Professor da UnB denuncia: Medidas cosméticas de Paulo Guedes para enfrentar crise do coronavírus resultarão em caos social

Tempo de leitura: 3 min
Professor José Luis Oreiro e Paulo Guedes. Fotos: UnB e Valter Campanato/Agência Brasil

A embromação de Paulo Guedes

As medidas cosméticas anunciadas pelo governo não irão impedir que a economia brasileira entre em colapso, num cenário em que se pode prever a queda de milhões de brasileiros na miséria. O resultado será o caos social

por José Luis Oreiro*, em seu blog, via A terra é redonda

Na noite do dia 16 de março, sua majestade o czar da economia brasileira anunciou seu plano de enfrentamento da crise do coronavírus.

Sua apresentação de incríveis seis, isso mesmo, seis slides (onde o primeiro é a capa) já mostra o grau de despreparo do maior enrolador da história da República.

No primeiro slide vemos “medidas estruturantes” onde se inclui “pacto federativo”, “PL da Eletrobrás” e “Plano Mansueto”, seja lá o que isso signifique.

Me chamou especialmente atenção um PL com o objetivo de vender a Eletrobrás no momento em que as bolsas de valores no Brasil e no mundo acumulam baixa de mais de 40% nos últimos dois meses.

Só pode ser um plano para vender, na bacia das almas, o que restou do patrimônio do povo brasileiro, sabe-se lá para atender quais interesses.

Qualquer gestor minimamente responsável diria que este não é o momento adequado para se desfazer de ativos, mas o czar da economia quer aproveitar esse momento para fazer a privatização de uma empresa estratégica para os interesses nacionais (Esperar o que de uma pessoa que diz que ama os Estados Unidos?).

Nos slides seguintes lê-se “até 147,3 bilhões em medidas emergenciais”.

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Quando se lê no detalhe o que está sendo proposto pelo Ministério da Economia vemos claramente que as medidas propostas se resumem apenas a antecipações de gasto que seriam realizados ao longo de todo o ano de 2020, mas que serão antecipados para o primeiro semestre de 2020.

Segundo a assessoria do Senador José Serra o pacote de Guedes prevê um aumento do gasto orçamentário de apenas R$ 3 bilhões ao longo do ano de 2020.

Para termos uma ideia de montantes é como tentar parar um trem bala com o disparo de uma bala de revólver.

Enquanto o Ministro Guedes fica brincando de enrolar a sociedade brasileira com medidas cosméticas, os países desenvolvidos montam programas colossais de aumento do gasto público, entre os quais destacam-se o programa francês de cancelamento das contas de aluguel, luz e água (as quais deverão ser pagas pelo Estado) ou ainda a proposta do Senador Mitt Rommey do Partido Republicano dos EUA de dar US$ 1.000 para cada americano adulto.

O enorme contraste entre a embromação de Paulo Guedes e as medidas radicais que estão sendo postas em prática pelos países desenvolvidos mostra o grau de despreparo e amadorismo do Ministro da Economia.

A proposta de Rommey poderia e deveria ser adotada no Brasil.

As medidas restritivas a locomoção de pessoas e realização de eventos irão afetar pesadamente os trabalhadores informais e por conta própria que serão, do dia para a noite, desprovidos de seus rendimentos e não terão acesso aos benefícios sociais proporcionados aos trabalhadores formais como o seguro desemprego, FGTS e etc.

Uma alternativa possível – tal como sugeri às assessorias econômicas do PSDB, PT e PSOL – seria a implementação de um Programa Emergencial de Renda Universal, no qual cada brasileiro adulto, sem emprego formal e com idade entre 14 e 65 anos, teria direito a sacar um valor equivalente a um salário mínimo por mês, durante três meses, em qualquer agência da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil ou lotéricas, apresentando apenas a sua identidade e CPF.

Um programa com essa abrangência poderia custar o equivalente a R$ 300 bilhões em um ano.

Considerando um valor de 1.5 para o multiplicador dos gastos do governo, o acréscimo de PIB gerado por esse programa seria de R$ 450 bilhões.

Como o setor público como um todo arrecada cerca de 33% da renda na forma de impostos e contribuições, a arrecadação adicional (relativamente ao cenário em que nada é feito) seria de R$ 150 bilhões, de forma que o déficit primário aumentaria, coeteris paribus, em R$ 150 bilhões ou 2% do PIB.

Considerando a severidade da crise que o Brasil irá enfrentar – a exemplo do que outros países já estão enfrentando – trata-se de um programa barato e com cobertura bastante ampla.

A alternativa a esse programa é seguir com a embromação de Paulo Guedes e esperar a economia brasileira entrar em colapso, sem ter uma rede de proteção social capaz de impedir que milhões de brasileiros, nossos irmãos, caiam na miséria absoluta.

O resultado será caos social, saques a supermercados e milhares de mortos.

A escolha é bem clara. Cabe ao povo brasileiro realizá-la.

*José Luis Oreiro é professor de economia na UnB

Artigo publicado originalmente no blog José Luis Oreiro Economia, Opinião e Atualidades.

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Comentários

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Martha Hirsch Aulete

Estilo Petista de ser:
Se IMMANUEL KANT fosse do Partido dos Trabalhadores, se Kant fosse do PT, se Kant fosse petista, KANT seria um absoluto imbecil. Kant imediatamente deixaria de ser Kant e desapareceria por completo da História. Seria um imbecilóide. Se Kant fosse petista, Kant desapareceria integralmente do planeta TERRA.

a.ali

o caminho que o guedes “oferece”, realmente, será de colapso…é muito sombrio o que se avizinha com esses despreparados vestidos de ministros e presidente aboletados em brasilia

Zé Maria

Tudo que vem desse desgoverno
tem alguma segunda (má) intenção oculta.

Sob o pretexto do coronavírus, isto é, utilizando-se da Epidemia, Guedes está querendo manipular os deputados federais e os senadores para tentar aprovar propostas prejudiciais à população e, portanto, ao País.
É de uma Perversidade atroz.

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