Com mensagens da Vaza Jato na PGR, Bolsonaro agora tem arma para cavalgar Moro, punir Dallagnol e direcionar Lava Jato

Tempo de leitura: 5 min
Eduardo Matysiak

Da Redação

O procurador-geral da República, Gustavo Aras, disse hoje em entrevista à emissora neofascista Jovem Pan que a PGR já dispõe das mensagens trocadas entre procuradores da Operação Lava Jato em Curitiba e o ex-juiz federal Sergio Moro, hoje ministro da Justiça do governo Bolsonaro.

Quando tomou posse, de gravata verde-amarela, Aras afirmou não conceber “um Ministério Público contrário à nossa cultura judaico-cristã”, o que soou como música aos ouvidos de Jair Bolsonaro.

O presidente devolveu: “Eu confesso, Aras, que foi, respeitosamente, um amor à primeira vista. Depois dessa gravata verde e amarela dele, só faltou ressaltar Selva”.

A tarefa principal de Aras parece ser a de assumir o controle da Operação Lava Jato. É uma operação delicada, já que ela dispõe de forte apoio interno entre os procuradores.

Requer golpear alguém simbólico, como o todo-poderoso Deltan Dallagnol.

Do ponto-de-vista de Jair Bolsonaro, o objetivo não é acabar com o combate à corrupção, mas direcioná-lo apenas contra adversários políticos — no momento, especialmente contra o tucano João Doria e o apresentador de TV Luciano Huck.

Com as eleições municipais de 2020 no horizonte e a pretensão da família Bolsonaro de vencer em algumas capitais importantes, especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, a lista de inimigos a serem investigados, se possível com a chancela oficial do Ministério Público e da Polícia Federal, deve crescer.

Nas maquinações políticas da família Bolsonaro, o PT, o Psol e o PCdoB ocupam um papel importante apenas na produção de carne fresca para estimular a base fiel de 20 a 30% do eleitorado.

Impedir o renascimento dos tucanos deve ser prioritário.

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Ao mesmo tempo, é preciso poupar novos aliados no Congresso, como o MDB e as bancadas da Bala, do Boi e da Bíblia, repletas de picaretas corruptos, pois delas depende a governabilidade.

É preciso blindar o entorno da família presidencial, especialmente Flávio Bolsonaro e o laranja Fabrício Queiroz, o que depende de um acerto com o Supremo Tribunal Federal (STF).

Este acerto já parece ter sido costurado, através dos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes.

O enterro da CPI da Lava Toga foi aparentemente moeda de troca.

Aconteceu depois da blindagem de Flávio Bolsonaro por Dias Toffoli, o que foi referendado juridicamente por Gilmar Mendes.

O acerto provavelmente exigirá o sacrifício de um bode expiatório, o procurador Deltan Dallagnol, que pretendia investigar a família dos dois ministros.

O ex-juiz federal Sérgio Moro, acuado, para surpresa dos próprios colegas do Judiciário agora assume a defesa aberta de Jair Bolsonaro nas redes sociais.

“PR Jair Bolsonaro fez a campanha presidencial mais barata da história. Manchete da Folha de São Paulo de hoje não reflete a realidade. Nem o delegado, nem o Ministerio Público, que atuam com independência, viram algo contra o PR neste inquérito de Minas. Estes são os fatos”, escreveu ele sobre a denúncia de que seu colega de Ministério do Turismo, indiciado pela Polícia Federal que comanda, pode ter usado dinheiro de caixa dois para abastecer a campanha do chefe.

A manchete a que Moro se refere é a de domingo, 6: Ex-assessor implica ministro e Bolsonaro em caixa 2 do PSL.

De fato, Jair Bolsonaro não é investigado no caso do ministro Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo.

Marcelo Álvaro organizou um laranjal com falsas candidatas a deputadas estaduais e federais do PSL em Minas.

Turbinou as falsas campanhas com dinheiro público do fundo partidário.

Desviou o dinheiro para uso em proveito próprio.

Uma fração foi gasta em material de campanha de Jair Bolsonaro.

Não se trata, portanto, como escreveu Moro, da campanha de Bolsonaro ter sido ou não barata.

Como a denúncia ainda não foi aceita e há outra investigação em andamento, trata-se da tentativa pública de um ministro da Justiça de influenciar o andamento de apuração que envolve seu chefe.

No caso da Polícia Federal, apuração feita por subordinados dele.

Em outras palavras, Moro está delimitando antecipadamente o alcance das investigações. Pelo menos é o que infere um subordinado dele que não seja estúpido: não mexa com o capo!

O ministro Gilmar Mendes já disse, em seu histórico discurso sobre a Vaza Jato no STF, que Moro não tem vaga no STF — o que significa que os tucanos não vão apoiar o nome do ex-juiz no caso dele ser indicado por Bolsonaro para a vaga que será aberta na Corte em 2020.

Moro também não passa pelo Centrão, a não ser que desista de investigar a turma toda.

O mais provável é que restará ao ex-juiz candidatar-se a vice de Bolsonaro em 2022, liderando o combate à corrupção de adversários políticos do clã — foi como, aliás, chegou ao poder, eliminando o ex-presidente Lula da cédula eleitoral em 2018.

Augusto Aras: supostas mensagens da ‘Vaza Jato’ serão avaliadas pela PGR

Aras disse que há aparente ‘projeto de poder’ revelado pelos conteúdos vazados

O novo procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, afirmou nesta segunda-feira (7) à Jovem Pan que as supostas mensagens vazadas de procuradores e autoridades responsáveis pela Operação Lava Jato, conhecidas como “Vaza Jato”, já chegaram ao gabinete do Ministério Público Federal (MPF) para serem avaliadas.

Aras declarou ainda que alguns conteúdos divulgados “foram confirmados por vários colegas”.

“O colega Alcides Martins, que foi PGR interino, pediu ao ministro [do Supremo Tribunal Federal] Gilmar Mendes que enviasse à PGR os textos divulgados para que fossem apreciados. O material já foi entregue, já se encontra no gabinete e será avaliado pelo colega encarregado de cuidar das ações penais originarias no STF. Dessa forma, nós vamos avaliar o conjunto dos elementos fornecidos na ‘Vaza Jato’, sem esquecer que, de alguma forma, vários colegas já validaram seus conteúdos”, declarou, em entrevista ao Jornal da Manhã.

Sem citar outros nomes, ele lembrou que o ex-procurador Marcelo Miller “confirmou publicamente” as supostas conversas.

“Inclusive o ex-procurador da República Marcelo Miller já o fez na imprensa”, comentou. Na época, após ser citado em uma reportagem demonstrando preocupação com uma possível quebra da Odebretch, Miller disse que reconhecia as mensagens e que “agiu no regular exercício das funções que desempenhava”.

Aras lembrou que esse é um assunto sensível, uma vez que terá “grandes repercussões para o direito e, especialmente, para os processos onde já há condenação”, mas reforçou que é preciso apreciar os conteúdos, uma vez que eles revelariam um “projeto de poder” que não pode acontecer dentro do MPF.

O procurador também citou, novamente, o que chamou de “excessos” nas operações.

“O projeto de poder que se apresenta factível diante de aparentes concordâncias de colegas sobre a ‘Vaza Jato’ revela os excessos que aparecem ao longo dessas operações, excessos esses que vão da demora excessiva para as prisões, certas medidas cautelares meramente simbólicas, dentre outras mediadas que não fazem parte do estado democrático de direito.”

Ele ainda criticou o que chamou de “personalismo” da Lava Jato.

“Quando foi personalizada a operação, é evidente que os holofotes e luzes se dirigiram para certos colegas [a quem ele disse que não ia citar nomes, uma vez que estão sob o ‘crivo da Corregedoria Nacional do MPF’], o que pode ter gerado um projeto de poder político que é estranho à figura do MPF. Pelo contrário, o MPF, salvo aqueles que ingressaram antes da Constituição de 1988, como eu e todos os demais que me antecederam na PGR, os admitidos posteriormente a 1988 não podem ter atividade político partidária.”

Para Aras, a investigação desses conteúdos é necessária e algo do qual “não podemos abrir mão, porque, se admito hoje que isso ocorra contra terceiros, eu certamente poderei ser a vítima amanhã ou depois”.

“Precisamos seguir as melhores práticas, as boas práticas, que estão encrustadas no nosso processo civilizatório”, finalizou.

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Comentários

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Zé Maria

Promotor do MP-SP comeu pela mão do Moro.
Vincular a Esquerda com Crime é Tática Antiga.
Os EUA tentaram fazer isso com o Fidel. Mas
quem se revelou ligado ao NarcoTráfico foi o
General Noriega, Ditador Fascista do Panamá
que teve apoio dos Estados Unidos da América.
Aconteceu o mesmo com o Uribe na Colômbia.

Em nota enviada à Record TV, o advogado Geraldo Prado
afirmou que “é totalmente mentirosa a informação de que
eu tenha sido contratado por organização criminosa.
De forma absolutamente gratuita fui constituído advogado
do Instituto Anjos da Liberdade (IAL) para impugnar a
Portaria 157/2019 do Ministério da Justiça [do ex-juiz Moro]
que proibiu crianças e adolescentes de terem convivência
com os pais presos.
Trata-se de uma afronta a todos os tratados de direitos
internacionais, dos quais o Brasil é signatário, e um
desrespeito às garantias fundamentais da Constituição
Brasileira”.

https://noticias.r7.com/jr-na-tv/videos/mp-investiga-pagamentos-de-faccao-a-advogados-do-pt-e-a-ong-do-rio-de-janeiro-05102019

Zé Maria

Moro já isentou Bolsonaro e condenou imprensa
no Caso de Laranjas do PSL
Ministro faz comentário indevido sobre caso e reportagem

Por Kennedy Alencar, no Blog do Jornalista

O ministro da Justiça, Sergio Moro, já julgou e isentou
eventual uso de caixa 2 na campanha eleitoral do
presidente Jair Bolsonaro no caso dos laranjas do PSL
mineiro.
Também já condenou o trabalho da imprensa no mesmo tema.

Reportagem de Camila Matoso e Ranier Bragon na
Folha de S.Paulo deste domingo revela que
“ex-assessor e uma planilha implicam Bolsonaro e ministro
em caixa dois” na campanha eleitoral de 2018.
O ministro em questão é o do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

Moro postou no Twitter que o presidente “fez a campanha
presidencial mais barata da história”.
E foi adiante: “Manchete da Folha de São Paulo não reflete
a realidade. Nem o delegado nem o Ministério Público,
que atuam com independência, viram algo contra o presidente
da República neste inquérito de Minas. Estes são os fatos”.

Ora, numa democracia plena, um ministro da Justiça
não pode opinar ou interferir em inquéritos da Polícia Federal.
Delegados têm autonomia para fazer suas investigações.
O Ministério Público e o Judiciário avaliam conclusões
de inquéritos e tomam as medidas que julgam cabíveis
e necessárias.

Alguém precisa explicar a Moro como a coisa funciona.

[Ora, até o Ministro do STF Teori Zavascki tentou explicar
pro Moro, quando ele era Juiz, como a Lei funciona, e
mesmo assim não deu certo, continuou atuando na
ilegalidade. Não vai ser agora, com o Teori já falecido,
que o Marréco de Maringá vai mudar a forma de agir].

A Polícia Federal não é uma polícia de governo, mas de Estado.
O ministro da Justiça comanda estrategicamente a PF
ao nomear o seu diretor-geral em conjunto com o presidente
da República.

Pode fazer justificados e pontuais pedidos de investigação
e determinar a política de segurança pública da pasta.

Mas, repetindo, não pode se manifestar ou interferir
em inquéritos como fez hoje no Twitter.

A PF é a polícia judiciária no nível federal, como é a função
da Polícia Civil no plano estadual.

Os delegados podem instaurar inquéritos e têm amplos
poderes para investigar.
Depois, o assunto passa para a esfera do Ministério Público
e do Judiciário.

A reportagem traz a informação de que uma testemunha
implicou o presidente num eventual caso de caixa 2,
bem como uma planilha da investigação.

Ora, parece um caso grave que pode propiciar investigação
contra o presidente por ser eventualmente um crime conectado
à obtenção do atual mandato.

Moro não tem competência legal para fazer manifestação
de cunho jurídico sobre o caso.

Ele criticou o trabalho da imprensa dizendo que a reportagem
do jornal “não reflete a realidade”.
Na prática, condenou a Folha, como tem o hábito de fazer
quando a imprensa lhe desagrada.

Numa democracia, isso não é normal.

Parece que o ministro da Justiça continua investido da toga
de juiz federal e não aprendeu nada com os eventuais crimes
e abusos de poder revelados pela Vaza Jato.

*

Acuando Congresso e imprensa

Além de veraz, é tempestiva a afirmação feita pelo presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que Moro tem uma
estratégia permanente de acuar as instituições.

Moro agiu desse modo na Lava Jato e mantém tal método
como ministro da Justiça.

Maia deu entrevista à mesma Folha que teve o seu trabalho
julgado hoje por Moro.

O presidente da Câmara está certo.
Acuar as instituições, como o Congresso e a imprensa,
é como as democracias morrem.
Não podemos normalizar condutas assim da parte de
nossas autoridades públicas.

https://www.blogdokennedy.com.br/moro-ja-isentou-bolsonaro-e-condenou-imprensa-no-caso-de-laranjas-do-psl/

Zé Maria

Com esses Fatos vindo à tona, está começando a ficar explicado
como derrubaram a Candidatura de Dilma ao Senado em Minas.

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/10/ex-assessor-e-planilha-implicam-bolsonaro-e-ministro-em-caixa-dois.shtml

Assim narrou o UOL, antes da #VazaJato do Intercept
e da Reportagem Investigativa da Folha (acima linkada):
https://www.uol/eleicoes/especiais/dilma-rousseff-nao-eleita-senadora-minas-gerais-eleicoes-2018.htm

Zé Maria

Esse ex-Juiz de Curitiba é tão Falcatrua
que passa a mão por cima e dá Cobertura
à FamíGlia Bolsonaro, tranquilamente.
O juizéco continua operando nas sombras.

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/10/moro-descarta-caixa-2-de-bolsonaro-e-indica-ter-acesso-a-investigacao-sigilosa.shtml

Zé Maria

Essa Cambada que está no (des) Governo é tão Desonesta
que é capaz de se sujar por uns trocados, na certeza de que
não serão atingidos por investigações porque têm Cobertura.

Zé Maria

Até agora não se sabe exatamente quem manda na Polícia Federal, se Sergio Moro,
Jair Bolsonaro ou uma “Eminência Parda”
que comanda as Operações pelo WhatsApp.

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