Omissão de Raquel Dodge é vergonhosa
por Jeferson Miola, em seu blog
É estarrecedor o silêncio da Procuradora-Geral da República Raquel Dodge acerca do escândalo que atinge em cheio o coordenador da autodenominada força-tarefa da Lava Jato e vários procuradores e procuradoras.
É inquestionável que estamos diante de um abrangente e corrosivo escândalo de corrupção no Ministério Público brasileiro, com respingos escabrosos sobre desembargadores, juízes e ministros das instâncias superiores do judiciário.
No mínimo, trata-se de improbidade administrativa, desvio funcional, organização criminosa e aparelhamento do Estado para satisfazer interesses privados, políticos e de um projeto de poder coordenado desde os EUA.
Tudo documentalmente provado e trazido ao público pelo Intercept com o apoio de outros órgãos de imprensa.
Os/as procuradores/as responsáveis pelos graves desvios, ao invés de já estarem afastados e submetidos aos procedimentos da Lei e aos códigos legais e de ética da corporação, seguem, entretanto, nos respectivos cargos públicos, recebendo os mais altos salários do país, destruindo provas e obstruindo as investigações.
Além do inacreditável silêncio diante deste escândalo que ultrapassa as fronteiras nacionais e espanta o mundo inteiro, a omissão da Raquel Dodge envergonha.
A omissão da chefe da PGR só fortalece o corporativismo que protege os implicados – como no âmbito do Conselho Nacional do Ministério Público, que decidiu arquivar pedido de investigação do Deltan Dallagnol; e da Associação Nacional dos Procuradores da República, com seus comunicados que flertam com o delírio, tamanho nonsense.
Com seu silêncio e sua omissão, Raquel Dodge descumpre seu dever funcional e, implicitamente, pode ser acusada de cumplicidade e conivência.
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Não há lugar para ilusões. Como o Estado de Direito foi estuprado e o Brasil está sob a vigência do regime de exceção, não surpreenderá se a própria Chefe do MP continuar prevaricando e descumprindo sua obrigação legal e funcional.
Assim como já não surpreende a complacência dos órgãos judiciais de controle [CNJ, CNMP] e das instâncias superiores do judiciário.
Essa inação, se não for revertida, não só manchará a gestão e a carreira da Raquel Dodge, mas afetará de modo indelével, e para pior, a imagem e a confiança no Ministério Público e da justiça.
Comentários
Zé Maria
“The Intercept” está abrindo a Caixa Preta do Ministério Público Federal.
O Jornalista Glenn Greenwald está correndo Grande Risco de Morte.
https://twitter.com/luisnassif/status/1150140342479523840
https://jornalggn.com.br/noticia/ao-washington-post-editor-do-intercept-admite-medo-de-retaliacao-e-omissao-da-justica/
https://www.washingtonpost.com/world/the_americas/glenn-greenwald-has-faced-pushback-for-his-reporting-before-but-not-like-this/2019/07/11/9a7f3590-a1b1-11e9-bd56-eac6bb02d01d_story.html
Luiz Fernando
O Golpe de abril de 2016 foi legitimado com a eleição fraudulenta de bolsonaro confirmada pelo intercept. Por outro lado a esquerda tem sofrido derrotas muitas sérias a da previdência a maior delas, o Brasil caminha para a barbárie.
abelardo
Depois de um breve período de imperialismo o judiciário tirou a máscara e saiu do armário armário e se mostrou como todo mundo já imaginava, ou seja: seletista, parcial, partidário, sedento de poder e de vantagens, em benefício próprio e, o que mais nos surpreendeu, muito próximo nas tramas ilegais, nos abusos de poder, nas delinquências criminosas e nas traições ao cargo e a instituição que representa. Está muito próximo, nas avaliações negativas, dos já velhos e conhecidos demais poderes da república. Também, com a sequência de procuradores Gerais, nos últimos mandatos, quem aguenta esse tranco?
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