Para “combater a violência no campo”, Bolsonaro propõe impunidade para fazendeiros que atirarem

Tempo de leitura: 3 min
(Ribeirão Preto - SP, 29/04/2019) Presidente da República, Jair Bolsonaro durante visita a estande da Agrishow 2019. Foto: Alan Santos/PR

Vai dar o que falar, mas é uma maneira de combater a violência no campo é fazer com que, ao defender a sua propriedade ou a vida, o cidadão de bem entre no excludente de ilicitude. Palavras literais de Bolsonaro, segundo a Folha

Bolsonaro diz que não quer atrapalhar quem produz

“Estamos tirando o Estado do cangote daqueles que produzem”

Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil Brasília

O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (29) que, como chefe do Executivo, não quer atrapalhar quem produz no Brasil.

“Nós queremos e estamos tirando o Estado do cangote daqueles que produzem, daqueles que investem e dos grandes empreendedores”, disse na abertura da 26ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), feira do agronegócio que acontece em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

“O agronegócio, a agropecuária, é um dos setores que está dando certo há muito tempo, e nós devemos valorizar quem trabalha nessa área”, ressaltou.

Ao lado dos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, Bolsonaro disse que uma das medidas para o setor é “fazer um limpa” no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e colocar pessoas que estejam ao lado daqueles que produzem.

“Tem que haver fiscalização sim, mas o homem do campo tem que ter o prazer de receber o fiscal e, num primeiro momento, ser orientado para que ele possa cumprir as leis”, disse.

De acordo com o presidente, “em torno de 40% das multas aplicadas no campo serviam para retroalimentar uma fiscalização xiita, que buscava atender apenas nichos que não ajudavam o meio ambiente e muito menos aqueles que produzem”.

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Segurança jurídica

Bolsonaro disse ainda que busca segurança jurídica para o produtor rural, para garantir a propriedade privada e a segurança no campo.

De acordo com o presidente, em conversa ontem (28) com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o parlamentar prometeu colocar em pauta um projeto para que o produtor rural possa portar armas de fogo em todo o perímetro de sua propriedade.

Outro projeto que deve ser encaminhado pelo Executivo “vai dar o que falar”, segundo Bolsonaro.

“É um projeto para fazer com que, ao defender sua propriedade privada ou sua vida, o cidadão do bem entre no excludente de licitude, ou seja, ele responde [um processo], mas não tem punição. É a forma que temos para quem do outro lado, que não teme em desrespeitar a lei, temam vocês, temam o cidadão de bem, e não o contrário”, disse.

O presidente disse também que a reforma agrária deve ser feita “sem viés ideológico”, que comece por terras ociosas e que haja acordos de conciliação em áreas judicializadas.

Mercado

O presidente Jair Bolsonaro confirmou que fará uma viagem à China no segundo semestre, “até para desfazer aquela imagem criada pela imprensa, como se fossemos inimigos dos chineses”.

“Eu sou inimigo, sim, de governos que, no passado, faziam negócios estando à frente o viés ideológico. Isso deixou de existir”, afirmou. A China é o principal destino das exportações brasileiras.

Índia

No âmbito do comércio internacional, a ministra Tereza Cristina anunciou a abertura do mercado indiano para a carne de frango brasileira.

Além disso, os produtores rurais terão mais R$ 500 milhões no Plano Safra para a compra de máquinas e equipamentos, totalizando R$ 1,5 bilhão.

A Agrishow é a maior feira de tecnologia agropecuária do Brasil e acontece até sexta-feira (3). A expectativa da organização é que mais de 150 mil vistantes de diversos países passem pela feira.

Além de palestras e exposições, o evento conta com demonstrações de áreas de plantio, equipamentos e novas tecnologias para o setor.

PS do Viomundo: Nenhum fazendeiro vai dar tiro numa disputa por terra. É óbvio que mandará seus capangas fazê-lo — como aconteceu, por exemplo, quando os arrozeiros ocupavam ilegalmente o território da Raposa Serra do Sol, em Roraima. Ou quando a PM massacrou acampados no interior do Pará. O que Bolsonaro está pregando é AINDA MAIS impunidade no campo.

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Comentários

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Fernando Ribeiro

Os índios também terão licença para matar garimpeiros, madeireiros, ruralistas, grileiros poceiros que invadam suas terras? E os pequenos fazendeiros que são obrigados a sair de suas terras ameaçados pelos grandes, também terão a mesma licença? É melhor os índios e os pequenos proprietários encomendarem seus fuzis. Cada podem ter quatro não é isso?

Jardel

É a revolução dos capitães do mato.
Esse débil mental está conduzindo o País ao abismo.

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/D5LqjS5XsAA9jax.jpg

O (des)governo Bolsonaro
é um Filme de Bang-Bang.

Na cabeça dessa gentalha, quem mata índio
– e trabalhador pobre e sem-terra – é ‘mocinho’.

E o Projeto do Sérgio Moro veio também
pra proteger os bandoleiros do latifúndio.

Bem de acordo a foto do Reverendo Araújo
posando a frente da Estátua de John Wayne.

https://twitter.com/ernestofaraujo/status/1122217170270916610

Zé Maria

O (des)governo de Jair Bolsonaro
pode ser resumido em três ‘Vs’:
“Virulência, Violência e Veneno”.

https://www.sinonimos.com.br/virulencia/
https://www.sinonimos.com.br/violencia/
https://www.sinonimos.com.br/veneno/

lulipe

Parabéns ao Presidente. O proprietário deve ter todo o direito de se defender de qualquer invasor que entre sem permissão em sua casa, fazenda, sítio, terreno etc. #mito2022

    Jardel

    Quem fere com ferro…

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