Sindicatos mineiros unificam a luta contra o desmonte da Petrobrás, Dataprev e Correios; vídeo
Tempo de leitura: 3 minpor Marco Aurélio Carone, especial para o Viomundo
Na manhã dessa quinta-feira (06/02), dirigentes dos sindicatos dos petroleiros (Sindipetro), trabalhadores nas empresas dos Correios (Sintect) e dos empregados de empresas públicas de processamento de dados (Sindados) de Minas Gerais reuniram-se na Assembleia Legislativa (ALMG), em Belo Horizonte, para uma entrevista coletiva.
Na pauta:
*greve dos trabalhadores da Petrobras e da Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência);
*início da paralisação nos Correios;
* situação do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados);
* unificação das lutas dessas categorias.
A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG), ex-presidenta Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), participou.
“O governo Bolsonaro usa o discurso de que tudo o que é público é ruim, corrupto e precisa deixar de ser público. O Estado, assim, teria que sair da vida das pessoas, que, sozinhas, se organizariam. Isso não é verdade”, denunciou.
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Beatriz fez uma análise geral do quadro, ponto por ponto:
— O Estado tem a tarefa de soberania, de proteção, de monopólio daquilo que é estratégico. Enquanto os EUA promovem guerras pelo mundo para ter o controle do petróleo, no Brasil, o atual governo faz um processo vergonhoso de privatização, vendendo o que é estratégico para o nosso país.
— A Dataprev e o Serpro detêm as informações referentes ao Regime Geral de Previdência, Imposto de Renda, carteira de trabalho, FGTS, carteira de habilitação, entre outros dados cruciais de todos nós. Se essas estatais forem privatizadas, automaticamente as empresas compradoras poderão fazer negócios com os dados dos cidadãos brasileiros, hoje protegidos pelo Estado.
— A ECT [Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos] tem uma função social importantíssima. Os Correios chegam onde ninguém mais vai. Tanto que empresas privadas os utilizam para fazer entregas em locais em que não querem atuar.
— A Petrobrás é responsável por parte do Produto Interno Bruto. Sozinha, já foi responsável por 14% da mão de obra no nosso país, seja ela direta ou indireta.
— A Petrobrás, portanto, tem forte impacto na economia do Brasil, tanto na produção de riquezas quanto na geração de empregos com qualidade.
— Ao mesmo tempo, assistimos ao crescimento do trabalho precário e de suas consequências. A pessoa adoece, não tem amparo. Se a que é arrimo morre, a família fica desamparada. A mulher, ao dar a luz ao seu bebê, não tem licença maternidade.
— Ou seja, o Brasil, que deveria estar cuidando dos seus cidadãos para diminuir ou acabar com a desigualdade social, está aprofundando a precarização do trabalho de forma generalizada
— Não se vê nenhum país do mundo abrir mão da sua soberania como vergonhosamente o governo federal está fazendo. Por isso, a organização dos trabalhadores é vital importante para a soberania, a justiça e a economia brasileira.
Anselmo Braga, coordenador-geral do Sindipetro MG, informou:
— A greve dos petroleiros em Minas Gerais já conta com mais de 90% de adesão dos setores operacionais da Termelétrica de Ibirité (UTE-Ibirité) e da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim.
— Na lista das privatizações da Petrobrás, a Regap emprega 800 funcionários próprios e 1.200 terceirizados. É a maior contribuinte de ICMS de Minas Gerais.
Rosane Cordeiro, diretora do Sindados MG, falou sobre a greve dos trabalhadores da Dataprev:
— A greve nacional por tempo indeterminado, iniciada em 28 de janeiro, foi suspensa temporariamente por 15 dias, após o Tribunal Superior do Trabalho (TST) abrir negociações.
— O movimento é contra o fechamento de Regionais e a demissão em massa de trabalhadores, medidas que aprofundariam o colapso no INSS, pois a Dataprev processa mensalmente cerca de R$ 50 bilhões em benefícios do instituto.
— Um dos pleitos da categoria é não a demissão dos trabalhadores do setor com suas transferências para outra estatal, como o INSS.
Rosângela Cordeiro também tratou da situação do Serpro:
— A precarização também ameaça o Serpro, estatal presente em todo o País e que tem cerca de dez mil trabalhadores.
Robson Silva, presidente do Sintect-MG, salientou:
— A partir do dia 12, a categoria irá parar por tempo indeterminado; a mobilização é contra a retirada de direitos e as péssimas condições de trabalho.
— Desde 2011, a ECT não realiza concurso público, o que gera sobrecarga de trabalho.
— A estatal presta serviços essenciais à população, sobretudo em municípios afastados, na distribuição dos livros didáticos, provas do Enem, entrega de documentos e urnas eleitorais, exames laboratoriais, medicamentos, munição usada para forças policiais e armadas e donativos para famílias atingidas pelas enchentes.
— Apenas uma estatal, por ter um caráter social, pode prestar esse tipo de serviço com confiabilidade e o seu sucateamento preocupa.
Resultado: sindicatos mineiros decidiram unir-se contra o desmonte das estatais estratégicas.
Aqui, a luta conjunta já começou.
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