Soltura de agressor preocupa professor esfaqueado e chamado de macaco: ‘Um perigo para Bauru’
Tempo de leitura: 3 minAgressor racista que esfaqueou professor da Unesp paga fiança e é liberado
Docente está preocupado com soltura e promete recorrer de decisão
por Lúcia Rodrigues, especial para o Viomundo
Mesmo tendo sido preso em flagrante após esfaquear o professor de Jornalismo da Unesp de Bauru Juarez Xavier e chamá-lo de macaco, Vitor dos Santos Munhoz pagou fiança e já está em liberdade.
Xavier voltava para a casa após tentar marcar uma consulta médica na tarde desta quarta-feira, 20, Dia da Consciência Negra, quando foi surpreendido por xingamentos racistas, ao caminhar pela Avenida Nações Unidas, uma das mais importantes da cidade.
O docente, que é negro, ouviu de Vitor os gritos de “macaco, macaco”.
Indignado, se dirigiu ao agressor para contestar o ataque racista.
Foi atacado com golpes de canivete, que o atingiram no ombro esquerdo e do lado direito das costas.
“Eu tentei contê-lo. Não tinha me dado conta de que fora atingido e estava sangrando muito”, recorda o docente, que só percebeu os ferimentos quando populares se aproximaram para ajudá-lo.
A libertação do agressor preocupa o docente. “Recebo a notícia com muita preocupação. Eu consegui me defender, mas pode ser que tenha quem não consiga. Ele é um perigo para Bauru. Vamos recorrer da decisão.”
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Vitor foi enquadrado por lesão corporal e injúria racial, crimes que que permitem a liberação do acusado.
A mãe dele, segundo Juarez, alegou que o agressor racista tem problemas psiquiátricos.
Efeito Bolsonaro
O professor da Unesp considera que o clima de intolerância contra as minorias no país atingiu nível alarmante com a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência da República.
“Estamos vivendo um momento de absoluta intolerância. É assustador. Perderam a vergonha de serem preconceituosos. Não é crível que uma pessoa saia armada na rua para provocar [com ataques racistas].”
A reitoria da Unesp, a Associação dos Docentes da Universidade (Adunesp) e o Sindicato dos Trabalhadores (Sintunesp) divulgaram notas (na íntegra, abaixo) em apoio ao professor.
“Lamento muito o que aconteceu com o Juarez. Essa agressão exemplifica o que ocorre com milhares de negros em todo o país. É a explicitação do apartheid imposto por aqueles que não se conformam com o fim da escravidão”, frisa o professor João Chaves, presidente da Adunesp.
NOTAS DE REPÚDIO
DA REITORIA DA UNESP A ATOS RACISTAS CONTRA DOCENTE
“A Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” vem manifestar o seu repúdio aos atos racistas desta quarta-feira (20/11) contra o professor Juarez Xavier, docente da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação do câmpus de Bauru e assessor da Pró-Reitoria de Extensão Universitária e Cultura.
Negro, o professor foi alvo de xingamentos racistas quando estava em um local público e se indignou diante do criminoso, que ainda o atacou com golpes de canivete, fazendo-o sangrar no braço e nas costas.
A resposta do docente, que também prestou queixa na delegacia, foi a esperada de cidadãos defensores da diversidade frente a ações de intolerância que não podem ser aceitas em ambientes democráticos e sociedades plurais.
Os atos racistas, neste Dia da Consciência Negra, só reforçam a necessidade de dar sequência à luta contra a discriminação racial, os preconceitos, de qualquer natureza, e especialmente contra a desigualdade abissal que marca historicamente a população negra no Brasil”.
DA ADUNESP E SINTUNESP
Solidariedade ao professor Juarez Xavier. Barbárie racista deve ser rejeitada e seus perpetradores responsabilizados!
A Adunesp e o Sintunesp vêm a público repudiar com veemência o crime de racismo cometido contra o Professor Juarez Xavier, da FAAC/Unesp, campus de Bauru.
Em pleno 20 de novembro, dia consagrado à memória e à celebração da luta do povo negro, o docente foi vítima de xingamentos racistas em local público da cidade.
Ao reagir e protestar contra o ataque, foi agredido com golpes de canivete.
Prontamente atendido, felizmente o professor passa bem. Mas é preciso impedir que este crime seja banalizado e esquecido.
A agressão a qualquer pessoa, motivada por sua condição étnico-racial, avilta valores civilizatórios mais fundamentais.
O apartheid brasileiro, que tem existência de fato, deve ser combatido em todas as suas manifestações.
A agressão perpetrada contra o docente da Unesp, infelizmente, nos adverte que ainda estamos longe de patamares básicos de convivência social e de respeito humano aceitáveis num ambiente minimamente democrático.
Expressamos aqui nossa total solidariedade ao Professor Juarez Xavier e nosso mais veemente repúdio ao ataque racista a ele dirigido, ao mesmo tempo em que instamos o judiciário estadual a tomar todas as providências no sentido de assegurar que os perpetradores desta barbárie sejam responsabilizados civil e criminalmente pelos atos que cometeram.
Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça!
São Paulo, 21 de novembro de 2019.
Associação dos Docentes da Unesp – Adunesp
Sindicato dos Trabalhadores da Unesp – Sintunesp”
Comentários
Zé Maria
No braZil, Agressor Racista Armado Não Oferece Perigo. Perigoso é o Lula … Plim-Plim …
Honório Dante
Esse é o Brasil: se o cara for branco e for preso em flagrante cometendo um crime de assassinato ele é solto basta pagar a fiança, mas se for negrinho basta andar na rua para ser alvo de tiros de snipers de helicóptero. Se roubar 2 coxas de frango no mercado pq está com fome fica 3 anos na cadeia.
Tentativa de assassinato: pena pagar fiança e ir ver TV em casa.
LULIPE
Impunidade nos dos outros é refresco, não?
Inês Rosa Bueno
Eu não estou entendendo! RACISMO É CRIME INAFIANÇÁVEL! Esse psicopata não pode pagar fiança e sair! SE A MÃE DIZ QUE ELE TEM “PROBLEMAS PSIQUIÁTRICOS” -o que é óbvio – ENTÃO QUE VÁ PARA O MANICÔMIO JUDICIÁRIO! O PROFESSOR PRECISA MAIS APOIO! ESSE PSICOPATA NÃO PODE FICAR SOLTO! É CONTRA A LEI QUE ELE ESTEJA SOLTO!
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