Da Redação
Na semana passada, um leitor do Viomundo, Jorge Sanches, nos escreveu, falando de várias preocupações: mediocridade e autoritarismo do governo Bolsonaro, crise econômica, aumento do desemprego, reforma da previdência, destruição do SUS e da educação pública, avanço do fascismo, Lava Jato e, claro, do ex-presidente Lula, preso há 1 ano e três meses na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba.
“Tudo o que a defesa do Lula disse desde o começo está se comprovando com as reportagens do Intercept Brasil”, comenta.
“O ex-juiz e agora ministro Sergio agiu em conluio com o procurador-chefe da Lava Jato Deltan Dallagnol”, diz, indignado. “Isso foi criminoso!”
Jorge Sanches é de Curitiba. Já foi à Vigília Lula Livre, junto à PF. Participou também algumas vezes do Bom dia e Boa noite, presidente Lula!
Nos últimos meses, contou-nos, foi a todas as manifestações em defesa da educação, contra a reforma da previdência, que aconteceram na capital do Paraná.
E já quase no finzinho da mensagem nos disse: “Eu gostaria muito de enviar toda semana algumas cartas para o presidente Lula. O Viomundo toparia publicá-las?”
No ato, aceitamos o desafio.
E “Cartas para o Lula” estreia hoje, com duas de uma vez só.
Curitiba, 6 de julho de 2019.
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Estimado Lula
Faz tempo, muito tempo que estou para escrever uma carta para você. Permita-me que o trate de você.
Já lhe escrevi uma, faz tempo. Escrevi como que um bilhete, mas não enviei.
Sabe essas coisas que ainda alguns têm: vergonha.
Sim, fiquei com vergonha.
Pensei em escrever uma por semana, porém achei que seria um ato mais para me aparecer do que de apoio a você.
Abortei a ideia.
Hoje resolvi escrever, e uma das razões é te entregar milhares de abraços e beijos.
Todos os dias me perguntam se tenho te visitado e se está bem.
Respondo: “tenho a informação que de saúde está bem e que de espirito deve estar como qualquer inocente preso estaria”. Assim espero que a pessoa imagine como você deve estar, no mínimo, indignado.
Na despedida sempre me dizem: “quando vê-lo diga a ele que mandei um abraço”, e quando mulher acrescenta “e um beijo”.
A razão desta é te entregar milhares de abraços e beijos, pois já estão pesando sobre meus ombros e temo não poder dá-los no dia da saída, pois são tantas pessoas que irão abraçá-lo e beijá-lo neste dia, que espero que seja em breve, e que eu não consiga entregar todos. Seriam muitos abraços e beijos.
Também coloco o meu abraço nesta carta.
Forte abraço e um beijo.
Jorge Sanches
P.S. Em maio, quando começava a desenhar o inverno curitibano, fiz uma foto que te envio. É um por do sol que creio que você não consegue vê-lo. O edifício que aparece é o da PF.
Curitiba, 7 de julho de 2019.
Estimado Lula
Ontem te escrevi uma carta. Hoje te envio um bilhete.
Mesmo sendo domingo acordei cedo. Um frio danado, igual o de ontem: menos um grau. Logo pensei nos moradores de rua, os abandonados e injustiçados. No meio destes pensamentos de injustiça vem você: caramba, o Lula tá sozinho nesse frio, deve estar tremendo e não tem com quem falar. Sozinho e não tendo com quem falar o frio aumenta.
A solidão dá mais frio. A solidão é mais friorenta.
Será que você tem algum aquecedor? Precisa de mais cobertor? E, a água é quente para tomar banho?
Mesmo com o frio, é obrigatório sair da cama, saio, e maldito costume, antes do café da manhã, peguei o celular e logo vi no The Intercept Brasil a notícia que o Dallagnol e o Moro se organizaram para interferir no resultado eleitoral da Venezuela. Finalidade: derrotar o Maduro.
Se eu tenho vergonha em te escrever uma carta, como te disse ontem, eles não têm vergonha em, depois de derrubar a Dilma, construir o golpe no Brasil e te prender, ajudar os EUA a dar um golpe na Venezuela.
Acho que no final da tarde você se aqueceu um pouco torcendo pela seleção brasileira. Ela é nossa, não é do Bolsonaro.
Forte abraço e força.
Jorge Sanches
Comentários
River Batista
Eu quero e desejo que o PT vai se fud3r.
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