Parteiras e obstetrizes são essenciais para combatermos a epidemia de cesáreas no Brasil
Tempo de leitura: 2 minPor Juliana Cardoso
Parteiras são essenciais para combater a epidemia de cesáreas
por Juliana Cardoso*
Instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1991, 5 de maio é o Dia Internacional da Parteira.
Para além do caráter simbólico, a data assume um significado importante, pois foi uma forma da OMS chamar a atenção e valorizar a atuação das parteiras pela saúde da mulher.
Engana-se quem pensa que a figura da parteira é algo do passado.
Tenho orgulho de ser a autora da Lei nº 16.966, de julho do ano passado, que incluiu o Dia da Parteira/Obstetriz no calendário oficial da cidade de São Paulo.
A iniciativa foi fruto de reivindicação do movimento pelo parto humanizado.
Existe uma diferença entre a parteira e obstetriz.
A parteira está arraigada na tradição popular e cultural no cuidado da mulher na hora do parto.
Já a obstetriz é uma profissional graduada no acompanhamento da saúde da mulher em diferentes estágios como pré-parto, parto e pós-parto. Ela é habilitada na atenção primária à saúde das mulheres.
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Mais do que a questão conceitual, existe uma situação adversa a ser enfrentada.
O Brasil é marcado por um quadro de epidemia de cesáreas e constantes ocorrências de violência de gênero.
Nesse cenário, a obstetriz desempenha papel de destaque na mudança desse modelo que é bastante centrado no hospital e na figura do médico. Elas atuam no sentido de humanizar o parto, procurando devolver a mulher o protagonismo nesse momento tão especial de sua vida.
O pensamento de que o médico e o hospital são as únicas referências de segurança e bem-estar no parto está sendo superado.
Pesquisas científicas e orientações da OMS incentivam a formação e atuação de parteiras com a finalidade de diminuir a mortalidade neonatal e a mortalidade materna em todo o mundo.
Além disso, elas são essenciais para combater a indústria de cesáreas e a violência obstétrica.
A OMS preconiza que, no máximo, 15% dos partos sejam por cesáreas.
No entanto, as estatísticas mostram que essa recomendação é uma miragem no Brasil.
Na cidade de São Paulo, por exemplo, mais de 50% dos partos são cesarianas. Na rede privada esse índice sobe para 80%.
Nas unidades de saúde da rede municipal, com exceção da Casa de Parto do Sapopemba e da Casa Ângela (conveniada com a Prefeitura), nenhuma consegue atingir esse número da OMS.
Uma das explicações para o alto índice de cesáreas é o foco na assistência médico-hospitalar voltada para a tecnologia e não para a fisiologia da mulher, além de outras causas.
No esforço para reverter esse cenário, a Câmara Municipal aprovou em 2015 o cargo de obstetriz para o quadro de profissionais na rede municipal.
No ano seguinte foi realizado o primeiro concurso para contratação dessas profissionais para atuar no SUS da cidade. No entanto, decorridos três anos da homologação do resultado do concurso, essas profissionais não foram nomeadas para prestar assistência às mulheres.
Junto com o movimento pelo parto humanizado, continuamos pleiteando e aguardando que o prefeito Bruno Covas (PSDB) efetive as obstetrizes. O orçamento deste ano tem até dotação prevista para essa medida. Falta vontade política e respeito à saúde das mulheres.
#São PauloPrecisaDeObstetrizes
*Juliana Cardoso é vereadora (PT), vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente e membro das Comissões de Saúde e de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo.
Juliana Cardoso
Deputada Federal (PT) eleita para o mandato 2023/2026.
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