Planilha revela motivo para manter ministro anticorrupção no Turismo: laranjal feminino pode ter abastecido caixa dois de Bolsonaro em 2018

Tempo de leitura: 4 min
Reprodução do Facebook do ministro anticorrupção.
Os ministros e o presidente que querem o fim da corrupção, com as laranjas Lilian, Naftali, Débora e Milla, que os ajudaram livrar o Brasil da corrupção. Fotos das redes sociais e Agência Brasil

Da Redação

Uma reportagem publicada neste domingo pelo diário conservador paulistano Folha de S. Paulo é relevante por vários motivos.

Alguém vazou para o jornal uma planilha comprometedora para o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio, o deputado federal mais votado em Minas Gerais em 2018.

O evangélico migrou do Partido da República para o PSL na onda do bolsonarismo e obteve 230.008 votos, com uma plataforma de defender a família da corrupção.

Ele votou pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2016 em nome da esposa Janaína, das filhas Amanda e Ana Clara, da mãe e da família “de cada um dos brasileiros”, pedindo naquela sessão nefasta e histórica que “Deus abençõe o nosso Brasil” — mais tarde, o igualmente corrupto e evangélico Cunha pediria “que Deus tenha misericórdia dessa Nação”.

O vazador do conteúdo da planilha para a Folha de S. Paulo pode ter sido alguém da Polícia Federal ou do Ministério Público.

Vingança? 

O ministro foi indiciado na sexta-feira, 4, por falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa.

Ele teria montado um esquema para preencher a cota de candidatas do PSL em Minas Gerais com laranjas, em benefício próprio e do partido, que presidia no estado.

A planilha, de uma fornecedora de laminados, a Viu Mídia, traz uma anotação de pagamentos que diz “out”, interpretada por investigadores como sendo “por fora”.

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A planilha lista a entrega de 2 mil laminados para a campanha presidencial de Jair Bolsonaro, sendo o pagamento de R$ 4.200,00 “por fora” e R$ 1.550,00 com nota fiscal.

A campanha presidencial de Bolsonaro não registrou nenhum gasto com a Viu Mídia na prestação de contas apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral.

Em julho deste ano, Bolsonaro havia declarado: “Tem que ter acusação grave, com substância. Por enquanto não tem nada contra ele [ministro], ainda se o assessor falar e for confirmado que ele tem participação, aí a gente toma providência”.

Haissander de Paula, o assessor parlamentar a que se referia Bolsonaro, coordenou a campanha do agora ministro e disse em depoimento à Polícia Federal que o dinheiro das candidatas laranjas foi desviado para as campanhas de Marcelo Álvaro e Jair Bolsonaro.

Quatro candidatas do PSL em Minas receberam dinheiro público do fundo partidário mas obtiveram apenas 2.074 votos.

Haissander, mais tarde, voltou atrás em seu depoimento.

Agora, a defesa do ministro alega, incrivelmente, que a acusação tenta aplicar a “teoria do domínio do fato” a Marcelo Álvaro, que não teria responsabilidade por decisões tomadas por subordinados durante a campanha.

A teoria do domínio do fato foi aplicada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) — erroneamente, aliás, segundo o criador da teoria — para condenar lideranças do PT no caso do mensalão.

“Ele não chegou ao final da linha. Se for algo de grave, substancioso, a gente toma uma decisão. Ele está fazendo um brilhante trabalho”, disse Bolsonaro a respeito do ministro neste domingo, 6, mesmo depois do indiciamento de Marcelo Álvaro.

A denúncia contra o ministro ainda tem de ser aceita pela Justiça.

Também foram denunciados Naftali Tamar de Oliveira Neres (candidata a deputada federal, R$ 70 mil recebidos, 669 votos), Camila Fernandes Rosa, ou Milla Fernandes (candidata a deputada federal, R$ 72 mil recebidos, 334 votos), Debora Gomes da Silveira (candidata a deputada estadual, R$ 72 mil recebidos, 885 votos), Lilian Bernardino de Almeida Marchezini (candidata a deputada estadual, R$ 65 mil recebidos, 196 votos), Roberto Silva Soares, Reginaldo Donizete Soares, Marcelo Raid Soares, Mateus Von Rondon Martins e Haissander Souza de Paula. 

Segundo o promotor Fernando Abreu, “o denunciado Marcelo era a cabeça principal dessa associação que foi montada para praticar a fraude na utilização dos recursos do fundo partidário eleitoral”.

Já é possível antever a “jogada” do bolsonarismo no caso: Haissander de Paula segura a bronca do chefe, o Mito preserva um aliado eleitoral importante em Minas Gerais e não corre o risco de ser tragado pelo laranjal do qual se beneficiou.

https://www.youtube.com/watch?v=Q61eQIvmRuE

Eu tinha contato com quatro assessores do Marcelo Álvaro [presidente do PSL em Minas]. Ficávamos aguardando as verbas para campanha. Um dia o Robertinho [assessor] me chamou para ir no hotel onde ele ficava hospedado, na Avenida Brasil, em Belo Horizonte. Pediu para eu subir no apartamento, perguntei se ele tinha posição sobre o que eu pleiteava, que era ser presidente do PSL mulher. Ele disse que tava encaminhado. Mas, na verdade, eles estavam me enrolando, porque a prioridade era só eleger o Marcelo. Perguntei do fundo partidário. Foi quando ele me fez uma proposta para que eu recebesse R$ 100 mil. Ficaria com 10% para minha campanha e assinaria cheques em branco para que ele pudesse, com os R$ 90 mil restantes, pagar a campanha de outros candidatos. Adriana Moreira Borges, candidata do PSL a deputada federal.

Ele [ministro] disse pra mim assim: ‘Então a gente vai fazer o seguinte: você assina a documentação, que essa documentação é pra vir o fundo partidário pra você. […] Para o repasse ser feito, você tem que assinar essa documentação. E eu repasso a você R$ 60 mil, e você tem que repassar pra gente R$ 45 mil. Você vai ficar com R$ 15 mil para sua campanha. E o material é tudo por nossa conta, é R$ 80 mil em materiais. Zuleide Oliveira, candidata do PSL a deputada estadual.

 

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Comentários

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Zé Maria

Jair Bolsonaro fez a Campanha Eleitoral Mais Barata,
Declarada ao TSE. E a Não Declarada? Aguardem …

Moro se impõe sobre MP e PF para
defender Bolsonaro de Caixa 2

https://jornalggn.com.br/noticia/moro-se-impoe-sobre-mp-e-pf-para-defender-bolsonaro-de-caixa-2/

Zé Maria

Desgoverno Banguela: Caiu a Chapa Bolsonaro/Mourão

Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1180832222619811840
“Corrupção para Financiamento ilícito de Campanha Eleitoral
é Pior do para Enriquecimento ilícito”
Sergio Fernando Moro, ex-Juiz Federal de Curitiba,
Ministro da Justiça [SIC] do Governo [SIC] Bolsonaro

https://twitter.com/jairmearrependi/status/1180832222619811840

Zé Maria

“Não fico frustrada porque nunca pedi a queda do ministro.
Para mim, se ele fica no cargo ou não, não muda nada.
Na minha opinião pessoal, Bolsonaro deve ter uma dívida
de gratidão com o Marcelo, porque ele o carregou no dia
da facada. Acredito nisso”,
disse a deputada ao Congresso em Foco:

https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/ale-silva-quem-e-a-deputada-do-psl-que-denunciou-o-ministro-do-turismo/

Zé Maria

Sérgio Moro dizia que caixa dois era pior que corrupção.
Depois que virou ministro, disse que a prática não era tão grave assim.
Onyx Lorenzoni pediu desculpa e teve seu crime perdoado.
Agora o “herói contra a corrupção” passa pano ao
#Caixa2doBolsonaro

https://twitter.com/fabiofelixdf/status/1180845180532019200

Zé Maria

https://youtu.be/6Q-WIAbQX6o

Jair Bolsonaro já bateu o Martelo:

O Ministro do Turismo “Marcelo Álvaro Antônio” fica no Cargo,
porque já “pediu desculpas ao Sergio Moro” que se pronunciou
sobre o indiciamento afirmando: “Ah, não sei. Acho questionável
pois melindra alguém cujo apoio é importante” …

https://theintercept.com/2019/06/18/lava-jato-fingiu-investigar-fhc-apenas-para-criar-percepcao-publica-de-imparcialidade-mas-moro-repreendeu-melindra-alguem-cujo-apoio-e-importante/

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