou entre o público sem preocupação com o distanciamento social. Alegou que parou aleatoriamente para ouvir o povo.

Apoie o VIOMUNDO

R$ 5 R$ 15 R$ 35 Qualquer valor

“O impeachment de Bolsonaro é uma medida de saúde pública!”, escreveu a psolista Luciana Genro.

Sâmia Bomfim (Psol-SP), que ajuda a organizar a campanha pelo impeachment de Jair Bolsonaro — que está próxima de receber um milhão de assinaturas — disse que o Capitão Corona “descumpriu mais uma vez as orientações internacionais de saúde ao sair na rua e circular no meio do povo. Pior que isso, ao fazer isso o presidente estimula as pessoas a romper o isolamento social, o que as coloca em risco de contágio pelo coronavírus. Genocídio”.

A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann, foi curta e grossa: “O estoque de criticas à irresponsabilidade criminosa de Bolsonaro está se esgotando. Há muito ele passou do intolerável. É preciso que seja contido, a bem do povo e do Brasi”.