Sindicato dos Engenheiros debate por que pontes, viadutos, prédios e barragens estão ruindo no Brasil

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Rovena Rosa/Agência Brasil

Sindicato dos Engenheiros discute situação de pontes, viadutos e barragens no País

da assessoria de Comunicação do SEESP, via e-mail

O Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP) realiza nesta terça-feira (16/02) às 13h, em seu auditório (Rua Genebra, 25, 1º andar, Bela Vista, Capital), o seminário “Pontes, viadutos, barragens e a conservação das cidades – Engenharia de manutenção para garantir segurança e qualidade de vida”.

O objetivo da atividade é reunir especialistas (confira abaixo a programação) que possam contribuir com diagnóstico da situação nos diversos segmentos e propor medidas técnicas e administrativas que tragam segurança à população e possibilitem o uso racional dos recursos públicos.

Na avaliação do presidente da entidade, Murilo Pinheiro, é mais que urgente reverter um cenário que se mostra “claramente precário e perigoso”.

Para o dirigente, tragédias como as ocorridas em Brumadinho (MG), em 25 de janeiro último, quando se rompeu uma barragem da mineradora Vale S.A., e no centro de São Paulo, em 1º de maio de 2018, quando um edifício desabou após um incêndio, além de episódios recentes com viadutos na Marginal do Rio Pinheiros e no acesso à Rodovia Presidente Dutra, são exemplos da situação vivida permanentemente no Brasil.

Ainda conforme Murilo, fundamental nessa discussão é o papel da engenharia.

“Assegurar a correta conservação de obras e estruturas não permite improvisos; exige coleta e análise de dados com precisão, planejamento e execução qualificada. A tarefa deve contar com o protagonismo dos profissionais da área tecnológica, que, por sua vez, precisam estar atentos a tal responsabilidade”, afirma o presidente da entidade, Murilo Pinheiro.

A participação no seminário é gratuita e aberta ao público. Inscrições e mais informações pelo telefone (11) 3113-2641 e e-mail [email protected]. A atividade também será transmitida online pelo site do SEESP no Youtube.

Programação

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13h – Abertura

13h30 – Palestras

Pontes e viadutos

Ciro Araújo – Chefe da Seção de Engenharia de Estruturas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)

Fernando Mentone – Presidente da Regional São Paulo do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco)

Barragens

Antonio Eduardo Giansante – Professor titular da Universidade Mackenzie
Cláudio Paiva de Paula – Especialista em Regulação e Fiscalização em Recursos Públicos da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp)

Conservação das cidades

Maurício Marcelli – Diretor-presidente da Critério Experts e autor do livro “Sinistros na construção civil – Causas e soluções para danos e prejuízos em obras”

Alex Abiko – Professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) em Gestão urbana e habitacional

16h30 Debate

17h30 Encerramento

Prédio de 26 andares em chamas desaba no centro de São Paulo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Por que o Brasil está caindo aos pedaços?

Na gestão estatal, o “austericídio” – a falsa teoria econômica que vê na minimização sem limites das despesas e investimentos públicos a “estrada para o progresso”, via uma mágica a que chamam “contração expansionista” – elimina os recursos destinados a garantir a vida útil dos bens comuns, acelerando sua entrada em estado crítico.

por Artur Araújo*, via Comunicação do SEESP

Não só o noticiário mais recente – viadutos e pontes que “se movem”, Brumadinho soterrando multidão, incêndios em prédios abandonados e ocupados – mas o dia a dia das construções e equipamentos no Brasil é um rol de problemas em curso ou por ocorrer.

Escolas com telhados prestes a cair, infiltrações e vazamentos em hospitais e postos de saúde, estradas e ruas esburacadas, semáforos que apagam na chuva como se fossem lamparinas, a relação é infinda e angustiante.

E não é só fruto de alguma incúria exclusivamente estatal, porque Mariana e as demais barragens de rejeitos de mineração são bem privadas e boa parte das rodovias está concessionada a empresários, para nos atermos a dois casos mais conhecidos.

Também não vivemos um caso de “macunaimismo”; o País cai aos pedaços sem “viralatismo”, pois o quadro se repete no tal “primeiro mundo”.

Recente estudo da Comissão Europeia traçou um panorama de alta gravidade no estado de manutenção, conservação e deterioração das malhas de transporte da UE, ressaltando que os investimentos no setor estavam significativamente abaixo até da taxa de depreciação contábil dos ativos.

Nas justificativas da administração Trump para retomada de um ciclo de construção de autoestradas, nos moldes do programa de highways executado no pós-guerra pelo governo Eisenhower, ressalta-se que há superutilização em relação à demanda originalmente projetada e que há décadas os Estados Unidos subinvestem no setor.

Esse cenário é resultante, em todo o mundo, de duas orientações econômicas que têm se mostrado desastrosas.

Na gestão estatal, o “austericídio” – a falsa teoria econômica que vê na minimização sem limites das despesas e investimentos públicos a “estrada para o progresso”, via uma mágica a que chamam “contração expansionista” – elimina os recursos destinados a garantir a vida útil dos bens comuns, acelerando sua entrada em estado crítico.

A dominação financista se recusa a fazer a conta básica, que cotejaria as despesas de monitoramento, manutenção e reparos com os custos da reposição antecipada e dos colapsos críticos (sem nem levar em consideração o valor inquantificável dos ferimentos, mortes e prejuízos materiais que resultam de acidentes plenamente evitáveis).

Nas empresas privadas imperam a ditadura do lucro trimestral e a obsessão com o “valor para o acionista”, caminho que leva – pelo corte sem critérios de quaisquer despesas “não essenciais”, com ênfase em redução de quadro técnico, eliminação de programas de manutenção preventiva e corretiva e “curtoprazismo” na gestão – a bruscas perdas de valor de marcado e a colapso dos lucros a cada acidente que ocorre, perdas certamente maiores do que os ganhos da economia míope.

Assim como o Estado, o mundo dos negócios vive à sombra de mortes, feridas e pessoas desaparecidas, com potencial destrutivo de marcas e imagem corporativa

Tais orientações econômicas trazem consigo uma “repulsa à engenharia” e resultam na redução acelerada do quadro dos profissionais mais preparados para evitar desastres e para otimizar custos.

Submetidos a políticas de coerção interna, assistindo o desmonte de equipes capacitadas e a desvalorização de suas orientações, os profissionais de Engenharia se veem como “primeiros culpados” quando acontece o que eles – se realmente respeitados e com recursos adequados à mão – teriam avisado quando e como aconteceria, evitando que as tragédias previsíveis se transformassem em realidade cruel.

Se queremos um país inteiro – e certamente todos os brasileiros o querem – passa da hora de trazer a engenharia também ao posto de comando.

Basta investir em predição, em monitoramento, em manutenção e conservação, em reposição programada aderente às curvas de obsolescência, para que se economize, não haja colapso de serviços nem se velem cadáveres ou só reste a memória das vítimas não localizadas.

Basta ter engenheiros e deixá-los trabalhar seriamente.

Esse é um desafio nacional mais do que grave e urgente e para cujo enfrentamento e solução o Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP), em ótima iniciativa, realizará um seminário de grande importância no dia 16 de abril. Vamos todos lá.

*Artur Araújo é consultor da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) no projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”

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