Paulo Moreira Leite: Ciro caluniou para omitir que se escondeu em Paris em 2018, o que ajudou a levar Bolsonaro ao Planalto
Tempo de leitura: 3 minCiro quer capturar os órfãos do Moro e da Lava Jato, com um moralismo de esquerda que mantenha o Lula afastado da vida política, o que lhe dá chance de segundo turno nos escombros do bolsonarismo em 2022. Opinião do Viomundo, emitida no twitter
Ciro Gomes continua devendo explicações ao povo brasileiro
No permanente esforço para tentar fugir do esquecimento em que foi colocado pelo povo brasileiro através de sucessivas derrotas eleitorais, Ciro Gomes decidiu me colocar como alvo de seu esgoto verbal divulgado em recente entrevista ao UOL.
“Moreira Leite foi demitido do grupo Abril, onde fazia picaretagem a serviço da pior direita corrupta do Brasil”, disse ele.
É uma calúnia, recurso clássico de quem não se conforma com a liberdade devida a todo profissional de imprensa interessado em acompanhar nossa vida política com espírito crítico.
Como jornalista há quase meio século, fiz e espero sempre fazer as críticas que considerar necessárias. Na campanha de 2018, por exemplo, publiquei uma reportagem que mostrava que Ciro Gomes tinha uma proposta de reforma da previdência sob medida para agradar os banqueiros. Incluía até capitalização individual. Será que errei? Ou incomodei?
Antes de desmacarar essa patética e criminosa tentativa de Ciro Gomes para atingir minha honra, vamos falar do que interessa de um país às voltas com ataques ao bem estar do povo e à democracia. O ponto obrigatório, aqui, é recordar o lamentável papel de Ciro na vitória de Bolsonaro — pois este é o fato essencial de sua história política recente.
No final do primeiro turno, quando recebeu uma votação pífia para quem ambicionava chegar à segunda fase de qualquer maneira, fiz parte do coro de jornalistas e blogueiros que traduziram a indignação de milhões de brasileiros e brasileiras diante da reação do candidato do PDT na hora do perigo. Fugindo para Paris, recusou-se a construir uma unidade que poderia ter impedido a catástrofe que todos já avistavam em horizonte próximo.
Este é o problema real. O país inteiro sabe que Ciro Gomes foi um aliado objetivo da vitória de Bolsonaro, o que torna as críticas ao atual governo — que ocupam todas as entrevistas redentes — um exercício vergonhoso de oportunismo, de quem pretende esconder suas responsabilidades na tragédia.
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Portando-se como velhos coronéis que dominavam a política brasileira no século passado, o ex-governador do Ceará jamais prestou contas deste ato irremediavelmente obsceno.
Este é o testemunho que incomoda Ciro Gomes, a razão para seu ataque ao 247, a Kiko Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, a outros que descreve mentirosamente como “picaretas”.
Com limites e imperfeições, naturais a toda atividade humana, somos olhos e ouvidos de um país que resiste e luta. E, mais uma vez, Ciro Gomes faz o jogo útil ao adversário que finge combater.
No que diz respeito à minha atividade como jornalista — em breve completo 50 de profissão — cabe registrar o mais importante. Além de fazer acusações de caráter criminoso, Ciro Gomes deixa claro que nem sabe do que está falando.
Tive duas passagens pela VEJA, de onde sempre saí por vontade própria.
Na primeira vez, deixei a revista para me dedicar em tempo integral ao jornal O Trabalho, um dos muitos veículos da imprensa alternativa que combatiam a ditadura militar num tempo em que Ciro Gomes frequentava circulos da juventude simpática ao regime dos generais.
[Nota do Viomundo: O Trabalho foi o jornal da corrente trotskista Liberdade e Luta, que atuou no movimento estudantil com o simpático nome de Libelu durante a ditadura militar e depois se incorporou ao Partido dos Trabalhadores]
Encerrei minha segunda passagem pela VEJA após 17 anos, onde ocupei posições como editor executivo e redator chefe. Saí ao aceitar um convite para ser correspondente em Washington da Gazeta Mercantil, o mais respeitado jornal econômico da época. Pedi demissão por uma razão sabida por toda redação — minha discordância absoluta com a orientação política que a VEJA assumira após uma mudança na direção.
Mas como disse antes, meu destino pessoal não tem importância diante da tragédia que abate sobre o país. É esta a explicação que Ciro Gomes deve a 210 milhões de brasileiras e brasileiros.
O resto é esgoto verbal.
Alguma dúvida?
Comentários
zé
Quando a gente vai falar daquela mentira da máscara de papel com o rosto do ex presidente? Aquela palhaçada de “fulano é lula”?
A falta de respeito com a população mais simples é evidente. Vergonhoso o PT explorar essa simplicidade (ignorância), depois de ter governado o país por 14 anos. Admissão de que não fez nada pra mudar a situação.
Admissão de que faz das pessoas mais simples seu curral eleitoral.
Meu último voto no PT foi em Haddad no segundo turno. Isso numa série histórica de praticamente todos os votos para o executivo (o padilha com sua lei do nacituro nunca teria meu voto) desde que comecei a votar. Nunca mais voltarão a ter meu voto.
Zé Maria
Ciro, vai falar da Soberania Nacional do Brasil,
que tu ganhas mais do que ofender Jornalistas!
.
A Derrota da Diplomacia da Bajulação
“Numa decisão que surpreendeu aliados que faziam fé
na subserviência de Bolsonaro e Ernesto Araújo
a Washington, governo brasileiro não consegue apoio
de Trump na disputa pela próxima vaga na OCDE,
que reune os países mais ricos do mundo”
“até aqui o único governo brasileiro a demonstrar interesse efetivo para ingressar na OCDE foi Michel
Temer, que chegou a instalar um embaixador em Paris,
sede da organização, para tentar uma vaga de
qualquer maneira.
Basta consultar o mapa do mundo para reparar
que nações como China, Rússia e Índia estão fora
da OCDE e jamais viram qualquer vantagem real
em bater a sua porta.
Por Paulo Moreira Leite, do “Jornalistas pela Democracia”,
via Ceilândia em Alerta
Derrota da diplomacia da bajulação
Com a experiência de quem passou oito anos entre o Fundo Monetário Internacional e o banco de desenvolvimento criado pelos BRICS, o bloco economico-diplomático formado por Brasil, Russia, India, China e Africa do Sul, o economista Paulo Nogueira Batista Jr. deixou um registro sob medida para se prever o fiasco produzido pela diplomacia subserviente de Jair Bolsonaro e Ernesto Araújo , que nos últimos meses alimentou a ilusão de que o país estava com ingresso garantido na OCDE, a organização que desde a Guerra Fria reune as economias dos país alinhados com Washington.
“Os americanos mostram-se sempre complicados,” escreve ele no recém lançado “O Brasil Não Cabe no Quintal de Ninguém”, livro que retrata sua experiência internacional.
“Comportam-se, em geral, de maneira prepotente, consideram-se líderes natos e hereditários. Não sabem trabalhar em aliança. Coisa curiosa: com os americanos, é difícil cooperar mesmo quando há concordância de posições. Passei por isso mais de uma vez nos oito anos em que tive contato regulares com as delegações dos EUA no G20 e a diretoria desse país nos FMI”.
No mesmo trecho, o economista anuncia “um aviso aos navegantes:
os americanos desprezam visceralmente comportamentos subservientes.
Quantas vezes testemunhei a indiferença e, não raro,
os maus tratos dispensados a seus satélites, especialmente latino-americanos”.
São palavras sob medida para se compreender o ambiente de decepção gerado pela revelação de que a Casa Branca acabara de comunicar, reservadamente, seu esforço para emplacar dois parceiros prioritários a ingressar na OCDE — a Argentina e a Romênia.
A decepção e mal-estar que a notícia produziu entre os aliados de Bolsonaro levou a Embaixada norte-americana, em Brasília, a divulgar uma nota na qual reafirma seu apoio ao ingresso brasileiro na OCDE — uma declaração de intenções, genérica, sem compromissos maiores nem medidas concretas.
Os aliados de um governo que se tornou o grande saco de pancadas da cena internacional, como se viu na última Conferência da ONU e nos frequentes confrontos com o presidente da França, Emmanuel Macron, que voltou a ganhar pontos junto ao eleitorado de seus francês de ataques disparados contra as tolices do colega brasileiro, reagiram como maridos traídos diante da opção por Buenos Aires. Compreende-se.
Num país onde ideias de altivez e soberania, expressas na obra de Paulo Nogueira Batista Jr, são marginalizadas, a postura subserviente tornou-se marca registrada e já denunciada por diplomatas de várias escolas, como Rubens Ricúpero, de impecáveis credenciais tucanas.
Com Bolsonaro, o Brasil tornou-se o único país do mundo a possuir, no comando de sua diplomacia, um personagem como Ernesto Araújo, capaz de escrever uma artigo (“Trump e o Ocidente”), num tom descaradamente bajulatório, como nunca se viu entre nações soberanas.
Em palavras que ajudaram a pavimentar sua escolha para o ministério sem jamais ter ocupado numa única Embaixada, Araujo define a atuação internacional de Donald Trump como um esforço para “submeter o Ocidente a uma terapia de recuperação da personalidade perdida ” na qual procura “o restabelecimento do contato com o próprio inconsciente”. Alguns parágrafos adiante, sempre no tom de dependência, o futuro chanceler refere-se a “um Deus por quem os ocidentais anseiam ou deveriam ansiar, o Deus de Trump”.
Com este espírito Bolsonaro e Araújo viajaram para os Estados Unidos em março e, conforme relatado num comunicado oficial da visita, assinado pelos dois governos, ali conversaram sobre o ingresso do país na OCDE. “O Presidente Trump manifestou seu apoio para que o Brasil inicie o processo de acessão com vistas a tornar-se membro pleno da OCDE”, diz o texto.
Referindo-se ao presidente brasileiro com palavras especialmente gentis, atribuindo-lhe um “status de líder global”, o comunicado deixa registrado que Bolsonaro já começava a fazer concessões diplomáticas nessa direção, antes mesmo do país receber qualquer benefício concreto. Assim, o cidadão com “status de líder global” concordou que “começará a abrir mão do tratamento especial e diferenciado nas negociações da Organização Mundial do Comércio, em linha com a proposta dos Estados Unidos.” Em português claro: num universo de guerra comercial no qual todo tratamento preferencial é uma vantagem da qual ninguém abre mão sem contrapartidas compensadoras, Bolsonaro deixou claro que estava já começaria a fazer concessões — antes de receber a mercadoria, postura sob medida para ser atingido por diplomatas de Washington, que “desprezam visceralmente comportamentos subservientes”.
Há uma grande ironia nesta história, contudo. O saldo é bom para nosso país. Do ponto de vista das necessidades do país, o Brasil não tem o menor interesse econômico nem diplomático de ingressar na OCDE.
Criada sob liderança dos Estados Unidos nos tempos da Guerra Fria, a instituição é um braço utilizado por Washington e demais países de PIB avantajado para monitorar o crescimento das nações médias, impondo normas e restrições de acordo com os interesses das economias centrais. Não por acaso, até aqui o único governo brasileiro a demonstrar interesse efetivo para ingressar na OCDE foi Michel Temer, que chegou a instalar um embaixador em Paris, sede da organização, para tentar uma vaga de qualquer maneira.
Basta consultar o mapa do mundo para reparar que nações como China, Rússia e Índia estão fora da OCDE e jamais viram qualquer vantagem real em bater a sua porta. Foram estes países que, ao lado do Brasil, constituíram os Brics, um polo alternativo e mais adequado a seu grau de desenvolvimento e características socioeconômicas.
Cedo ou tarde, quando for possível livrar-se de um governo ruinoso como Bolsonaro-Paulo Guedes, é nesta direção que o Brasil deve caminhar.
https://www.ceilandiaemalerta.com.br/2019/10/11/derrota-da-diplomacia-da-bajulacao/
a.ali
nenhuma dúvida, paulo! sabemos quem é o ciro: safado e covarde cujo feito ficará na historia desse combalido pais. é um coronézinho embalado nos seus 12% de votos e que depois da tragédia, cuja ele ajudou a construir, se ofereceu a ajudar o governo miliciano, além de crápula é um oferecido…atira petardo para todos os lados mas já tem pavimentado seu destino: o ostracismo!!!
David Melgarejo
Já conversei em várias oportunidades com pessoas que se iludem com a conversa fiada do Ciro Gomes.
Esse sujeito nunca me enganou.
Foi sempre um falso.
A viagem a Paris é apenas mais um ato deplorável do Ciro.
Guedes
Kkkkkkk. Só Ciro vence bolsonaro no segundo turno com Ampla margem de segurança em todas as pesquisas e o PT insistiu na estratégia do poste ou do Lula kkkkkLivre kkk….. Quem entregou o Brasil a bolsonaro foi o PT para continuar querendo ser o dono da esquerda a esquerda não tem dono e senhor turma do PT jamais voltarão ao poder
Primo
Carluxo, é você?
zé
curioso…
Bolsonarista chama a gente de PTista.
Lulista/petista chama a gente de Bolsonarista.
A quem será que interessa a realidade alternativa de só existir dois lados?
Cida Lima
Ciro só pensa nele mesmo! Sua sanha para ser presidente é deprimente! Ciro é um resquício do coronelismo, que felizmente, está desacreditado em nosso país.
Alex 0ihg
Uma das minhas lendas urbanas favoritas, a transferência de votos do Ciro pro Haddad foi praticamente total, e ainda faltaram milhões e milhões
Zé Maria
Por trás do que o Ciro fala tem sempre um Cálculo Eleitoral.
Efetivamente a “Opinião do Viomundo” confere com o Fato:
https://twitter.com/VIOMUNDO/status/1183392281736503296
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