Caso Dossiê: “Essa aqui é a foto da Globo, que eles colocaram todo o dinheiro, só o dinheiro, e pronto”
Tempo de leitura: 14 minPor Luiz Carlos Azenha
O caso envolvendo o delegado Edmilson Bruno, da Polícia Federal, colocou em risco a reeleição do presidente Lula, em 2006 — é apontado como um dos motivos para a vitória do petista não ter acontecido em primeiro turno.
“Aloprados” do PT, na definição do ex-presidente, teriam planejado comprar um dossiê contra o então candidato a governador de São Paulo, José Serra, em nome do candidato petista ao mesmo cargo, Aloizio Mercadante.
Na avaliação do repórter investigativo Amaury Ribeiro Jr., petistas foram atraídos para uma cilada e capturados com dinheiro vivo a mando de adversários políticos.
Deu no escândalo do dossiê às vésperas do primeiro turno das eleições de 2006, quando Lula tentava se reeleger diante do tucano Geraldo Alckmin.
A jogada que ajudou a levar a eleição para o segundo turno foi deixar para vazar as fotos do dinheiro para a antevéspera do pleito.
O dinheiro vivo, dólares e reais, foi capturado com petistas em um hotel perto do aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
A cenografia, com fotografias de “paredes” de reais, poderia ter um impacto eleitoral, como de fato teve.
As fotos estrelaram uma longa reportagem do Jornal Nacional na sexta-feira que antecedeu o primeiro turno.
O JN não noticiou a tragédia com o avião da Gol que aconteceu naquela mesma noite e matou 155 pessoas, alegando que não tinha tido tempo de confirmar o acidente.
Apoie o VIOMUNDO
Com isso, ficou preservada a paginação do telejornal, que dedicou toda a sua abertura, de grande audiência, à denúncia que envolvia o partido do candidato Lula.
No dia seguinte, sábado, véspera do primeiro turno, as fotos do dinheiro saíram na capa de todos os jornais.
A essa altura, a propaganda eleitoral obrigatória já estava suspensa, de maneira que o PT não tinha como se contrapor ao noticiário negativo.
Em São Paulo, coincidentemente, a Folha e o Estadão publicaram as fotos do dinheiro junto com uma foto de Lula usando capuz, como se fosse um trombadinha, numa diagramação muito sugestiva, que chamou atenção dos leitores.
O papel do delegado Edmilson Bruno no caso nunca foi devidamente esclarecido.
A notícia de que ele participara do vazamento foi primeiro dada pelo Viomundo, que teve acesso à gravação da conversa entre o delegado e os jornalistas através de um dos participantes.
Foi o furo de reportagem que tornou este espaço conhecido dos brasileiros.
O Viomundo era hospedado, então, na Globo.com. Como repórter da emissora à época, fui cobrado por um superior hierárquico e argumentei que noticiara a existência da gravação em meu blog por acreditar ser uma notícia jornalisticamente relevante.
Chamou-nos atenção, à época:
— o fato de o delegado pedir a jornalistas que editassem o conteúdo, como se fosse editor;
— o fato de o delegado dizer que mentiria a superiores, afirmando que as fotos teriam sido furtadas;
— o fato de o delegado sugerir que poderia acusar faxineiras pelo furto, sem que jornalistas protestassem;
— o fato de o delegado exigir a divulgação das fotos nos telejornais daquela noite, a começar da Band e do Jornal Nacional, mas não imediatamente, no Jornal Hoje, como se esse tipo de armação fosse corriqueira e aceitável;
— o fato de o delegado mencionar a existência de uma FOTO DA GLOBO, o que sugere que uma foto foi produzida para sair na televisão. Seria esta a explicação para a foto mostrando uma parede de dinheiro? Curiosamente, a mesma foto, depois de sair na mídia, foi parar na propaganda de Geraldo Alckmin, entre o primeiro e o segundo turnos da eleição de 2006. O delegado Edmilson Bruno disse literalmente, conforme pode se ouvir na gravação: E no Banco Central, falou assim, essa aqui é a foto da Globo, que eles colocaram todo o dinheiro, só o dinheiro e pronto.
Isso significa que “colocaram todo o dinheiro” e fizeram a “foto da Globo”?
A reprodução da conversa no Viomundo antigo foi mambembe, pois baseada em anotações feitas às pressas, a partir da reprodução — duas vezes — da fita gravada.
O G1, do Grupo Globo, reproduziu a conversa do delegado Bruno com os jornalistas no dia 19.10.2006, mas a TV Globo não, jamais tocou no assunto em seus telejornais.
O jornalismo da Globo jamais investigou o que seria a tal FOTO DA GLOBO mencionada pelo delegado.
Da conversa entre o delegado e jornalistas depreende-se que Bruno investigava o PT, pois ele menciona os donos ou ex-donos da marca Danone como supostos financiadores do partido e/ou integrantes do partido.
Outros fatos relativos ao episódio permanecem obscuros até hoje.
Àquela altura as fotos já tinham sido entregues ao repórter Cesar Tralli, da TV Globo? A reportagem já estava pronta para ser colocada no ar, quando a direção da emissora recusou-se a fazê-lo de maneira solitária e exigiu um vazamento coletivo? O delegado Edmilson Bruno fez as fotos ou apenas vazou as da perícia oficial? Quem falou em foto da Globo? A pessoa que falou em foto da Globo sabia que Edmilson Bruno pretendia vazar as imagens? Quem mais sabia sobre o vazamento? Quem dava cobertura ao delegado na PF?
Seja como for, é pouco provável que a existência da gravação se tornasse pública não fosse o furo de reportagem que tornou o Viomundo conhecido dos brasileiros, em outubro de 2006.
Abaixo, a reprodução do G1:
LEIA E OUÇA, COM NITIDEZ E NA ÍNTEGRA, CONVERSA DO DELEGADO DO CASO DOSSIÊ COM REPÓRTERES
O G1 obteve acesso à íntegra da fita gravada no momento em que o delegado Edmilson Pereira Bruno, da Polícia Federal, entrega aos repórteres Paulo Baraldi, de “O Estado de S. Paulo”, Lílian Christofoletti, da “Folha de S.Paulo”, Tatiana Farah, de “O Globo” e André Guilherme, da rádio Jovem Pan, as fotos do dinheiro apreendido com os petistas que estavam negociando a compra de um dossiê contra os tucanos. São nove minutos e cinqüenta e quatro segundos de conversa. O áudio está em perfeitas condições.
O texto da degravação, completo, é o que segue:
Delegado Bruno:
— Aqui tá a gravação de todo o dinheiro que tá no Banco Central, de todo o dinheiro que tá na Caixa Econômica. Eu fui fazer a perícia no dia. Os peritos tiraram as fotos e eu também tirei. Então aqui tem mais ou menos umas doze fotos. Só que não pode aparecer nem o pessoal do Banco Central, que dá para ver uma coisinha, e nem a Protege. A Protege pediu para preservar o nome dela, que se dane. Para provar que o dinheiro é dele, porque vai aparecer um monte de dinheiro sem saber de onde é, porque as cintas são tudo da Caixa, não é mais as cintas dos bancos. E aqui prova que é um milhão cento e sessenta e oito, ó, Caixa Econômica Federal. Não…
Voz feminina de repórter:
— O que é isso?
Delegado Bruno:
— Isso aqui é o dinheiro, ó, que tá na custódia de Caixa Econômica, ó… Isso aqui é da Protege, que tá aqui à disposição da Polícia Federal. Caixa Econômica Federal, ó. É custódia, ó. Fonte custódia, que é o dinheiro…
Voz feminina de repórter:
— Um milhão…
Delegado Bruno:
— Cento e sessenta e oito, que é o dinheiro da, do…
Voz de repórter-homem:
— É o real isso daí.
Delegado Bruno:
— São os reais. Então, aqui… vocês tiram aqui… tiram o nome da Protege.
Voz de repórter-mulher:
— Tá…
Voz de repórter-homem:
— Tá.
Delegado Bruno:
— Para não saber que tá na Protege, vocês fazem uma edição. Eu tenho outros documentos que fala assim PAB Polícia Federal. Se vocês quiserem, eu trago para vocês… porque aqui, ó, Caixa Econômica Federal. E tem outro que tá escrito PAB Polícia Federal, que é de trezentos em trezentos mil os depósitos. Aí eu fiz juntar num malote só… e tem a foto desse malote. Então isso prova que é o dinheiro. Tá. Então tá aqui.
Voz masculina de repórter:
— São quantas fotos? Doze fotos?
Delegado Bruno:
— Tem um monte.
Voz masculina de repórter:
— Isso é cópia, doutor?
Delegado Bruno:
— Não, esse aqui é original. Vocês precisam me trazer duas cópias de volta. Esse é original, ó. E do Banco Central, como é que tá? Tá os dólares… e aí eu coloquei um envelope atrás do Banco Central que tá no meu nome, assim. É… duzentos e cinquenta e oito mil dólares – interessado: Edmílson Pereira Bruno, para provar que é o dinheiro dos dólares, porque quando eu fiz o depósito, eu fiz em meu nome no Banco Central. Inclusive, nos dólares, tem notas novas e velhas. Nas velhas, tem carimbo de doleiro, que a gente vai fazer a perícia para descobrir. Vocês têm que me trazer isso aqui antes do meio-dia, vocês têm que ir em algum lugar tirar cópia…
Voz masculina de repórter:
— Alguém sabe onde a gente pode tirar cópia?
Delegado Bruno:
— Não sei, tem essas duas mídias. Vocês podem passar para essas mídias aqui. E aí, vocês precisam me devolver…
Voz feminina de repórter:
— Aqui não tem nada?
Delegado Bruno:
— Não tem nada. Vocês precisam me devolver.
Voz feminina de repórter:
— Então, vamos levar nessa mídia aí, né?
Delegado Bruno:
— Eu preciso que vocês me devolvam pelo menos uma. Vocês tiram mais cópia para vocês. Eu só tenho uma para vocês todos.
Voz feminina de repórter:
— Não, beleza, a gente…
Delegado Bruno:
— Agora, ele não, que é rádio, né?
Voz masculina de repórter:
— É, eu não preciso.
Delegado Bruno:
— Você não pode divulgar isso até as seis da tarde.
Voz feminina de repórter:
— Não, não.
Delegado Bruno:
— Porque isso aí… alguém que roubou e deu para vocês. Isso aí só vai sair amanhã.
Vozes misturadas de repórteres:
— Melhor ir agora já tirar.
— Agora, é.
— Quer ir, Tati?
— Quem tá de carro aqui para poder pegar um carro?
— Eu tô de carro, mas eu tô sozinha aí.
— Então, eu tô sem carro e ela tá sozinha.
Delegado Bruno:
— Vocês têm que ir em lugar perto.
Voz feminina de repórter:
— Tudo bem, porque eu…
Voz masculina de repórter:
— Eu não tenho cd, doutor…
Delegado Bruno:
— Esse cd, só imagem.
Voz feminina de repórter:
— Então vamos fazer isso, beleza. Eu copio lá.
Outra voz feminina de repórter:
— Ótimo.
Voz masculina de repórter:
— Como é que vai fazer?
Voz feminina de repórter:
— Eu vou no carro dela…
Voz masculina de repórter:
— Isso é cópia, doutor?
Delegado Bruno:
— Não, isso aqui é mídia…
Voz masculina de repórter:
— Não, o papel…
Delegado Bruno:
— Isso aqui é o papel das… isso aqui é minhas cópias.
Voz masculina de repórter:
— Pode pegar algum desse? Eu tô dobrando aqui…
Delegado Bruno:
— Então… isso aqui vocês tiram cópia para vocês.
Voz feminina de repórter:
— De repente, você consegue mandar por e-mail para a gente isso, né?
Delegado Bruno:
— Pega mais uma cópia disso aqui.
Voz feminina de repórter:
— Gente, vou copiar a mídia, porque é garantia, entendeu?
Delegado Bruno:
— Vou confiar em vocês. O que vai aparecer? Que alguém roubou e vazou na imprensa.
Voz feminina de repórter:
— Tá.
Delegado Bruno:
— Porque, no início… vai cair matando, só eu que tenho isso aí. Eu e os peritos. Mais ninguém tem, ninguém. Nem o superintendente tem, nem a delegacia tem…
Voz feminina de repórter:
— Dá um para mim…
Voz masculina de repórter:
— Não… vai tirar cópia.
Delegado Bruno:
— Vocês tiram cópia.
Voz feminina de repórter:
— Ah, não, tá.
Delegado Bruno:
— Quando vocês passarem na TV… ó, tira o nome da Protege, tira essa data aqui, ó.
Voz masculina de repórter:
— Tá, 28 do 9.
Voz feminina de repórter:
— Tira a data…
Delegado bruno:
— Não, a data até pode deixar.
Voz feminina de repórter:
— É…
Delegado Bruno:
— Quer pôr a Protege, quer pôr a Protege?
Voz feminina de repórter:
— Por que tirar a Protege?
Voz masculina de repórter:
— Deixa… Foda-se…
Delegado Bruno:
— Porque na realidade foi furtado e a Protege tem um monte de imagem, depois se isso aí vazar, pelo amor de Deus. E no Banco Central, falou assim, essa aqui é a foto da Globo, que eles colocaram todo o dinheiro, só o dinheiro e pronto. Aí tem um envelope… escrito Banco Central, e todos os dados do dinheiro, dos dólares e meu nome embaixo. Agora, vocês têm que fazer um photoshop, porque tem fotos que aparece…
Voz masculina de repórter:
— As pessoas do Banco Central…
Delegado Bruno:
— Não, não… da Protege… do lado, contando o dinheiro, porque eu fui dentro…
Voz masculina de repórter:
— Ah…
Voz feminina de repórter:
— É só isso mesmo, doutor? Porque a gente já vai correndo para lá…
Voz masculina de repórter:
— E como é que a gente faz para entregar para o senhor depois?
Delegado Bruno:
— Você aí me liga: ó doutor, tô levantando.
Voz masculina de repórter:
— Tá.
Delegado Bruno:
— E eu não sei de nada. Aí eu desço, venho neste mesmo lugar e você me entrega o original e mais uma cópia. E essa cópia que vocês fizeram para vocês, vocês abrem… não, podem até ficar com o original, mas a que vocês entregarem para mim, vocês abrem para ver se tem tudo normal.
Voz feminina de repórter:
— É… porque a original sumiu.
Outra voz feminina de repórter:
— E dá para abrir? Não tem senha, nada?
Delegado Bruno:
— Não, é direto.
Voz masculina de repórter:
— Aí você entrega uma cópia para ele.
Voz feminina de repórter:
— Tá… tá…
Delegado Bruno:
— É… uma mídia comum. Vocês selecionam as melhores fotos…
Voz feminina de repórter:
— Eu ligo para o senhor mais tarde.
Delegado Bruno:
— Isso não vai sair hoje, né? Vai sair no jornal de amanhã.
Vozes misturados dos repórteres:
— É… no jornal de amanhã, na tv, né?
Voz masculina de repórter:
— Isso, o senhor fez um reporte de que foi furtado?
Delegado Bruno:
— Não, agora eu estou desesperado. Vai chegar à tarde, pro superintendente… apavorado. vou falar: doutor, me furtaram, tô com medo que isso vaze.
Voz feminina de repórter:
— É legal porque vazou para a imprensa inteira.
Delegado Bruno:
— Falei: já falei com os repórteres. Eles estão levantando para mim. Ninguém sabe de nada, mas eu tô desconfiado. Sabe como é, não dá para confiar em repórter. Não dá mesmo.
(risos de um repórter).
(voz feminina de repórter diz: puta sacanagem…)
Delegado Bruno:
— Agora, eu conto com vocês, hein? Sabe por quê? Vocês não podem me vender, porque isso aí vai abrir uma sindicância contra mim e um processo, porque isso é segredo de justiça.
Voz feminina de repórter:
— Mas quem o sr. vai apontar que teria roubado?
Delegado Bruno:
— Não sei! Quando cheguei na minha sala, não tava. êne pessoas pode ter entrado na minha sala. faxineiras…
Voz feminina de repórter:
— Tá, então não fala que foi repórter, senão…
Delegado Bruno:
— Eu vou falar que eu não sei… porque eu tive acesso ontem, eu tirei essas cópias cinco horas da tarde.
Voz feminina de repórter:
— Mas teve repórter que entrou na sala do senhor?
Delegado Bruno:
— Não, não sei… Eu tô falando assim, que vazou…
Voz masculina de repórter:
— Porque senão, não vai ficar… foi o Tralli…
Voz feminina de repórter:
— Tralli?! (risos)
Delegado Bruno:
— Eu não tô falando que os repórteres, que alguém deu para os repórteres, mas todos os repórteres tão falando para mim que não sabem de nada.
(o delegado está aqui ensaiando como conversaria com seu chefe sobre o sumiço das fotos).
Voz feminina de repórter:
— Ah, tá… entendi. Não, beleza, beleza.
Delegado Bruno:
— não dá para confiar neles, se eles estão falando a verdade para mim ou não… porque eu estou ligando para vocês, o telefone tá grampeado, o telefone que eu ligo.
Voz masculina de repórter:
— É.. por isso que o sr. ligou daquele jeito.
Delegado Bruno:
— Desesperado… até para a “Veja” eu liguei.
Voz feminina de repórter:
— Vamos lá. Depois a gente volta.
Delegado Bruno:
— Agora é o seguinte, qual a televisão que eu divulgo? Eu preciso divulgar para uma tevê.
Voz masculina de repórter:
— Precisa sair numa tv… bom, na Globo ou no SBT…
Delegado Bruno:
— Tem alguém da TV Globo aí?
Voz masculina de repórter:
— Tem o Bocardi, o Bocardi!
Voz feminina de repórter:
— Eu tenho, eu posso passar lá pela minha chefia, pelo Globo
Voz masculina de repórter:
— Ah, é! Ela é do Globo
Delegado Bruno:
— Então, tem alguém da Globo aqui? da TV, para eu entregar isso daqui? Não é o Tralli? O Tralli tá muito visado…
Aí eu vou ligar para o Tralli e vou dizer, pô Tralli…..
Vozes misturadas de repórteres:
— Deixa o Bocardi, deixa o Bocardi então, pode ser?
— Tem … da Band, também, meu amigo, gente finíssima.
— Ah, é…
Delegado Bruno:
— Mas eu não tenho mídia para todo mundo.
Vozes dos repórteres:
— Tudo bem, a gente dá um jeito…
— Pode deixar, eu vou copiar
— Eu falo com o Rodrigo Bocardi
— Vamos falar com o Rodrigo Pinho e com o Bocardi. Aí ele fala com o Pinho, você fala com o Bocardi
Delegado Bruno:
— Você tira cópia, então. Vocês vão ser honestos comigo? Sabe por quê? Não pode divulgar para um só, que vira aquele furo que só um tem, aí vira fonte única. Quando espalha para todo mundo…
Voz feminina de repórter:
— Tá certo, o legal é botar a informação….
Voz masculina de repórter:
— Só que é o seguinte: isso só pode sair amanhã na tv, né?
Delegado Bruno:
— Não, pode sair hoje à noite na tv.
Voz feminina de repórter:
— Pode sair hoje à noite.
Voz masculina de repórter:
— Jornal da meia-noite, jornal da meia-noite.
Delegado Bruno:
— Não, tem que sair hoje. Não, tem que sair no jornal da Globo no primeiro horário. Não pode sair é à tarde.
Voz feminina de repórter:
— É gente, também porque nós estamos os três jornais, né?
Delegado Bruno:
— Tem que sair no “Jornal Nacional”. Se for o SBT, Ana Paula Padrão.
Isso daí vazou ontem, me furtaram ontem, isso espalhou hoje de manhã, o que não pode é sair agora…
Voz feminina de repórter:
— Sumiu que nem o chip?
Delegado Bruno:
— Que nem o chip. Agora, é o seguinte, tem que entrar no jornal logo no primeiro horário da noite, não pode chegar agora e sair no Jornal Hoje.
Voz feminina de repórter:
— Você tem uma cópia do chip da agenda?
Delegado Bruno:
— Do chip sumiu mesmo, mas já levantaram os telefones.
Voz feminina de repórter:
— Mas e a agenda? Não, né?
Voz masculina de repórter:
— Quem é esse André, que o senhor falou ontem?
Delegado Bruno:
— Este nome aqui já divulgou, ó, André De Noce…
Voz feminina de repórter:
— Eu acabei de falar com ele…
Delegado Bruno:
— Esse cara aqui, esses dois, venderam a Danone, por milhões e milhões. Toda vez que o PT precisa de dinheiro, o Zé Dirceu vai lá, eles dão dinheiro para o PT.
Voz masculina de repórter:
— Vicente Bittar De Noce?
Delegado Bruno:
— E o filho dele, o André De Noce. Isso aqui… tem umas pessoas investigando para mim.
Voz feminina de repórter:
— Ele tem empreiteira também, né?
Delegado Bruno:
— Isso. O que acontece? Toda o PT precisa de dinheiro, eles dão dinheiro para o PT, e depois como o PT quando faz as tramóias dele, devolve.
Voz masculina de repórter:
— A polícia está atrás disso então, desses nomes?
Delegado Bruno:
— Nãaao! Isso aqui, não sei se tá. Eu estou.
(vozes misturadas dos repórteres: “já falei com ele”, “eu sei porque eu ouvi de outro”)
Delegado Bruno:
— Joga esse nome André De Noce, porque eu tô achando que os reais, uma parte dos reais, foi o André De Noce que deu. Lembra quando um fala que uma empresa entrou de sócio, que era da revista? Eu estou achando que este André era um dos… tudo o que o PT precisa de grana, grana que não pode sair do PT, esse cara dá. E quando o PT consegue dinheiro por fora, devolve para ele.
Voz masculina de repórter:
– E ele é o quê? que que ele faz?
Delegado Bruno:
– Vendeu, acho que por quatrocentos milhões…
Voz feminina de repórter:
– Uma empresa de consultoria.
Delegado Bruno:
— E eles venderam a Danone, donos da Danone no Brasil, a Danone francesa. Eles venderam a parte deles.
Voz masculina de repórter:
— Mas por que o senhor acha que são eles, tem algum grampo?
Delegado Bruno:
– Não… porque tem uma pessoas investigando para mim e tão desconfiado que o Zé Dirceu…
Voz masculina de repórter:
— Qual o (inaudível) disso?
Delegado Bruno:
— É um nome que você pode jogar para ser investigado. As pessoas tão achando… não é gente da Polícia Federal, é gente de fora… tão achando que… toda vez que o PT tá precisando de dinheiro, o PT (inaudível)… o dinheiro que pode, vem por fora… o PT tá com a grana lá fora e não dá tempo. Ó, a grana tá vindo, mas o De Noce banca, depois eles devolvem pro De Noce.
Voz feminina de repórter:
– Eles emprestam do De Noce.
Delegado Bruno:
— Isso… como se fosse um agiota.
Voz feminina de repórter:
— Então, tá….
Delegado Bruno:
— Então, gente, não preciso me preocupar com a Globo, nem com a Band?
Repórteres:
— Não, não.
Delegado Bruno:
— É certeza? Se eu não ver isso, eu vou (inaudível).
Voz feminina de repórter:
— Pode ficar sossegado
Outra voz feminina de repórter:
— A gente vai passar, a gente vai passar. De repente, se eles não quiserem dar…
Voz masculina de repórter:
— A gente vai passar pro Rodrigo Hidalgo…
Delegado Bruno:
— Pode sair no primeiro horário da noite. Não pode é sair agora ao meio dia.
Voz feminina de repórter:
— No primeiro horário da noite, não, no último horário…
Delegado Bruno:
— Sabe por quê?
Voz feminina de repórter:
— No horário da noite, não! No último horário da noite!
Delegado Bruno:
— Não, tem que ser o primeiro horário, gente… porque eu vou fazer o alarde agora com o superintendente que vazou… que me furtaram agora de manhã.
Voz feminina de repórter:
— Tá, tudo bem…
Delegado Bruno:
— Se sair no último horário, quem que vai assistir o jornal à meia-noite?
Voz feminina de repórter:
— Ta, tá
Delegado Bruno:
— Eu quero que o povo todo veja, você entendeu? Porque me tiraram, vocês sabem que me tiraram. Então, não é que é uma vingança minha… Me sacanearam! Esse pessoal que tá sendo ouvido… sabia que foram lá no Banco Central antes de mim e tiraram fotos antes e deram para o FBI? Fizeram isso… e no meu nome, pegaram o meu protocolo no meu nome… Vieram me procurar falando que era perito. Quando que fui falar com os peritos, “Não ninguém veio me chamar para tirar foto!” Então, agora nós vamos fazer a perícia. Peguei, eu mesmo fotografei e estou passando para vocês.
Vozes femininas de repórteres:
— Tá… vamos lá…
Voz masculina de repórter:
— Aí eu ligo para o senhor.
Delegado Bruno:
— Então, Band e Globo eu fico tranqüilo?
Repórteres:
— Pode ficar, pode ficar…
Delegado Bruno:
— Qual o horário do “Jornal Nacional”? Oito da noite?
Repórteres:
— Sete e…
— Oito e meia…
Delegado Bruno:
— O da Band é sete?
Repórteres:
— É…
Delegado Bruno:
— Vou ligar a tv neste horário, hein?
Voz masculina de repórter:
— Tá.
Voz feminina de repórter:
— Pode ficar sossegado.
Delegado Bruno:
— E a fonte… jamais. Não sou mártir, não. Não sou Tiradentes para ser esquartejado.
Repórteres:
(risos)
— Tchau, doutor.
— Eu ligo pro senhor.
— Tchau.
(Ruído de caminhão passando na rua).
Fim
Comentários
paulo marins de mattos
A DIREITA É PODRE ! ! !
Deixe seu comentário