Ion de Andrade: Para enfrentar o coronavírus é vital proteger idosos e doentes crônicos; o que fazer

Tempo de leitura: 4 min
ONU

Coronavirus 19: A questão estratégica da proteção aos idosos e doentes crônicos

Isso significa que cada idoso ou portador de doença crônica protegido do contágio será um paciente grave a menos na fila dos hospitais.

por Ion de Andrade*, em seu blog no GGN

Há um ponto vulnerável na dinâmica da epidemia de Covid 19 que é a distribuição de casos graves concentrados em faixa etárias mais idosas e em portadores de doença crônica.

A doença se mostra relativamente benigna em faixas etárias mais jovens na imensa maioria dos casos.

Os gráficos abaixo dão a noção exata desse fenômeno.

Taxa de Mortalidade pela COVID-19 por faixa etária

Taxa de Mortalidade por COVID-19 por doença pré-existente

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Isso significa que cada idoso ou portador de doença crônica protegido do contágio será um paciente grave a menos na fila dos hospitais.

Essa dinâmica posiciona as ações de proteção a esse grupo vulnerável, a bem de toda a sociedade, como uma PRIORIDADE ABSOLUTA em torno da qual todas as outras devem girar.

Há um fenômeno nas doenças infecciosas chamado de Imunidade de Rebanho que significa que à medida que a doença vai avançando e as pessoas vão ganhando imunidade, ocorre uma dificuldade maior para a doença continuar penetrando porque os imunizados protegem os susceptíveis.

Exatamente como ocorre na vacinação. Nem sempre é necessário vacinar 100% das pessoas porque com taxas mais baixas a população já está efetivamente protegida pela barreira que os imunizados proporcionam aos susceptíveis.

Não tendo vacinas, nem tratamento, a nossa única esperança de controle definitivo da COVID-19 é a formação de uma boa Imunidade de Rebanho cujo alcance deveria ser obtido numa curva epidêmica alongada, pois a curva explosiva ameaça a integridade dos serviços de saúde que podem entrar em colapso, como na Itália e dificultar ou impedir o cuidado aos doentes.

Na curva explosiva, a exposição dos idosos e doentes crônicos os torna a principal população a buscar os serviços médicos com quadros graves. Não que não haja casos graves e óbitos em faixas etárias mais jovens, mas eles ocorrem, como podemos ver no gráfico 1, numa proporção incomparavelmente menor do que nos idosos e doentes crônicos.

Essa proporção menor permitiria também que esse doente jovem e grave pudesse receber melhor atenção nos serviços de saúde.

O que isso significa?

Significa que a melhor maneira de alcançar a imunidade de rebanho será pela via de que ocorra eminentemente por meio de uma difusão entre pacientes mais jovens que são menos sujeitos às formas graves da doença e sobrecarregariam menos os serviços hospitalares.

Decorre disso que um esforço social extremamente consistente deve ser investido na proteção rigorosa dos nossos velhos e doentes crônicos da COVID-19.

E como isso pode ocorrer?

Vivemos num país de desigualdades, onde o acesso às facilidades materiais para a proteção do idoso se distribuem de forma extremamente prejudicial aos mais pobres, mesmo assim, é preciso:

a. Que os idosos saibam, mesmo os mais autônomos, que devem ter uma vida social mínima e que só devem sair de casa em situações de extrema necessidade;

b. Que as famílias se esforcem para que o idoso possa usufruir de algum grau de isolamento em casa;

c. Que as medidas higiênicas recomendadas no contexto da COVID-19 sejam seguidas pelos idosos com a colaboração decisiva dos seus grupos familiares, vizinhos e amigos;

d. Que as visitas aos idosos se limitem à necessidade, respeitando as normas da etiqueta respiratória da saudação à distância, vedada a visita de familiares sintomáticos e de crianças pois, infelizmente os netos não adoecem, mas transmitem o coronavírus;

e. Que o Poder Público e a mídia divulguem a imensa relevância da proteção dos idosos e portadores de doenças crônicas para a sociedade como um todo e não somente para eles próprios

f.Que as famílias mais pobres sejam ajudadas a proteger os seus idosos pelo Poder Público e pela Sociedade Civil Organizada em cada bairro. Onde há Estratégia Saúde da Família, os Projetos Terapêuticos Singulares podem ser utilizados como ferramenta de abordagem de situações familiares mais difíceis;

g. Que esse conjunto de propostas seja rigorosamente cumprido;

h. Que, sem prejuízo salarial, os empregados com mais de 60 anos sejam autorizados a ir para casa por tempo indeterminado e cumpram as recomendações recomendadas.

A ideia é criarmos um caminho para que a imunidade de rebanho possa ser alcançada sobretudo na parcela da população em que a doença é mais benigna:os mais jovens.

Se há hoje uma questão estratégica no enfrentamento da COVID-19 é a de proteger idosos e doentes crônicos.

A nossa obrigação de sempre será o remédio para evitarmos o pior.

*Ion de Andrade é médico epidemiologista da Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN, mestre em Pediatria, doutor em Ciências da Saúde, e pesquisador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde LAIS/UFRN

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Zé Maria

Video: Doutora Jandira Feghali, Deputada Federal (PCdoB=RJ), põe
o Vírus do Governo no devido lugar

https://youtu.be/uPfNOVZ3wVY

Zé Maria

Brasil tem 7 mortes pelo coronavírus;
vítimas são de SP e do RJ

Hoje (19/3), houve três novos
óbitos
causados pelo COVID-19 no País

Uma Morte ocorreu em São Paulo, que já tinha acumulado quatro, todas de pacientes com mais de 60 anos internados no mesmo hospital particular; e duas mortes no Rio de Janeiro.

No estado do Rio, a primeira morte pelo coronavírus foi de uma mulher, de 63 anos, da cidade Miguel Pereira. A segunda vítima é um homem de 69 anos, de Niterói.

https://exame.abril.com.br/brasil/brasil-tem-7-mortes-pelo-coronavirus-vitimas-sao-de-sp-e-do-rj/amp/

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