Kennedy Alencar: Bolsonaro exibe “complexo de vira-latas” em visita aos EUA

Tempo de leitura: 3 min

Bolsonaro exibe “complexo de vira-latas” em visita aos EUA

Despreparo, deslumbramento e submissão dão o tom

por Kennedy Alencar,de Brasília, em seu blog

O “complexo de vira-latas”, conceito criado por Nelson Rodrigues, é perfeito para descrever a visita aos Estados Unidos do presidente Jair Bolsonaro e sua comitiva.

Nelson Rodrigues entendia o “complexo de vira-latas” como a “inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”. Ele cunhou a expressão inspirado na derrota do Brasil para o Uruguai na Copa de 1950 e a utilizou em muitas situações depois.

A viagem de Bolsonaro e ministros aos Estados Unidos é “rodrigueana”. É uma manifestação do brasileiro e o seu “complexo de vira-latas”.

Por exemplo: a dispensa de vistos para turistas americanos é uma vitória do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) contra todo o corpo técnico do Itamaraty.

O filho do presidente, que se comporta como chanceler do B e um príncipe político, obteve de um ministro submisso uma decisão que contraria o princípio da reciprocidade nas relações internacionais. Um país do tamanho e importância do Brasil não pode ser comportar como um vira-lata diplomático.

O presidente editou ontem um decreto que dispensará a partir de junho a exigência de visto para turistas americanos, canadenses, japoneses e australianos. Não há contrapartida para brasileiros, que continuarão a precisar de visto para esses países.

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A medida é um presente de Bolsonaro aos Estados Unidos e ao seu colega Donald Trump.

Os governos FHC, Lula, Dilma e Temer discutiram a dispensa do visto, defendida pela área de turismo, mas nunca a implementaram levando em conta a opinião, correta, do Ministério das Relações Exteriores.

Outro exemplo de submissão a Washington foi a visita de Bolsonaro à CIA, a agência de espionagem americana.

Dificilmente, presidentes de nações soberanas frequentam um local especializado em obter informações sobre governos e mandatários estrangeiros.

A CIA foi responsável por golpes de Estado e teve envolvimento recente em casos de tortura. Opera fora dos EUA e atende aos interesses nacionais americanos.

E inacreditável que Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro, tenham feito essa visita, que pretendiam manter em segredo. Ela foi “descoberta” porque Eduardo Bolsonaro a anunciou no Twitter.

Obviamente, a interface da pasta de Moro nos EUA é o Departamento de Justiça, não uma agência de espionagem. Dois assuntos teriam sido discutidos, segundo a assessoria presidencial, já que Moro não quis falar: crime organizado e narcotráfico. Esses temas não costumam ser a prioridade da CIA, mas de outras instituições dos EUA.

Essa passagem pela CIA é mais uma evidência do despreparo e deslumbramento de integrantes do governo brasileiro. Soa como paixão por coisas hollywoodianas.

A lamentável declaração de Eduardo Bolsonaro sobre imigrantes brasileiros em situação de ilegalidade também é prova do “complexo de vira-latas”. Ele considerou a ilegalidade uma “vergonha”.

O filho do presidente estabeleceu relação próxima com Steve Bannon, descartado até por Trump, e com o escritor Olavo de Carvalho.

Num jantar com Bannon e Carvalho, houve um festival de besteiras.

O presidente da República disse que o Brasil caminhava para o socialismo, para o comunismo. É mentira. Também é grave que um presidente tenha entendimento tão fora da realidade sobre o país que governa.

Bolsonaro não coloca foco nas questões de interesse nacional, como a reforma da Previdência. Está mais preocupado em participar de um jantar com um escritor de extrema-direita que ofendeu com palavrões o vice-presidente, Hamilton Mourão, e militares que participam do governo.

Que sinal Bolsonaro transmite com essa alfinetada nos militares?

O sinal de um governo dividido, de baixo nível intelectual e diplomático. Nelson Rodrigues é perfeito para a atual situação. Um visionário, digamos assim.

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Comentários

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Zé Maria

https://twitter.com/i/status/1108479550575525890

Deputado Glauber Braga (PSoL=RJ)
Fuzila Dudu PIntinho na Câmara:

Glauber: “Só faltou Bolsonaro ter pedido
autógrafo pra Donald Trump na visita que fez”
Eduardo Bolsonaro: “eu pedi”.
Glauber: “você tem o direito de ser solidário
para que o seu pai não se ajoelhe sozinho.”

https://twitter.com/Glauber_Braga/status/1108378617522851840

“Nunca vi tanto CAPACHISMO como o de
@jairbolsonaro em relação ao Trump !”

“Está querendo deixar o Brasil de Joelhos”

https://twitter.com/Glauber_Braga/status/1107777636758179842

Zé Maria

A Insignificância do Adulador.
.
Repórter da BBC Brasil informa:

“Trump tuitou 11 vezes no dia de hoje.
Em momento nenhum mencionou
seu encontro com Bolsonaro”

https://twitter.com/andreshalders/status/1108113568761872385

Zé Maria

O (des)governo Bolsonaro é uma Tragicomédia.
Parece até uma mistura de estórias em quadrinhos,
tipo Recruta Zero, Coiote e Bip-Bip, Pateta, Pluto,
Frajola, Patolino e Sobrinhos do Capitão…

lulipe

O mito ainda vai “matar” muito jornalista esquerdopata do coração!!!

Julio Cesar

Mas Bolsonaro não deve ter engando ninguem, sempre foi isso aí.
Só se admite surpresa, mas surpresa mesmo, para muitos que se dizem nacionalistas patriotas (menos para mim que sempre percebi o viés lacaio da sua elite), é saber que o Brasil está completamente desguarnecido de sentimento civico e moral nas suas Forças Armadas, orfão mesmo. Hoje evidencia-se que debaixo de retoricas civicas para impetrar golpes, sempre tivemos uma força de ocupação para estabelecer doutrinas culturais contra o povo, enquanto guardam o territorio nacional e seus tesouros para o país que deveria ser entendido como adversario natural, os States, mas que revelam seus senhores de fato

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/D2DyA2tWsAA9GUu.jpg
#ACulpaNãoéMinhaEuVoteiNoHaddad

Zé Maria

Depois de afirmar que os imigrantes são mal-intencionados,
Jair Bolsonaro voltou atrás e disse ‘que foi um equívoco’.
Os eleitores do Mito acharam o mesmo do voto deles…

Da série: #EuAvisei

    Zé Maria

    “Foi uma vergonha para o Itamaraty.
    Assim um embaixador definiu a sua avaliação sobre a decisão
    do presidente Jair Bolsonaro de levar o filho Eduardo Bolsonaro
    para o encontro com o presidente Trump.
    De novo é algo que encolhe o Brasil.
    Não faz qualquer sentido.
    Se o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo,
    tivesse alguma fibra pediria para sair”.

    Jornalista Miriam Leitão, no Jornal O Globo (19/03/2019)

Zé Maria

https://www.viomundo.com.br/wp-content/uploads/2019/03/whatsapp-image-2019-03-19-at-13.50.30.jpeg

Diz tudo sobre Bolsonaro a Charge
“braZil Capacho” do Jota Camelo

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