Ciro diz que documentário de José Padilha vai focar em milicianos de Bolsonaro
Tempo de leitura: 6 minDa Redação
A campanha presidencial de Ciro Gomes para 2022 foca em Minas Gerais.
Ele acredita que vai enfrentar um representante do PT e o apresentador Luciano Huck por uma vaga no segundo turno.
Ciro pretende se apresentar como candidato de centro-esquerda, “solução” para acabar com a polarização entre os dois extremos, que identifica como a corrupção do PT e a do bolsonarismo.
Ele segue atacando o PT e faz críticas a partidos que estão buscando formar uma frente para as eleições de 2020, como o Psol e o PSB.
Em entrevista ao Estado de Minas, Ciro afirmou que só conversa com o Psol se o partido deixar de ser o “puxadinho” do PT e que o PSB deve pensar além de Pernambuco, onde tem sua base mais forte.
Ciro acredita que Jair Bolsonaro não vai completar seu mandato e que o ministro Sergio Moro pedirá demissão do cargo “para ficar no guetozinho dele, nos seus 18% ou 20% que ainda restarão de fanáticos do lava-jatismo”.
O presidenciável não disse se acredita que Moro será candidato a algum cargo público.
Opinião deste espaço, expressa no tweeter, é de que Ciro tenta crescer além dos 12% que obteve no primeiro turno das eleições de 2018 com moralismo de esquerda, capaz de atrair eleitores que se decepcionaram com Moro e a Lava Jato depois dos vazamentos do Intercept Brasil.
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É uma coisa que o PT, que ficou em segundo lugar, deveria estar fazendo?
Sem nenhuma dúvida. O PT, pelas contradições brutais que teve, está muito sem poder fazer o que estou fazendo. O PT, na hora que chega em uma discussão, imediatamente perde a qualificação porque as pessoas dizem que passaram 14 anos no governo e não fizeram. O bolsonarismo faz isso. Outro dia saiu pesquisa despencando aprovação do Bolsonaro. Aí Bolsonaro, orientado por assessores disse ‘olha eu erro mesmo, nem sempre consigo resolver os problemas mas se vocês puxarem a corda muito forte o PT vai voltar’. Aí imediatamente a Gleisi Hoffmann que é lider dessa burocracia corrupta que é o PT diz assim: ‘esse negócio de centro no Brasil não existe, a eleição de 2022 vai ser o Bolsonaro contra o PT’. Os dois estão se alimentando e o Brasil que se arrebente. Estou lutando desesperadamente para construir um caminho onde a gente bana o ódio ou a boçalidade bolsonarista e o ódio extremista e corrupto do PT.
O sr. descarta uma nova união com o PT?
Com essa burocracia do PT, nem para ir para o céu. Pago meus pecados no purgatório mais um pouquinho mas nem para ir para o céu. Porque é um bando de ladrão, de mentiroso. Estou falando da burocracia do PT, não da militância e do bom pensamento de velhos militantes. O Chico Buarque é fanático do PT e sou fã dele e entendo que ele não quer nem saber se roubou ou não, se a economia se destruiu, ele gosta do Lula e não tenho nenhum problema com isso. Mas essa burocracia, as linguagens corruptas e a traição ao país que fizeram na economia e no social é imperdoável.
Nesse aspecto do fanatismo que o senhor fala, o bolsonarista e o petista são iguais?
Um se sustenta no outro, sem nenhuma dúvida. Esse é o cálculo do Lula, que é gênio na política. Estava cansado de saber que o Haddad perderia a eleição, o que ele não podia era perder para mim, porque o que estava em jogo para o Lula não era o Brasil, era o PT. Aliado para eles é útil até o momento que faz o que São Lula mandar. Na hora que São Lula não gostar, acionam uma máquina de difamação e destruição. Fizeram com a Marina, só que comigo o buraco é bem mais embaixo. Não vão me empurrar para a direita nunca, quem está na direita são eles.
O PT está na direita?
Com essa burocracia do PT, sem nenhuma dúvida. Ninguém é de esquerda porque se diz de esquerda, são as práticas que definem. Veja os bancos, o sistema tributário brasileiro, é o sistema mais perverso e injusto do mundo. Ele cobra muito mais dos pobres e muito menos dos ricos. Na prática, rico não paga imposto no Brasil e o servente de pedreiro ou uma diarista quando liga no celular paga 40% de imposto. Isso não é um sistema criado pelo Bolsonaro, é um sistema criado pelo Fernando Henrique e aprofundado pelo PT.
O ministro Sérgio Moro foi bastante desgastado pelo episódio da Vaza Jato. Ainda é um nome para a sucessão de Bolsonaro?
Acho que até lá estará carbonizado. O Bolsonaro é paranoico e já percebeu que tem um inimigo dormindo com ele em casa. Está um jogo de inimigos falsos, um vendo que hora vai meter a faca nas costas do outro. E os dois acho que vão acertar a faca nas costas um do outro a bem do país. Mas uma facada, espero que desta vez, que seja só metáfora.
Que partidos vai procurar?
Essas coisas não são visualizadas a tal distância. É quase tão acertado eu antecipar os números da loto quanto eu dizer com quem estarei em 2022.
Quem descarta?
Vamos supor que aconteça revolução interna no PT, troquem burocracia toda, façam uma autocrítica e se apresentem para a sociedade brasileira, isso é um fato que me provoca uma atitude outra que não a que tenho hoje. Vamos supor que o Psol tenha uma clareza que esse alinhamento automático está dando a eles um status inferior de puxadinho do PT corrompido, o que é um equívoco, temos uma conversa para fazer. Vamos supor que o PSB entenda que o Brasil é um pouco mais importante que Pernambuco, temos uma conversa. O DEM hoje, para mim, está cumprindo um papel, através do Rodrigo Maia, muito importante, de obrigar o Bolsonaro a atuar dentro do regime democrático, e isso não é pouca coisa. Não afino em nada com a agenda reacionária e conservadora do DEM, mas neste aspecto. O outro é o da contenção de danos. A primeira proposta da reforma previdenciária foi para lá e o Rodrigo nos garantiu espaços para ir atenuando danos. Com essa gente eu converso muito mesmo. Se me dessem amanhã o privilégio de vir comigo para mim, é o desenho de um projeto de produção e trabalho.
Que adversários o senhor espera ter na eleição de 2022?
Não vejo Bolsonaro candidato, acho que o Doria vai abrir mão da corrida e que a elite vai estar tão apavorada que vai com Luciano Huck. Esse Amoêdo não tem muito lugar, mas está se esforçando para ser. Na esquerda vai vir o PT necessariamente com um candidato, eu devo ser se a indicação do meu partido persistir até lá.
Como avalia essa crise no PSL, causada pelo próprio Bolsonaro, que agora diz que o partido está queimado depois das acusações de candidaturas laranja e caixa 2?
O PSL não existe, era uma dessas fraçõezinhas ridículas que existem para negociar legenda e tempinho de televisão nas eleições municipais sem maior comprometimento. De forma oportunista, sem nenhuma afinidade ideológica, resolveram dar legenda ao Bolsonaro. Com isso, o Bolsonaro transformou o PSL no maior partido brasileiro e os deputados resolveram criar o fundo eleitoral, cujo critério (da distribuição) é o número de deputados. Nessa brincadeira o PSL tem R$ 780 milhões de dinheiro público daqui até a eleição. Como não tem ideologia nem nada, caráter zero, estão brigando pelo dinheiro. Vai ser guerra de foice no escuro.
O presidente fica no PSL?
Duvido. Eles vão tentar tomar o PSL, que é a lei do menor esforço. Depois tentar alguma alteração na lei ou justificativa que permita o per capita do dinheiro ir com Bolsonaro para outro lugar. É uma guerra de doido com bandido.
E o senhor, se arrependeu de ter ficado de fora do segundo turno na eleição passada?
Cumpri a orientação do meu partido que foi um apoio crítico. Mas sabendo o que sei e vendo o que eu vi, se vou de novo fazer comício com o PT passa a ser cumplicidade. Aliança, solidariedade tudo bem, até porque em uma eleição que você não é majoritário tem que ter a humildade de ficar perto do seu vizinho, ainda que você não seja igual, e negando seu antagônico. Não estou arrependido de não ter votado no Aécio e ter votado na Dilma, votaria do mesmo jeito, mas já com o dedo no nariz. Já votei com o dedo no nariz e não estou dizendo isso hoje, denunciei publicamente na época a maluquice do Lula impor a Dilma sem experiência e o Michel Temer corrupto de 30 anos na linha de sucessão. Engoli, mas daqui para frente é cumplicidade e sou sério.
O senhor disse que Bolsonaro não termina o mandato. Tem uma previsão?
Tinha uma perspectiva que não demorava muito, porque estava acompanhando a investigação do MP do RJ com relação aos filhos dele. Ali não tem erro. O Bolsonaro fazia isso como deputado, todo mundo sabia que ele tinha cinco seis funcionários fantasmas que assinavam recibo, ele pegava dinheiro e botava no bolso. Ele ensinou os bolsonarozinhos zero um, dois e três a fazer a mesma coisa. A vida do Bolsonaro é isso, carguinho, mamatinha. É inacreditável que faça o discurso oposto e a população brasileira engula. Está tudo visto e quando começaram a investigar viram algo muito mais complexo que é uma conexão íntima com as milícias do RJ. Esse Queiroz tem 10 homicídios nas costas, esse Anderson 100 homicídios. E a mãe e o irmão estavam no gabinete do Flávio Bolsonaro. [PS do Viomundo: Na verdade, a mãe e a esposa do miliciano foragido Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Bope, trabalharam no gabinete de Flávio]. Vem aí um documentário do José Padilha que vai ser lançado em julho do ano que vem. Pode ser a ocasião, porque vai estar tudo mostrado.
Comentários
Zé Maria
O ‘Apoio’, que Ciro diz que deu ao PT em 2018, não foi Crítico, foi Cínico.
O Ciro mistura verdades fáticas com opiniões mentirosas sobre o PT.
zé
Eu acho bem estranho:
– quando Ciro faz política, vai atrás de alianças, etc é condenável
– o que o PT conversou com o PSB na eleição de 2018 é totalmente aceitável, jogo político normal.
– Ciro nitidamente subiu o tom contra o PT
– Esse blog mostra 3 matérias sobre ele em menos de uma semana, sendo que antes passava semanas sem falar dele.
– Pesquisas apontavam que Ciro seria o único que venceria Bolsonaro no segundo turno de 2018.
– PT fez suas politicagens, minou apoio a Ciro e chegou ao segundo turno, perdendo para Bolsonaro como indicavam as pesquisas. Culpam Ciro por não ter dado total apoio, por ter ido viajar.
– Esse blog (junto com DCM e a mídia marrom pró-PT) dizem que Ciro “fugiu”.
(A palavra “fugir” tem sentido pejorativo contra quem é aplicada. “fulano fugiu” denota “fulano é covarde”, indicando portanto ataque pessoal).
– Ciro ataca jornalista e é criticado aqui por fazer “ataques pessoais”.
-Nas entrevistas de Ciro de 2018 (destaco aqui as da folha/Uol e do GloboNews) boa parte do tempo é dedicado ao PT e a Lula. Ciro faz questão de indicar tecnicamente que a condenação de Lula é injusta, Isso, antes mesmo das revelações do Intercept virem à tona.
– Esse blog diz que Ciro está praticando “moralismo de esquerda”, capaz de atrair eleitores apoiadores de Moro e Lava-Jato.
Conclusão: Junto com DCM, esse blog deixou de ser uma fonte aceitável de informação.
Marcos Nunes
Perfeita a análise.
Marcos Videira
Penso que as críticas de Ciro ao PSol e PSB são fundamentadas e construtivas. O PSol tem ficado a reboque do PT e isso é um grave erro político, pois perde a identidade que sempre teve. Quanto ao PSB, hoje o deputado Molon deu entrevista explicando as grandes mudanças que estão em processo no PSB.
Espero que o Viomundo continue independente não se transforme numa fábrica de fake news como o 247 e o DCM, que atuam como propagandistas do PT.
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